60 anos da Copercana: A transformação de coragem e seriedade em força

15/02/2023 Copercana 60 anos - Nossa História é tudo de bom! POR: Redação

Introdução

Em razão das comemorações dos 60 anos da Copercana, a equipe do Departamento de Comunicação, Marketing e Eventos está produzindo, em formato de um livro-reportagem, o resgate histórico de toda a trajetória da cooperativa. O conteúdo será reunido na edição de um livro que será lançado em 2023 ao longo das comemorações dos 60 anos da Copercana, contudo, mediante a importância para a história do cooperativismo e do agro nacional, e ao simples fato de que ações bem-sucedidas precisam ser propagadas, ele também será publicado, na íntegra, nas páginas da Revista Canavieiros, sendo entregue em mais de 25 mil endereços. Essa edição traz o primeiro capítulo que narra de uma maneira ampla a saga que levou a Copercana a ser referência em suas diversas áreas de atuação e um ator fundamental para o desenvolvimento da canavicultura e do cooperativismo no interior paulista e triângulo mineiro.

Capítulo 1: Uma história de destemidos

A Copercana nasceu a partir da evolução da Canaoeste, associação fundada em 1945 para unir os produtores de cana de Sertãozinho, com o objetivo de criar representatividade frente às diversas melhorias que a atividade necessitava.
“Fundamos a Canaoeste para juntos adquirirmos força. Começamos a trabalhar em prol dos nossos objetivos e as coisas começaram a melhorar para os agricultores de cana-de-açúcar”, disse Eugênio Mazzer (in memoriam), um dos fundadores da associação, numa entrevista concedida em 2005, época em que foi escrito o livro em comemoração aos 60 anos da associação.
Em dez anos, a associação foi ganhando tanta representatividade que passou a atrair produtores de cidades vizinhas, o que a levou a alterar sua razão social para “Associação Regional dos Fornecedores e Lavradores de Cana” e viabilizou o início das atividades do Hospital dos Fornecedores, como era conhecido o Hospital Netto Campello, construído para prestar serviços na área de saúde aos associados.
“Foi com muita luta que conseguimos construir o hospital, quase não tínhamos recursos. Mas aos poucos fomos vencendo as dificuldades e conseguimos terminar as obras”, lembrou Mazzer, que na ocasião da entrevista era o único fundador vivo.
O desenvolvimento, tanto da Canaoeste como da cana-de-açúcar na região de Sertãozinho, bem como um dispositivo que dividia o recurso recolhido pelo IAA (Instituto do Açúcar e Álcool), órgão do governo que regulava o setor na época, taxa referente a venda da cana pelos fornecedores às usinas, foi fundamental para a estruturação de uma cooperativa a qual, através da reunião dos produtores, fosse possível realizar melhores compras de artigos necessários para suas lavouras e receber (padronizando, armazenando e comercializando) o resultado de suas produções.
“Dependíamos de uma cooperativa cuja sede era em Piracicaba para o fornecimento de tudo que precisávamos na lavoura, chegava muito pouco adubo, defensivos, e até mesmo ferramentas perante a nossa necessidade, assim decidimos fundar uma cooperativa”, disse um dos fundadores da Copercana, Antonio Wilson Lovato.
Assim, em 19 de maio de 1963 nascia a “Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo”, numa reunião que contou com 99 produtores, que deliberaram sobre a montagem da primeira versão do estatuto e a composição da primeira diretoria, formada da seguinte maneira: diretor-presidente – Silvio Borsari, diretor-gerente – Oswaldo Ortolan, e diretor-secretário – Pedro Strini.

Como conselheiros de turno foram escolhidos Olímpio Lopes da Silva e Tetsuo Otsuka, enquanto os primeiros conselheiros fiscais foram Manoel Antonio de Carvalho, Welcy Barbosa Machado e Carlos Guidi, ficando como suplentes: Antonio Maximiano Junqueira, Gabriel José Pinto e Rubens Antonio Bighetti.
“Antes da fundação, lembro-me da dificuldade para convencer muitos produtores das vantagens da formação da cooperativa, na primeira reunião, sobraram apenas sete. As pessoas tinham medo, pois ao se cooperar precisavam assumir um termo de responsabilidade, mas com muito trabalho fomos mostrando que os benefícios eram maiores que os riscos, até porque o recurso recolhido pelo IAA da nossa cana, ou seja, um dinheiro nosso que ia deixar de ser enviado para Piracicaba e passaria a vir para Sertãozinho. Assim conseguimos um bom número de adesão para a realização da primeira assembleia, a qual marcou o nascimento da Copercana”, explicou Lovato.
Como destaque do estatuto inaugural, havia os municípios de abrangência da cooperativa (Sertãozinho, Bebedouro, Cravinhos, Guariba, Jaboticabal, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Ribeirão Preto, Santa Rosa de Viterbo, Serrana, São Simão, Severínia, Jardinópolis, Serra Azul, Morro Agudo, Viradouro, Altinópolis e Brodowski) e a regulamentação de como iriam funcionar as seções, conhecidas hoje como áreas de negócios.
A de “compras em comum” foi dividida, segundo o livro de atas da cooperativa, em cinco itens:

a) instalar um armazém cooperativo para fornecimento exclusivo aos associados de máquinas, instrumentos agrícolas, sementes, adubos, inseticidas, produtos veterinários e artigos de uso pessoal, etc;
b) comprar, por conta de seus associados, o material que estes carecerem para seus serviços agrícolas por solicitação especial e mediante cobrança de módica percentagem previamente estipulada;
c) fornecer aos associados, por aluguel que não exceda ao custo diário de amortização respectiva, as máquinas agrárias àquele fim destinadas, com a responsabilidade dos menores danos verificados;
d) encarregar-se da aquisição de variedades de cana nas estações experimentais para distribuição aos associados.

Já o departamento de padronização e vendas de produção foi organizado da seguinte maneira:

a) receber a produção de cana dos seus associados, promover sua padronização, colocando-a diretamente nos mercados consumidores;
b) organizar o transporte da produção dos associados, podendo manter o serviço de condução dos produtos até os centros ferroviários ou mercados consumidores;
c) adotar marca de comércio devidamente registrada e um método de classificação destinada a permitir que cada associado receba pelo seu produto com o preço conforme a qualidade;
d) proporcionar a seus associados assistência técnica, destinada a aumentar e melhorar a produção e combater pragas comuns à cultura de cana e outras;
e) fazer, de acordo com as possibilidades, adiantamento sobre os produtos entregues à sociedade, na base que for estabelecida pelo conselho de administração.

Além das questões envolvendo os “negócios” dos cooperados, desde os primórdios a Copercana já se preocupava com a melhora da condição de vida dos mesmos, como pode ser notado no seguinte trecho do estatuto: “Artigo 15: A sociedade se propõe ainda a promover e fazer executar outros trabalhos ou serviços de interesse dos associados, como: a) melhorar as condições de trabalho e de vida dos associados e suas famílias e empregados, concorrendo para o saneamento e higiene das zonas por eles habitadas e promovendo a sua instrução primária e técnica; b) proteger e assegurar o êxito do sistema cooperativista, para produção, consumo e crédito”.

Primeira década, a cooperativa começa a ganhar corpo

Com a ajuda do fato da Canaoeste já ter um corpo de associados consolidado, quando ela foi fundada, a associação estava prestes a comemorar o seu 18º aniversário, o crescimento no número de cooperados foi forte desde o início, na ocasião da reunião de sua fundação, 99 produtores se cooperaram. Ao completar um ano, esse número já havia chegado a 158. Nos doze primeiros meses, o foco foi conseguir todos os registros legais para liberar o repasse de 1% da taxa recolhida pelo IAA da cana entregue nas seguintes unidades industriais: Albertina (Sertãozinho); Amália (Santa Rosa de Viterbo); Barbacena (Pontal); Bela Vista (Pontal); Da Pedra (Serrana); Guarani (Severínia); Martinópolis (Serrana); Nossa Senhora Aparecida (Pontal); Perdigão (Ribeirão Preto); Santa Clara (Jaboticabal); Santa Elisa (Sertãozinho); Santa Lydia (Ribeirão Preto); Santo Antônio (Sertãozinho); São Francisco (Sertãozinho); São Geraldo (Sertãozinho); São Vicente (Pitangueiras) e Schimidt (Pontal). Mesmo sem os importantes recursos, as operações comerciais começavam a se desenvolver com a oferta de materiais indispensáveis para o agricultor tocar a lavoura, como adubo, óleos, combustíveis, pneus, máquinas e implementos. Para fechar os fatos importantes do primeiro ano de vida da cooperativa, toda a diretoria acabou sendo trocada em decorrência da desistência, por motivos diversos, dos titulares dos cargos, assim o diretor-presidente passou a ser Arlindo Antonio Sicchieri; o diretor-gerente, Welcy Barbosa Machado; e o secretário, Pedro Ferreira dos Reis. O ano de 1965 marca a aquisição do primeiro imóvel da cooperativa, quando compra da Canaoeste, por Cr$ 3,6 milhões de cruzeiros, um terreno de 1.672 m2, ao lado da associação, localizado na esquina da Rua Dr. Pio Dufles com a antiga Itatiaia, hoje Josélia Ida Saran Sverzut, onde atualmente funciona a Loja de Ferragens e Magazine (no térreo) e o Departamento de Compras do Varejo (primeiro-andar).

Nele também houve uma troca na diretoria, saindo Welcy Barbosa Machado da função de diretor-gerente, que era o responsável pela gestão da cooperativa. Para seu lugar foi escolhido Rubens Antonio Bighetti.1966, quando o quadro de cooperados era formado por 262 produtores ao final do período anterior, está marcado na história da Copercana porque o seu primeiro novo cadastro, matrícula 318, foi de Fernandes dos Reis, produtor de Pontal e uma das maiores lideranças nos 60 anos da cooperativa, onde no dia 27 de março viria assumir o seu primeiro cargo, como suplente do conselho fiscal. No mesmo ano foram adquiridos os dois terrenos na antiga Rua Tocantins (atual Augusto Zanini) fechando o segundo lado do quarteirão e local onde mais tarde seria construído o prédio administrativo da matriz, inaugurado na década de 80. Em 1967, a Copercana inaugura sua primeira loja da atual Rede de Ferragens e Magazine, em Pontal, para atender o número crescente de cooperados do município que já era bastante expressivo. Antes do seu quinto aniversário, dois assuntos importantes movimentaram a cooperativa. O primeiro era sobre a fundação de uma cooperativa de crédito, início das conversas que resultaria, em 1969, no nascimento da Cocred, atualmente uma das maiores do Brasil em seu segmento. O segundo era uma demanda do corpo de cooperados, que em 19 de maio de 1968 era superior a 400 produtores, pela construção de um depósito de adubos e um armazém para a produção de cereais, coincidência ou não, duas prioridades que a Copercana investe até hoje (Departamento de Insumos e Unidade de Grãos). Poucos podiam prever, mas os primeiros meses daquele ano foram fundamentais em sua história de grandes conquistas, isso porque no dia 03 de março de 1968, numa assembleia que contou com a presença de quase 300 cooperados, mais que a metade da época, Fernandes dos Reis foi aclamado diretor-presidente. Em 29/04/1968, Antonio Eduardo Tonielo entrava para o quadro de cooperados, ou seja, antes de completar cinco anos de sua fundação, a Copercana já sabia o seu caminho e já tinha seus dois principais guias para atingir a prosperidade em que se encontra ao completar seus 60 anos.

Tendo como primeiro trabalho a reforma integral do estatuto e com isso poder, mediante aprovação da assembleia, hipotecar imóveis para compras mais volumosas de insumos, como diz o texto da ata de 05 de setembro de 1971: “Com a palavra o Sr. Presidente, que explicou aos presentes a necessidade de tal autorização, esclarecendo que ela deveria ser dada, pois o financiamento a ser firmado com o referido estabelecimento era muito importante para os senhores cooperados, uma vez que sendo os insumos adquiridos através da cooperativa, ela poderia exercer uma fiscalização rigorosa sobre a qualidade do mesmo, além de que, em face do volume da transação, conseguiria preço bem melhor, principalmente porque seria pago à vista com o produto da operação bancária a ser concretizada”. Em 1972, Antonio Eduardo Tonielo assume o cargo de diretor-gerente, fechando a primeira década de vida da cooperativa com mais de 650 associados.

Prosperidade é saber o caminho e ter bons guias

1974 é o ano que nasce oficialmente a marca Copercana, identificada como abreviatura para a sua razão social. Também é adquirida a área fabril da Adubos Bueno S/A, hoje prédio localizado na Rua Washington Luiz (Sertãozinho), ao lado da estação da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, num empreendimento cujo objetivo era a fabricação do fertilizante demandado pelos produtores. No mesmo ano, em contrato com o IAA, foi possível fazer a primeira captação de recursos para financiamento de caminhões, carregadeiras, tratores e motoniveladoras, uma forte demanda dos agricultores. Para se ter ideia, o valor da negociação girou em torno de Cr$ 25 milhões, duas vezes e meia maior que o montante captado para financiar a aquisição de insumos.

Fator marcante para a história da canavicultura brasileira, como explica o atual presidente do Conselho de Administração, Antonio Eduardo Tonielo: “O Fernandes dos Reis conseguiu do IAA esse financiamento, a diretoria tem seus méritos, mas o principal deles foi o Fernando que tinha um relacionamento muito bom lá dentro.
Nós fizemos uma captação muito grande, que foi suficiente para liberar recursos para toda a região, tem hora que faço umas contas de cabeça e calculo cerca de 500 caminhões, mais 500 tratores e uns dois mil implementos e, em seguida, conseguimos mais capital destinado para o produtor construir seu capital de giro.
Esse dinheiro veio porque o IAA ficava com todo açúcar que as usinas exportavam, então naquele ano, houve uma forte valorização nos preços internacionais, eles venderam o açúcar a mil dólares a tonelada e compraram das usinas por cerca de 300 dólares (para se ter uma ideia, a tonelada de açúcar vale hoje 500 reais, ou seja, o valor daquele tempo daria 5,5 mil reais).
Mediante esse resultado houve muito recurso disponível que também foi destinado para a reforma de usinas e até mesmo subsidiar açúcar para o mercado interno. Assim conseguimos o montante para o pessoal adquirir as máquinas e equipamentos e ainda formar um capital de giro. Essa foi uma oportunidade para muita gente crescer, mas nem todos aproveitaram o momento. Acredito que pela Copercana, tivemos dois diferenciais importantes, o primeiro foi evitar a inadimplência, porque para liberar o crédito pegávamos como garantia as propriedades rurais, e com isso todo mundo pagou a conta. Depois que os financiamentos foram quitados, conseguimos trabalhar junto ao IAA jogando o vencimento da cooperativa para cinco anos para frente, o que deu um embalo ao seu desenvolvimento.
O segundo ponto foi a coragem, porque para pegar o recurso nós, da diretoria, tivemos que avalizar, e algumas cooperativas não pegaram o dinheiro por medo e falta de visão de seus diretores”.

Dentre as ações pioneiras desse momento positivo que “embalou” a Copercana, estavam as que tinham como objetivo a melhora da qualidade dos canaviais, como a implantação do laboratório de solos e produtos químicos, o uso e apoio ao desenvolvimento de mudas previamente analisadas e melhoradas geneticamente e, na unidade adquirida no ano anterior, foi iniciado o projeto de construção de uma unidade de acabamento de insumos.
Mas se engana quem acha que a dupla Reis e Tonielo só observava os grandes feitos. “Certa vez perguntei para um produtor porque ele não era cooperado da Copercana e ele respondeu que não cultivava cana. Percebendo que essa restrição deixava um grande número de agricultores de fora, nos reunimos e conseguimos fazer a mudança no estatuto para que todos, não importava a cultura e até mesmo arrendatários, desde que tivessem alguma ligação com a área rural, poderiam fazer parte do corpo da cooperativa. Foi uma pequena mudança que mexeu significativamente no número de cooperados e consequentemente no crescimento dos negócios”, lembra Tonielo.
Em 1976, Décio Rosa assume a função de diretor-secretário, completando o trio que comandaria a cooperativa até o final do século. A necessidade de união entre as cooperativas era um assunto tão latente, que ela ingressou na Cooperativa Central dos Plantadores de Cana do Brasil, entidade criada para conseguir representatividade política tanto para os assuntos ligados à cultura canavieira, como no atendimento das demandas legais e políticas do cooperativismo agropecuário.
E a prosperidade não parava. Em novembro de 1977, com menos de quinze anos, foi ultrapassada a casa dos mil cooperados ativos e, em 1979, nascia a Unidade de Grãos. Antes de completar os 20 anos, ainda foram inauguradas as lojas de Sertãozinho (1981), Serrana e Pitangueiras (1982) tudo para atender os 1.890 cooperados que já se espalhavam por toda região.
Ainda na década de 80 foi aberta uma loja em Cravinhos (1984), aquisição da Fazenda Santa Rita (1985), local que seria instalado um viveiro de cana e a execução do tratamento térmico das gemas destinadas ao plantio na reforma dos canaviais, construção do primeiro silo de grãos na Uname I em 1988, mesmo ano que é iniciada a operação de combustíveis com a inauguração do primeiro posto, localizado em Sertãozinho, na esquina das ruas Augusto Zaninin com a Dr. Pio Dufles (onde hoje é o Departamento de Insumos do prédio da matriz). E o crescimento continuava exponencial, com a cooperativa fechando o ano de 1989 com cerca de 2,5 mil cooperados, mais que dobrando o número em dez anos.
Os anos 90 marcam a entrada da cooperativa no segmento supermercadista com a inauguração das lojas em Pitangueiras (1994) e Sertãozinho (1998), além da chegada à Severínia (1995) e a inauguração de mais um posto, em Pontal (1999).

O século passado se põe cinza e o novo nasce ainda mais forte

A Copercana entrava no último ano do século passado voando, com mais de três mil cooperados era impossível imaginar que alguma coisa poderia atrapalhar o promissor futuro que se desenhava para ela nos anos 2000. Até que no dia 25/02/1999 a engrenagem teve que parar e se silenciar em luto pelo falecimento do seu principal maquinista, Fernandes dos Reis.

A forma repentina deixou todos perplexos e com a seguinte dúvida na mente: Como uma liderança forte, habilidosa, respeitável, indestrutível poderia deixar a cana-de-açúcar, o cooperativismo, a atividade agropecuária, assim? Sentimento esse refletido na homenagem que a Copercana, Canaoeste e Cocred manifestaram, através da imprensa local, com o seguinte texto:

“O SETOR AGRÍCOLA PERDE UM DOS SEUS GRANDES LÍDERES
São raras as pessoas que fazem história como grandes líderes. Estas pessoas são predestinadas e demonstram sempre a grandeza de espírito pelas suas lutas em defesa dos ideais de uma causa.
FERNANDES DOS REIS é uma dessas pessoas, por sua firme convicção e luta em prol dos ideais cooperativista e associativista.
Com destemor, serenidade e sabedoria de grande líder muito fez pela nossa agricultura brasileira, em especial pelo setor canavieiro.
Companheiro leal e generoso nos deixa ensinamentos de vida, de bravura, perseverança, dignidade e muitas saudades, para desfrutar do descanso celestial.
QUE DESCANSE EM PAZ!”

E a lembrança de seu trabalho está viva até hoje na memória dos produtores: “O Fernandão era um grande líder do produtor de cana, ele representava nossos interesses perante as usinas, o IAA, trazia recursos para a compra de insumos”, disse o produtor rural aposentado, que se cooperou na primeira assembleia da Copercana ao lado do pai, Remualdo Dandaro.

No entanto, a Copercana, mesmo com todos os colaboradores, cooperados e fornecedores sentidos pela perda de seu presidente nos últimos 30 anos, não foi impactada em sua administração. Além de grande gestor, Fernandes dos Reis era um homem visionário e não foi por acaso que trouxe para o lado dele um parceiro com o talento parecido, o seu grande companheiro das maiores conquistas da cooperativa no século que se encerrava, Antonio Eduardo Tonielo, estava pronto para assumir o comando no mesmo nível, colocar as engrenagens para voltar a funcionar e seguir viagem.
Os primeiros cinco anos do novo século foram marcados pela inauguração de mais dois supermercados (Serrana e Pontal), mais um posto de gasolina (Pitangueiras) e pela chegada da cooperativa ao Triângulo Mineiro com a inauguração da primeira filial em Uberaba, em 2002, mesmo ano que Manoel Carlos de Azevedo Ortolan passa a integrar o corpo de diretores.
Na segunda metade da década, o ritmo cresceu ainda mais com a ampliação da presença em Minas Gerais, através da inauguração das lojas de Campo Florido e Frutal, em 2007, e no ano seguinte a cooperativa avança pela rodovia Anhanguera (sentido Capital) com a incorporação da Coopervam (Cooperativa Agropecuária do Vale do Mogi-Guaçu), o que ampliou a rede para os municípios de Descalvado, Porto Ferreira, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Rita do Passa Quatro e Santa Rosa de Viterbo, agregando um corpo superior a 1,1 mil cooperados responsáveis por uma produção por volta de dez milhões de toneladas de cana (na época).

Assim, os primeiros dez anos dos anos 2000 trouxeram uma forte robustez percebida por números expressivos como os cerca de mil colaboradores, seis mil cooperados e faturamento acima dos R$ 500,00 milhões.

Quem não quer completar 60 anos com essa força?

A maior mensagem desse resgate histórico é eternizar como uma organização cooperativista conseguiu alcançar os 60 anos de vida no seu auge e com perspectivas claras de crescimento onde é impossível se enxergar o limite. “Eu não pensava que a cooperativa chegasse aos seus sessenta anos do tamanho que está, mas na verdade acredito que você não tem que ficar pensando nesse tipo de coisa, é preciso ter coragem para enfrentar e superar os compromissos, os negócios que vão surgindo. Sabíamos que tínhamos potencial para crescer e desenvolver uma gestão baseada na seriedade, através do cumprimento integral das obrigações fiscais, do pagamento de funcionário e fornecedores em dia e, principalmente, com o desenvolvimento de um sistema forte para coibir a inadimplência, conseguimos evitar uma enormidade de problemas que poderiam trazer risco para a cooperativa”, disse Toninho Tonielo, que ainda resumiu o seu ponto de vista numa frase curta e direta, característica marcante de sua forma de liderar: “O ponto é que você tem que acreditar e trabalhar duro para que seu objetivo aconteça”.

E como o trabalho foi duro para a grande expansão da década passada, a maior da história da cooperativa! Até janeiro de 2023, das 53 filiais da Copercana, 22 abriram suas portas no período. Confira a lista:

2010 – Centro de Distribuição de Sertãozinho
2010 – Unidade de Grãos de Herculândia
2011 – Morro Agudo (Loja e Departamento de Insumos)
2011 – Ituverava (Loja e Departamento de Insumos)
2012 – Auto Center (Sertãozinho)
2012 – Jaboticabal (Loja e Departamento de Insumos)
2013 – Centro de Eventos
2014 – Paulo de Faria (Loja e Departamento de Insumos)
2014 – Posto de Jaboticabal
2014 – Barretos (Loja e Departamento de Insumos)
2014 – Batatais (Loja e Departamento de Insumos)
2015 – Guaíra (Loja e Departamento de Insumos)
2015 – Jaboticabal (Loja e Departamento de Insumos)
2015 – Guará (Loja e Departamento de Insumos)
2017 – Posto de Santa Rosa de Viterbo
2018 – Posto de Monte Alto
2018 – Posto de Ribeirão Preto
2018 – Supermercado de Sertãozinho (Unidade II)
2018 – Posto de Sertãozinho (Unidade II)
2019 – Unidade de Grãos de Guaíra
2019 – Monte Alto (Loja e Departamento de Insumos)
2019 – Unidade de Grãos de Sertãozinho II

É valido ressaltar que além da grande expansão, a cooperativa colocou em prática um audacioso plano que consiste até hoje na reforma das lojas e ampliação de sua capacidade de estocagem de insumos, necessidade fundamental de seus cooperados na ampliação dos armazéns anexos às filiais e a construção de quatro centros de distribuição, um principal, localizado em Sertãozinho e outros três regionais, em Uberaba, Descalvado e Guaíra. Na área de grãos, desde 2019 a cooperativa investe no aumento de sua capacidade de recebimento, secagem e estocagem de soja. Na de amendoim o processo de evolução da infraestrutura é o grande foco da cooperativa atualmente com a criação de todo o processo de fabricação e tratamento de sementes e a finalização da unidade de processamento na Unigrãos III (antiga Usina Albertina, localizada em Cruz das Posses), referência em tecnologia para toda América Latina.
Todo esse crescimento não poderia ter acontecido sem que a gestão também evoluísse, e o maior marco é a mudança na configuração da diretoria da Copercana que aconteceu em 2018, na qual foi criada uma diretoria executiva com quatro membros responsáveis pela administração da organização e supervisionada por um conselho de administração, como explica Tonielo. “Aqui na cooperativa faz mais de vinte anos que não tem eleição, o cooperado é diferente de um eleitor, ele sabe o que é bom para a instituição. Isso eu acho muito importante para qualquer entidade, pois quando começa a ter divisão, não é bom. Nós precisamos ter um conselho com pessoas de credibilidade para que ele possa acompanhar o desempenho da diretoria. Eu acredito que quando aparece alguém com potencial, o ideal é colocar ele no meio para desempenhar o papel de conselheiro ou de diretor e não criar rivalidade ao ponto de ele formar uma chapa de oposição.
Por isso que o modelo que hoje está na Copercana, na minha visão, é o ideal, pois se os diretores não tiverem indo bem, o conselho pode tirar qualquer um e colocar qualquer outro, por isso é importante eleger o conselho e ele monta a diretoria”.
Antes de se transferir da diretoria-executiva para o conselho, Toninho Tonielo deu mais uma tacada de mestre ao empreender na “Distribuidora de Combustíveis da Copercana”, negócio que hoje responde por mais de um terço do faturamento consolidado da cooperativa.
Nessa configuração, a primeira diretoria executiva foi formada por: Manoel Carlos de Azevedo Ortolan (diretor presidente executivo), Giovanni Bartoletti Rossanez (diretor financeiro), Francisco Cesar Urenha (diretor administrativo) e Marcio Fernando Meloni (diretor comercial). Enquanto que o Conselho de Administração foi composto pelos seguintes cooperados: Antonio Eduardo Tonielo, João Nilson Magro, Luiz Alberto Consoli, Paulo Cesar Canesin, Fernando dos Reis Filho e Celso Luiz Deliberto.
Com o falecimento de Manoel Ortolan, em 11 de junho de 2019, o conselho decidiu por uma reconfiguração da diretoria passando Francisco Cesar Urenha como diretor-presidente executivo, Giovanni Bartoletti Rossanez como diretor financeiro e administrativo, Marcio Fernando Meloni como diretor comercial varejo e a entrada de Augusto Cesar Strini Paixão na recém-criada diretoria comercial agrícola.

Dessa forma, séria e rígida, como tem que ser tratada uma lavoura de cana-de-açúcar, a Copercana chega aos seus 60 anos com um faturamento aproximado consolidado de R$ 4,6 bilhões, mais de 30% de crescimento em relação ao período anterior, quem gostaria de chegar nessa idade com essa musculatura? Como pode ser percebida na visão do atual diretor-presidente executivo, Francisco Cesar Urenha.
“Embora o que aconteça de modo externo, sempre vamos ter questões geopolíticas e climáticas que possam afetar a atividade dos nossos cooperados e com isso nos atingir também, a Copercana vai continuar trabalhando pensando adiante e vai superar, como sempre fez, as dificuldades que aparecerem.
Uma marca em toda a história da cooperativa é ser sólida e estável, com o mesmo perfil conservador que deu muito certo até hoje, porém vamos continuar nosso planejamento estratégico que aponta para mantermos nossa franca expansão, vamos continuar na mesma cadência”.