CAVALO DE PAU RESOLVE? – “Essa correria por produzir e mudar o rumo só vendo o preço precisa acabar, é preciso ser fiel ao planejamento, não apenas de manejo, mas um plano de negócio que inclui a aplicação de um bom conhecimento de mercado” – Augusto Cesar Strini Paixão, diretor comercial agrícola da Copercana
Mediante os baixos preços da soja, o que se viu nesse ciclo foram muitos produtores de grãos investirem na cultura do amendoim, movimento que Augusto Paixão, diretor comercial da Copercana, aponta como um exemplo da falta de planejamento.
“O mercado de amendoim é ainda mais complexo, isso porque ele é mais restrito, e estamos com uma previsão de produção muito alta na Índia, na Argentina então é fato que os preços tendem a baixar.
O produtor precisa aprender a fazer uma leitura do mercado global para definir sua estratégia, não adianta entrar de sola na cultura nessa safra porque o preço do ano passado foi muito bom, o mercado do amendoim é muito pequeno, o consumo mundial é de 52 milhões de toneladas, aí o Brasil aumenta sua produção em um ano em 500 mil toneladas, a Argentina em 700 mil. A Índia está forte no mercado com preço e vantagens logísticas mais atrativas que o Brasil.
O consumo mundial de amendoim cresce numa faixa de 2% ao ano, aí pega no atual ciclo o Mato Grosso crescendo 50%, o Brasil crescendo 10%, aí o mundo cresce 3%, a conta não fecha e o preço cai.
Se formos pensar no mercado de óleo é mais complexo ainda, pois o amendoim concorre, por exemplo, com o óleo de palma muito produzido nos países asiáticos, e o consumo também tem um crescimento global baixo. Tem gente fazendo farelo de amendoim para dar para o gado, isso não é abrir mais um mercado lucrativo, mas aumentar a desvalorização do óleo, produto que representa 33% da cadeia do agronegócio do amendoim.
Tudo isso é conseqüência da falta de estratégia, falta de conhecimento do mercado. O produtor brasileiro precisa parar de seguir apenas os preços, essas migrações em massa de cultura trazem consequências negativas que vão além do valor da produção, pois aumenta o arrendamento, o preço das máquinas, dentre outros itens da relação de custo que pouco oscilariam se o ritmo fosse cadenciado.
A Copercana mantém o crescimento conforme o seu planejamento, que é feito sempre observando diversos detalhes do mercado global e com isso mantemos nosso controle e rastreabilidade da produção dos cooperados participantes do projeto, o que eleva a qualidade e a fidelização dos melhores mercados de amendoim do mundo que é a União Europeia e o Japão.
E devem ser esses mercados que vão remunerar mais, muito pela ajuda do dólar, pois o preço também caiu, no ano passado vendíamos por US$ 1,8 mil a tonelada, neste ano as negociações já estão na média de US$ 1,6 mil. São 200 dólares a menos, que convertendo para o real e para a saca, dão algo em torno 15 reais a menos na saca, se ano passado foi R$ 100,00, agora é R$ 85,00.
No mercado interno, a tendência é muito pior, isso porque nem todo mundo tem condições de exportar, principalmente aos mercados mais exigentes, e para agravar tem a questão da Rússia, que trocou o Brasil pela Argentina, um grande destino de escoamento da produção que vai levar um tempo para reconquistarmos. Nisso, grande parte do amendoim produzido vai ficar no Brasil, o que derrubará os preços.
Nesse momento se torna evidente a importância de o produtor fazer parte de um projeto sério como o da Copercana, pois como trabalhamos em todas as fases da cadeia, estamos um pouco mais protegidos.
Essa correria por produzir e mudar o rumo só vendo o preço precisa acabar, é preciso ser fiel ao planejamento, não apenas de manejo, mas um plano de negócio que inclui a aplicação de um bom conhecimento de mercado”.