Biocoalizão unificará pautas em comum através de sinergia já existente
Biodiesel, etanol, biogás e bioquerosene são os integrantes principais da Biocoalizão, lançada no dia 04 de junho durante o webinar "Integração entre biocombustíveis: estratégias para superar a crise", promovido pela Ubrabio, Unica, Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético e Frente Parlamentar do Biodiesel.
A Biocoalizão é uma integração entre os biocombustíveis citados e visa unificar pautas em comum, além de mostrar para a sociedade como os biocombustíveis favorecem o desenvolvimento econômico e melhoram a qualidade do ar, trazendo maior qualidade de vida para a população.
Realizada durante a Semana do Meio Ambiente, a ação pode ser vista como um marco histórico e contou com a participação de José Gutman, diretor-geral da ANP; Plínio Nastari, diretor da Datagro e conselheiro do CNPE; o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético); o deputado Jerônimo Goergen (PP/RS), presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel; o deputado Fernando Coelho Filho (DEM/PE), membro das frentes parlamentares do Biodiesel e pela Valorização do Setor Sucroenergético); o deputado Enrico Misasi (PV/SP), coordenador-geral da Frente Parlamentar do Biodiesel; Juan Diego Ferrés, presidente da Ubrabio; Evandro Gussi, presidente da Unica; André Rocha presidente do Fórum Nacional Sucroenergético; Renato Cunha, da Novabio; Alessandro Gardemann, da ABiogás; Antonio Cesar Salibe, diretor executivo da Udop; Alexandre Alonso, da Embrapa Agroenergia; Miguel Ivan Lacerda, do MME; Márcio Félix, da EnP Energy Platform; Amanda Gondim, da RBQAV, e Flávio Castellari, do Apla.
Nastari comentou que são muito apropriados a discussão e o esforço para a união das entidades representativas de apoio aos biocombustíveis "A bioenergia, que compreende os biocombustíveis e a bioeletricidade, representa a energia negligenciada no mundo. É negligenciada porque sendo a sua produção de origem agrícola, ela sofre barreiras comerciais e conceituais em vários mercados e porque alguns acreditam que competem com combustíveis tradicionais ao invés de complementar. Os biocombustíveis representam mais do que energia, mas o desenvolvimento econômico descentralizado com geração de renda e emprego", destacou.
Em sua visão, o esforço em unir o etanol de cana e de milho, o biodiesel e o biogás, é salutar para que a mensagem correta seja transmitida para a sociedade e para os parlamentares, que são os representantes da sociedade no Congresso, para que as políticas, a compreensão e a valorização da importância dos biocombustíveis sejam corretamente atingidas.
"Estamos com os biocombustíveis na dianteira da tecnologia moderna de energia para transportes. Energia que resolve o problema ambiental, tem eficiência energética, ganhos à saúde. Quem ganhará com isso será a sociedade, o consumidor que se beneficiará não só com a energia limpa, mas com o desenvolvimento e a promoção à saúde", elencou Nastari.
Gutman lembrou que o Brasil se comprometeu, no Acordo de Paris, em reduzir as emissões dos gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005 até 2025. Para 2030, a previsão é de uma diminuição de 43%. Além disso, a participação de bioenergia sustentável em sua matriz energética deverá ser de 18% até 2030. "A era da bioenergia irá demandar investimentos para aumentar a oferta de biodiesel, etanol, biometano, bioquerosene de aviação e diesel verde", disse.
Vale lembrar que os projetos de biometano apresentam tendência de crescimento e um exemplo disso é que há uma planta autorizada pela ANP, em Fortaleza, com capacidade para produzir 110 mil m2/dia. Os projetos de biometano têm elevada sinergia com o setor de etanol ao usar, como matérias-primas, a torta de filtro e a vinhaça para gerarem o biogás, que depois pode ser purificado e transformado em biometano, possuindo as mesmas aplicações do gás natural.
"Temos dificuldade de exportar biocombustível para o resto do mundo por questões de logística e de mercado. Talvez, a melhor solução agora seja aumentar ou promover o uso dos biocombustíveis como uma ação anticíclica. Em toda a crise temos uma oportunidade, e reconhecer o papel estratégico dos biocombustíveis e formar essa coalizão é o caminho", pontuou Ivan.
Para Rocha, mais uma vez, o setor de biocombustíveis cai como uma luva no projeto estratégico de recuperação e retomada da economia pós-covid. "Com os biocombustíveis conseguimos agregar valor em produtos que hoje não são comercializados ou devidamente aproveitados como, por exemplo, a vinhaça. É uma maneira de agregar valor para a usina e para o produtor rural, valorizando o meio ambiente", salientou.
O executivo ressaltou ainda que o grande legado do RenovaBio foi a aproximação das duas frentes parlamentares e do setor para agregar estratégias, inteligência e muito trabalho em prol não só do biocombustíveis, mas do Brasil.
O presidente da Ubrabio chamou a atenção para a união e esforços necessários para a viabilização das medidas que devem ser tomadas institucionalmente através de marco regulatório, leis e normas que permitam que os biocombustíveis ganhem força.
"Os biocombustíveis têm elementos de união que os colocam lado a lado, seja na produção agrícola, agregação de valor, geração de emprego, geração de investimentos industriais, desenvolvimento de regiões, uso de tecnologia, renovação de culturas e plantios intercalares. Nativamente, eles já se coligam, mas precisam, agora, serem reconhecidos pela sociedade", observou.
Gussi ressalta que a coalizão já foi construída, mas hoje tem outro sentido. "Existe uma sinergia nos setores de biocombustíveis. Essa coalizão tem tudo para funcionar cada vez mais, ela já deu resultados concretos para o Brasil e dará também para o mundo", aposta.
Goergen, por sua vez, prevê um cenário de perspectivas futuras muito interessante. "Será o agronegócio que irá sustentar, mais uma vez, a retomada do país. O grande problema é que o empresário produtor não tem renda e temos que perseguir a ampliação de consumo e de mercado para revertê-la em renda para quem produz, pois é desta forma que iremos girar a economia", acrescentou.
Por fim, Jardim enfatizou que o Brasil tem a possibilidade, por sua matriz energética limpa e renovável, cobertura vegetal e rígida legislação ambiental, em ser líder e vanguarda na transição para a economia verde e de baixo carbono. Para isso, ele colocou algumas questões como meta e pauta de trabalho para a biocoalizão: o B13, a warrantagem para o setor de etanol, a MP sobre a taxação do CBio e a revisão das metas do RenovaBio.