O mercado futuro de açúcar em NY fechou esta sexta-feira com o vencimento março/2017 cotado a 22.71 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 20 pontos (4.40 dólares por tonelada) em relação à sexta-feira anterior. O mercado futuro caiu praticamente de modo linear com os vencimentos mais longos depreciando entre um e quatro dólares por tonelada no acumulado da semana. Os fundos diminuíram um pouco sua posição comprada e pelo relatório que tomou como base o dia 18/10, eles possuíam 327.000 lotes.
O fechamento da sexta foi de R$ 1.649 por tonelada, uma queda de R$ 113 por tonelada em relação ao preço máximo negociado até agora no vencimento março, ocorrido há duas semanas. Há de se ficar atento a três fatores importantes que podem inibir a escalada de alta nos preços do açúcar em reais por tonelada: primeiro, a valorização do real em relação ao dólar influenciado por um cenário político-econômico interno mais otimista; segundo, a queda dos juros no Brasil com viés de baixa; e, terceiro, o possível aumento dos juros americanos. Nesse cenário provável, veremos um spread menor entre as duas taxas que interferem na curva de reais que os bancos estão oferecendo para as operações de NDF (contrato a termo de dólar com liquidação financeira), ou seja, para os vencimentos mais longos na curva de preços até maio/2018 os valores médios ficam em torno de R$ 1.680 por tonelada, bem abaixo do nível de duas semanas atrás.
O mercado físico na exportação demonstra que não existe pressa por parte do consumidor final em comprar açúcar. O nível de desconto para embarque outubro, esta semana, segundo um corretor de físico foi de 95 pontos, enquanto que para novembro, foi de 105 pontos (um wash-out ocorrido na semana). Mercados físico e futuro que fogem do paralelismo necessário para a validação mútua, caem no estrabismo que pode fazer com que alguém bata com a cabeça na parede.
Causaram espanto algumas histórias entreouvidas nas rodas de café nos intervalos da 16ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, na semana passada, em São Paulo. Empresas que “confessaram” ter comprometido na totalidade ou, em alguns casos, mais de 100% de seus volumes de exportação de açúcar fixando preços em operações estruturadas de balcão que mais parecem desenhadas para enforcá-las do que para fazê-las respirar. Evidentemente que ninguém aceitou fazer esse tipo de operação porque tinha uma arma apontada para a própria cabeça, mas há de se ter um mínimo de ética da parte de quem as oferece e a obrigatoriedade de entender o que são derivativos da parte de quem as contrata. Se acreditarmos naquilo que ouvimos, parece-nos que os pressupostos citados acima não encontram respaldo na vida real. Mas, no final das contas, independentemente de onde esteja a razão, quem vai pagar a fatura é a usina, que em pleno século XXI, ainda acredita no Coelhinho da Páscoa ou na Fada do Dente.
Como já disse aqui por várias vezes, nada tenho contra as operações de balcão, mesmo porque trabalhei numa empresa (Copersucar) que foi a pioneira e protagonista no Brasil na adequada utilização desses instrumentos de proteção contra variações negativas de preço. O problema ocorre quando uma empresa utiliza essa modalidade além do limite apropriado ao seu volume de fixação, inebriada pelo melodioso canto da sereia ou pela falácia de que existe almoço de graça. Ou, ainda pior, quando se sabe, sem nenhum pudor, que o médico que ela procura e o dono da farmácia onde ela compra o remédio receitado são a mesma pessoa. Agora, senta na calçada e chora.
Operações mal estruturadas tem o efeito dominó no mercado, escondidas atrás de uma névoa de estupefação e raiva. Surpreendidas pelo volume em dobro do que estimavam fixar, as usinas acabam recorrendo às tradings para rolagem das posições futuras ou mesmo das posições físicas, contaminando o risco e o crédito não apenas de si, mas do setor como um todo. É imperioso que as empresas entendam o funcionamento do mercado de derivativos antes de se jogarem de cabeça em operações que desconhecem completamente e que colocam em risco a perenidade da própria empresa.
O destaque da Conferência mencionada acima foi, na nossa opinião, as palavras corajosas do Diretor Presidente do Grupo Coruripe, Jucelino Oliveira de Sousa. Comparando os expositores dos painéis anteriores como uma junta médica que conhece bem os problemas do setor e se solidariza com eles, Sousa desempenhou o papel, como executivo de um grande grupo, do enfermo que – segundo suas palavras – nem na UTI está por falta de vaga. Foi duro ao discorrer sobre as agruras que o setor tem passado nos últimos anos, bem “pior do que os números e gráficos conseguem espelhar”.
Apesar dos bons preços do momento, isso “não será suficiente para resolver todo o passivo criado nos últimos anos e muito menos para incentivar a volta dos investimentos”. Alertou para o fato de que o setor sucroalcooleiro é “o que menos evoluiu em produtividade nos últimos anos”. Por fim, no mesmo tom firme, colocou o dedo na ferida que todos sabemos: a falta de comunicação adequada com a sociedade e as ameaças adiante, como a possível liberação do diesel para automóveis de passeio, o retorno do PIS/Cofins para o hidratado em janeiro e o projeto de lei em Minas Gerais para aumento da alíquota do ICMS do etanol.
Sousa finalizou apontando a restrição ou o desaparecimento do crédito agrícola para custeio que põe em risco a tão necessária expansão da área plantada. Exortou o Governo, a sociedade organizada e os empresários a debaterem a situação do setor discutir saídas e planejar ações de curto, médio e longo prazo
O mercado futuro de açúcar em NY fechou esta sexta-feira com o vencimento março/2017 cotado a 22.71 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 20 pontos (4.40 dólares por tonelada) em relação à sexta-feira anterior. O mercado futuro caiu praticamente de modo linear com os vencimentos mais longos depreciando entre um e quatro dólares por tonelada no acumulado da semana. Os fundos diminuíram um pouco sua posição comprada e pelo relatório que tomou como base o dia 18/10, eles possuíam 327.000 lotes.
O fechamento da sexta foi de R$ 1.649 por tonelada, uma queda de R$ 113 por tonelada em relação ao preço máximo negociado até agora no vencimento março, ocorrido há duas semanas. Há de se ficar atento a três fatores importantes que podem inibir a escalada de alta nos preços do açúcar em reais por tonelada: primeiro, a valorização do real em relação ao dólar influenciado por um cenário político-econômico interno mais otimista; segundo, a queda dos juros no Brasil com viés de baixa; e, terceiro, o possível aumento dos juros americanos. Nesse cenário provável, veremos um spread menor entre as duas taxas que interferem na curva de reais que os bancos estão oferecendo para as operações de NDF (contrato a termo de dólar com liquidação financeira), ou seja, para os vencimentos mais longos na curva de preços até maio/2018 os valores médios ficam em torno de R$ 1.680 por tonelada, bem abaixo do nível de duas semanas atrás.
O mercado físico na exportação demonstra que não existe pressa por parte do consumidor final em comprar açúcar. O nível de desconto para embarque outubro, esta semana, segundo um corretor de físico foi de 95 pontos, enquanto que para novembro, foi de 105 pontos (um wash-out ocorrido na semana). Mercados físico e futuro que fogem do paralelismo necessário para a validação mútua, caem no estrabismo que pode fazer com que alguém bata com a cabeça na parede.
Causaram espanto algumas histórias entreouvidas nas rodas de café nos intervalos da 16ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, na semana passada, em São Paulo. Empresas que “confessaram” ter comprometido na totalidade ou, em alguns casos, mais de 100% de seus volumes de exportação de açúcar fixando preços em operações estruturadas de balcão que mais parecem desenhadas para enforcá-las do que para fazê-las respirar. Evidentemente que ninguém aceitou fazer esse tipo de operação porque tinha uma arma apontada para a própria cabeça, mas há de se ter um mínimo de ética da parte de quem as oferece e a obrigatoriedade de entender o que são derivativos da parte de quem as contrata. Se acreditarmos naquilo que ouvimos, parece-nos que os pressupostos citados acima não encontram respaldo na vida real. Mas, no final das contas, independentemente de onde esteja a razão, quem vai pagar a fatura é a usina, que em pleno século XXI, ainda acredita no Coelhinho da Páscoa ou na Fada do Dente.
Como já disse aqui por várias vezes, nada tenho contra as operações de balcão, mesmo porque trabalhei numa empresa (Copersucar) que foi a pioneira e protagonista no Brasil na adequada utilização desses instrumentos de proteção contra variações negativas de preço. O problema ocorre quando uma empresa utiliza essa modalidade além do limite apropriado ao seu volume de fixação, inebriada pelo melodioso canto da sereia ou pela falácia de que existe almoço de graça. Ou, ainda pior, quando se sabe, sem nenhum pudor, que o médico que ela procura e o dono da farmácia onde ela compra o remédio receitado são a mesma pessoa. Agora, senta na calçada e chora.
Operações mal estruturadas tem o efeito dominó no mercado, escondidas atrás de uma névoa de estupefação e raiva. Surpreendidas pelo volume em dobro do que estimavam fixar, as usinas acabam recorrendo às tradings para rolagem das posições futuras ou mesmo das posições físicas, contaminando o risco e o crédito não apenas de si, mas do setor como um todo. É imperioso que as empresas entendam o funcionamento do mercado de derivativos antes de se jogarem de cabeça em operações que desconhecem completamente e que colocam em risco a perenidade da própria empresa.
O destaque da Conferência mencionada acima foi, na nossa opinião, as palavras corajosas do Diretor Presidente do Grupo Coruripe, Jucelino Oliveira de Sousa. Comparando os expositores dos painéis anteriores como uma junta médica que conhece bem os problemas do setor e se solidariza com eles, Sousa desempenhou o papel, como executivo de um grande grupo, do enfermo que – segundo suas palavras – nem na UTI está por falta de vaga. Foi duro ao discorrer sobre as agruras que o setor tem passado nos últimos anos, bem “pior do que os números e gráficos conseguem espelhar”.
Apesar dos bons preços do momento, isso “não será suficiente para resolver todo o passivo criado nos últimos anos e muito menos para incentivar a volta dos investimentos”. Alertou para o fato de que o setor sucroalcooleiro é “o que menos evoluiu em produtividade nos últimos anos”. Por fim, no mesmo tom firme, colocou o dedo na ferida que todos sabemos: a falta de comunicação adequada com a sociedade e as ameaças adiante, como a possível liberação do diesel para automóveis de passeio, o retorno do PIS/Cofins para o hidratado em janeiro e o projeto de lei em Minas Gerais para aumento da alíquota do ICMS do etanol.
Sousa finalizou apontando a restrição ou o desaparecimento do crédito agrícola para custeio que põe em risco a tão necessária expansão da área plantada. Exortou o Governo, a sociedade organizada e os empresários a debaterem a situação do setor discutir saídas e planejar ações de curto, médio e longo prazo.