Agro paulista registra alta de 11,2% nas exportações e se mantém como líder nacional

31/12/2024 Noticias POR: Fernanda Clariano

O resultado positivo foi impulsionado pelo aumento nas vendas de café, suco de laranja, açúcar e produtos florestais

Nos últimos 20 anos saímos de uma posição de grandes importadores de alimentos para nos tornarmos um dos maiores exportadores de todo o mundo. Hoje somos conhecidos como o celeiro do mundo alimentando mais de 1 bilhão de pessoas e, com isso, temos uma grande responsabilidade – a de comunicar melhor o que fazemos, não apenas para aqueles que já estão no setor, mas principalmente para os que ainda não conhecem o verdadeiro potencial e o impacto do agronegócio.

O estado de São Paulo reafirma sua posição como líder nas exportações do agronegócio brasileiro, registrando um crescimento expressivo de 11,2% entre janeiro e outubro de 2024. No período, o setor agropecuário paulista somou US$25,77 bilhões em exportações, impulsionado principalmente pelas vendas de café, suco de laranja, açúcar e produtos florestais. Com importações de US$4,74 bilhões, o agronegócio paulista alcançou um superávit de US$21,03 bilhões, um avanço de 11,2% em relação ao ano anterior, fortalecendo o papel do setor no comércio exterior do estado.

Um levantamento, realizado pelo coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Carlos Nabil Ghobril, e os pesquisadores José Alberto Ângelo e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, demonstra a relevância estratégica do agronegócio, que representou 43,6% das exportações do estado. Em contraste, os outros setores da economia estadual enfrentaram um déficit de US$26,13 bilhões no mesmo período. Esse resultado evidencia a importância do agronegócio na balança comercial paulista e sua contribuição para mitigar o déficit do comércio estadual.

Carlos Nabil Ghobril, coordenador da Apta

De acordo com Ghobril, o aumento nas exportações fortalece a posição do estado de São Paulo como motor econômico do país, ampliando a entrada de divisas e impulsionando o setor de agronegócio e também equilibra o saldo da balança comercial do estado. No contexto nacional, a alta nas exportações do agronegócio reforça as relações comerciais e contribui para a valorização da moeda nacional. Esse crescimento ajuda a atrair investimentos externos, ampliando o potencial de inovação e competitividade do Brasil no mercado global.

Ainda segundo o coordenador do levantamento, o desempenho positivo das exportações do agronegócio paulista em 2024 pode ser atribuído a uma combinação de fatores estratégicos e conjunturais. “Primeiramente, houve uma ampliação da produtividade agrícola, resultante de investimentos em tecnologia, pesquisas de melhoramento genético e práticas agrícolas sustentáveis, promovidas por instituições de pesquisa e assistência técnica no estado. Essas inovações possibilitaram a produção de commodities de maior valor agregado, além de uma eficiência maior no uso de recursos.

Outro fator relevante foi o cenário cambial, que favoreceu a competitividade dos produtos paulistas no mercado internacional, especialmente diante da demanda aquecida por alimentos e produtos agrícolas de qualidade em mercados da Ásia, Europa e América do Norte. Além disso, o fortalecimento de acordos comerciais e a abertura de novos mercados contribuíram para a diversificação das exportações. A soma desses fatores, aliada ao reconhecimento da qualidade e rastreabilidade dos produtos paulistas, consolidou o estado como um dos principais exportadores agrícolas do Brasil em 2024”.

Manter o agronegócio representando 43,6% das exportações paulistas exige enfrentar alguns desafios estratégicos. ‘O primeiro deles é a sustentabilidade: mercados internacionais estão cada vez mais exigentes quanto a práticas sustentáveis, rastreabilidade e impacto ambiental. Portanto, produtores e exportadores precisam investir em tecnologias de baixo impacto e em certificações ambientais para manter o acesso a esses mercados. E o outro desafio está na inovação e adaptação tecnológica. Aumentar a produtividade sem ampliar a área cultivada dependerá do uso de investimentos em pesquisas e tecnologias avançadas, como agricultura de precisão, melhoramento genético e soluções de automação, que podem tornar a produção mais eficiente e rentável”, afirmou Ghobril.

Principais produtos exportados e setores em destaque

O complexo sucroalcooleiro liderou as exportações do agro paulista, com 40,7% de participação, totalizando US$10,48 bilhões, dos quais o açúcar responde por 93%. O setor de carnes ficou em segundo lugar, somando US$2,89 bilhões, seguido por produtos florestais, com 10,3% de participação, totalizando US$2,66 bilhões, principalmente em celulose e papel. Sucos e complexo soja também se destacaram, com participações de 9,1% e 8,5%, respectivamente. O grupo café, com 4,1% das exportações paulistas, registrou crescimento expressivo de 41,4%, totalizando US$1,06 bilhão.

 Importações do agronegócio paulista

Entre os itens importados, salmão, papel e trigo se destacaram, com importações somando US$2,09 bilhões, ou 44,2% das importações totais do setor agropecuário de São Paulo.

São Paulo no contexto nacional e o impacto no agronegócio brasileiro

São Paulo lidera as exportações agropecuárias nacionais, com 18,4% do total, superando Mato Grosso e Paraná. O estado contribuiu expressivamente em sucos (83,7% do total nacional), complexo sucroalcooleiro (63,1%) e produtos alimentícios diversos (73,9%), consolidando a importância do setor paulista para o agronegócio brasileiro.

No cenário nacional, o agronegócio brasileiro registrou crescimento de 0,3% nas exportações, atingindo US$140,02 bilhões, o que representa 49,3% das exportações do país. As importações setoriais também cresceram 17,2%, totalizando US$16,24 bilhões. O saldo comercial do agronegócio brasileiro teve superávit de US$123,78 bilhões, apesar de uma leve redução de 1,6% em relação ao mesmo período de 2023. A estabilidade do setor agropecuário foi crucial para o superávit da balança comercial brasileira, que se beneficiou do impacto positivo das exportações agrícolas para reduzir o déficit de outros setores.