Para quem acompanha o automobilismo, sabe que fazer uma grande largada é fundamental na briga pelas primeiras colocações ao longo da prova. Na produção do amendoim não é diferente, o plantio é uma das fases que gera maior tensão entre os produtores, isso porque as plantas germinarem com vigor é determinante para se ter alta produtividade.
Como nas corridas, o sucesso na largada depende de dois fatores, o talento do piloto e a tecnologia do carro, no caso da lavoura de amendoim, ter sucesso na fase de plantio também depende do talento do produtor e a tecnologia e qualidade da semente.
No plantio de 2024, dos produtores que fazem parte do Projeto Amendoim da Copercana, pode-se dizer que a largada foi mais ou menos da terceira fila, isso porque o solo vinha de um stress climático severo e as chuvas demoraram um pouco para virem no volume que viabilizasse o início dos trabalhos.
Porém, quando o sinal verde acendeu, a união do talento dos cooperados com a qualidade da semente produzida pela Copercana colocou as lavouras de volta na briga da alta produtividade com a qualidade superior, o que representa rentabilidade da produção, acrescida de melhores preços pela comercialização aos mercados mais exigentes.
“O plantio atrasou um pouco devido ao atraso do início das águas, porém a chuva veio em abundância na maioria das regiões do projeto, com isso as fases de germinação e desenvolvimento inicial foram boas, confirmando nossa expectativa de recebimento em torno de três milhões de sacas em cerca de 17 mil hectares cultivados”, disse o diretor comercial agrícola, Augusto César Strini Paixão.
Augusto Paixão, diretor comercial agrícola: “A Copercana tem o mercado de alta qualidade aberto”
O talento puro às vezes não é suficiente, por isso a experiência é um fator que não pode ser descartado, isso explica por que o Projeto Amendoim da Copercana tem um foco na evolução dos cooperados que já fazem parte.
“O crescimento de algo em torno de 15% em área plantada do projeto veio em grande parte de cooperados que já vêm trabalhando conosco há certo tempo, isso é importante, pois significa que eles acreditam no mercado, principalmente no de alta qualidade, o que não é para todos, mas que para a Copercana está aberto”, explicou Paixão.
No entanto, ele ressalta que a evolução precisa ser cadenciada: “O mercado mundial de amendoim é muito influenciado com qualquer crescimento de produção. Contudo, para essa temporada de 24/25, considerando nosso crescimento na eficiência industrial, somado a nossa credibilidade dentro do nicho da alta qualidade, não tenho dúvidas que nosso crescimento será absorvido. Nunca foi e não será agora que vamos crescer 50% de um ano para outro, isso porque sabemos que impacta nos processos de secagem e armazenamento, fundamentais para mantermos alta a qualidade da produção, o que nos expõe menos às oscilações de mercado”.
“Nós planejamos o crescimento conforme a sinalização dos nossos clientes e da área comercial”, concluiu Paixão.
Experiente no projeto, o produtor Roberto Rossetti, que cultiva cerca de 400 hectares na região de Ribeirão Preto, confirma o bom início de temporada e ressalta a importância de fazer parte de um projeto como da Copercana: “O projeto é uma garantia do produtor, pois a seriedade com que ele é gerido pela cooperativa nos passa a confiança de que a produção será comercializada da melhor maneira possível, além do apoio em todas as fases de cultivo, desde o fornecimento da semente, passando pelos insumos e a assistência técnica constante, o que nos ajuda muito a conseguir ter rentabilidade no negócio”.
O produtor Roberto Rossetti, ao lado do agrônomo RuanBetiol, a Copercana está ao lado do produtor de amendoim em todas as fases do cultivo de amendoim, o que ajuda na obtenção da rentabilidade planejada na atividade
Porém, a cooperativa também abre oportunidade para novos cooperados, como é o caso dos irmãos Ricardo e Alexandre Gontijo, que aceitaram o desafio de serem os primeiros produtores de cultivar nas regiões de Ituverava-SP e Uberlândia-MG, além de adotarem práticas de agricultura regenerativa na adubação e serem conhecidos pelo alto nível técnico que executam seus manejos.
“Nas áreas que há uma restrição física de compactação ou que identifiquei, por exemplo, a necessidade de correção em profundidade, eu uso a rotação com o amendoim para aproveitar o preparo de solo que a formação da lavoura pede, no entanto, em Ituverava, estamos com áreas de teste com o plantio direto. Na questão de manejo, eu utilizei a mesma técnica da soja, ou seja, uma plantadeira com um disco para cortar a palha na frente e uma botinha para descompactar a área necessária para o desenvolvimento da raiz.
O principal ponto que eu vejo do plantio direto do amendoim, é que se você fizer numa área que é extremamente fértil, com bom teor de argila, bom histórico de chuva, eu vejo que compensa fazer o preparo, quando você vai para um solo mais arenoso, num ambiente mais restritivo, já é melhor aproveitar o plantio direto para aproveitar os benefícios da palha. Tenho consciência que o plantio direto no amendoim gera alguma perda na colheita, mas sem a palha, com certeza, vou perder mais pela questão da umidade, é uma balança onde o importante é você estudar e conhecer cada área e como deve se comportar o regime de chuvas, nós utilizamos esse critério de avaliação.
Como hoje optamos pela soja nas áreas onde eu não preciso preparar o solo, no momento que sentirmos firmeza no plantio direto do amendoim, vamos ter a opção conforme o que o mercado está dizendo”, disse Ricardo, que ainda falou de como utilizou manejos relacionados ao conceito de agricultura regenerativa no amendoim: “No plantio foram quatro toneladas de cama de frango, mais uma e meia de fosfato natural, e também fiz aplicações de complexo de bacilos para desenvolver a microbiota na lavoura do amendoim”.
Os irmãos Alexandre e Ricardo Gontijo, agricultura regenerativa na roça de amendoim
É válido ressaltar o grande crescimento de lavouras em Minas Gerais, chegando 3,5 mil hectares em 2024 com destaque para a Agro Junqueira Franco que, além de abrir novas fronteiras para a cultura, também mostrou inovação, cultivando amendoim em áreas de pivô.
Sobre a qualidade das sementes, além da certificação de qualidade, o sucesso da germinação e vigor que nasceram as plantas da atual temporada mostram toda eficiência do trabalho dos cooperados junto com a cooperativa: “O trabalho da semente começa desde a safra passada, onde trabalhamos com acompanhamento bem próximo dos campos de produção de semente com foco em obter a qualidade fisiológica do material. Mesmo com os desafios climáticos do ano passado, nessa safra pudemos atestar que tivemos bom resultado, através da germinação, vigor e pureza física dos materiais. Outro ponto é que como nossas sementes são certificadas e passam por um acompanhamento rigoroso de laboratório, garantindo ao produtor a segurança de que ele terá um bom estande de plantas, o que gera uma boa colheita, crucial para o negócio de amendoim do cooperado e da Copercana”, disse o agrônomo da equipe técnica de grãos, Ruan Betiol.
O agrônomo Ruan Betiol presta assistência técnica em área de amendoim cultivada pela Agro Junqueira Franco, área do projeto em Minas Gerais já atinge os 3,5 mil hectares
Perspectivas positivas de mercado
A primeira grande notícia para os produtores de amendoim do projeto da Copercana relacionada a mercado é quanto ao ganho de eficiência no quesito “grãos aproveitados”, como explica Augusto Paixão: “2023 foi o ano que iniciamos a operação na nova unidade industrial, mais moderna e com equipamentos mais sofisticados em relação com o que operávamos em Dumont, lógico que, como toda mudança, foi necessário um tempo de adaptação, o que reduziu um pouco a eficiência operacional.
Em 2024, iniciamos adaptados ao manejo das máquinas, então foi natural atingirmos os altos patamares de eficiência como era esperado perante toda tecnologia instalada investida na unidade”.
E com maior eficiência, mais grãos de qualidade são vendidos para os mercados internacionais, o que perante a alta do dólar significa um acréscimo no valor da saca quando convertido para o real, contudo Augusto alerta para conjunturas que podem contribuir para a desvalorização do produto: “O que estamos enxergando é o aumento na produção do amendoim, não apenas no Brasil, mas também na Argentina, a Índia está surgindo como um importante vendedor e ainda uma redução do volume de compra da China, o que pode reduzir um pouco o preço, então a valorização do dólar pode compensar no final das contas”.
Augusto Paixão ao lado de sua “tropa de elite” industrial e comercial do amendoim
Por fim, o diretor da Copercana e líder do Projeto Amendoim, passa uma importante mensagem a todos os produtores: “Eu sempre falo que para fazer parte do mercado de amendoim, o produtor precisa fazer parte de um projeto que atenda às exigências necessárias pelo mercado de alta qualidade.
Para quem está com a Copercana, pode ficar tranquilo que nós temos mercado para atender todos os amendoins que serão produzidos dentro do projeto. É só fazer a roça bem-feita e do resto nós cuidamos”.
Nova variedade
Neste ano a Copercana adotou em áreas comerciais uma nova variedade de amendoim, a IAC 677, em visita a um campo de produção de sementes do cooperado Luiz Carlos Rodrigues, no município de Dumont, Betiol mostrou a cultivar destacando sua rusticidade e estabilidade produtiva.
“A IAC 677 tem ciclo de 130 a 135 dias, tolerância tanto aos stress bióticos, como os abióticos, com bastante tolerância a virose, doença que tem maior ocorrência na Alta Paulista e que pode dizimar toda lavoura.
Aqui estamos em torno de 35 dias após o plantio e o destaque é que o florescimento já foi iniciado, a equipe técnica do Projeto Amendoim da Copercana vem acompanhando de perto o desenvolvimento dos campos de multiplicação de sementes dessa variedade, isso para garantir sua qualidade fisiológica e proporcionar o aumento de áreas para a próxima safra”, concluiu o agrônomo.
IAC 677, nova variedade entra para as áreas comerciais do Projeto Amendoim da Copercana, destaque para sua rusticidade e estabilidade produtiva