O I Seminário de Biomassa reuniu produtores rurais, agrônomos, técnicos, empresas ligadas ao setor sucroenergético e representantes de entidades do Estado de São Paulo e de Minas Gerais
Como o assunto biomassa é algo em evidência, a Canoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), com o apoio da Orplana (Organização dos Plantadores da Região Centro-Sul do Brasil), realizou no dia 26 de novembro, no auditório da Canaoeste em Sertãozinho-SP, o I Seminário de Biomassa – “Perspectiva Econômica da Biomassa (Palhada e Bagaço de Cana-de-Açúcar)”.
Estiveram presentes, produtores rurais, agrônomos, técnicos, empresas ligadas ao setor sucroenergético e representantes de entidades como Asforama (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Iturama-MG); Afocap (Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba e Região); Afcop (Associação dos Fornecedores de Cana da Região Oeste Paulista) de Valparaíso; Assobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri); Assocap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari); Oricana (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Orindiúva); Aplacana (Associação dos Plantadores de Cana da Região de Monte Aprazível) e Ascana (Associação dos Plantadores de Cana do Médio Tietê) - Lençóis Paulista.
Na ocasião foram apresentadas informações que servirão de base para que os fornecedores comecem a pensar nas novas estratégias. Para a Canaoeste também foi uma oportunidade de estender as comemorações pelos seus 70 anos de existência completados no dia 22 de julho de 2015.
O evento contou com palestrantes renomados, como o diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), Marcos Guimarães de Andrade Landell, que explanou sobre os “Ônus e Bônus da Palha”. Já o consultor da Agrícola Rio Claro, Luiz Carlos Dalben, apresentou “Detalhamento, custos e receitas sobre a operação de recolhimento da palha”. O professor da USP de Ribeirão Preto e sócio da Markestrat Consultoria, Marcos Fava Neves, abordou “Quanto vale o bagaço?”. O consultor em equipamentos e máquinas para colheita florestal e processamento de biomassa, Vinícius Casseli, articulou sobre o “Mercado de biomassa: comercialização e transporte” e o gerente de departamento técnico da Assocap/Canacap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari-SP e Cooperativa dos Plantadores de Cana da Região de Capivari) e coordenador da Canatec - Câmara Técnica do Consecana (Conselho dos Produtores de Cana de São Paulo), Roberto Sachs, proferiu sobre “Estudo a remuneração do bagaço de cana excedente”.
“O sincronismo dos temas abordados neste I Seminário de Biomassa foi excelente. Estamos felizes porque o evento foi valorizado, tivemos um número expressivo de participantes”, disse o gestor superintendente da Orplana,Celso Albano, que ainda chamou a atenção para novas ações da Orplana para 2016. “A Orplana já tem várias ações previstas para acontecerem no ano que vem. Dentro dos projetos está a Academia da Cana, que pretende entrar na sociedade e nas escolas mostrando a mensagem de modo positivo do setor”, informou Albano.
De acordo com o gestor da Canaoeste, Almir Torcato, um dos objetivos do evento foi iniciar uma análise sobre a viabilidade de incluir o bagaço e a palha no sistema Consecana. “Realizamos um seminário analítico sobre as novas alternativas de renda pelo potencial que temos, não só da biomassa oriunda da palha e do bagaço, mas também do cavaco de madeira, entre outros. Além disso, foi colocado em pauta o que vem sendo estudado no que se refere à remuneração pelo seu excedente”, afirmou Torcato.
Para o presidente da Canaoeste e da Orplana, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, a questão da remuneração pela biomassa é atual e precisa ser analisada. Uma possível mudança no Sistema Consecana não deve, na visão dele, ser imediata, já que a discussão deverá se intensificar só a partir de 2016. “A biomassa já vem, há algum tempo, nos motivando nessa direção. Só estávamos esperando atingir um número de unidades industriais que fosse representativo para o setor, a partir do qual se reconhecesse que existe um bom mercado, uma boa definição que pudesse ser remunerada. Como fizemos, por exemplo, com o etanol, que não existia no Consecana, mas entrou à medida que se tornou um mercado significativo”, avaliou Ortolan.
Depoimentos
“Eu acho não só oportuno, mas de extrema necessidade, termos eventos como esse, pois o setor está carente de informações. A cultura da cana teve uma mudança tremenda e nós não podemos mais ficar na mesmice do passado, quando queimávamos a palha. A biomassa, como hoje especificamente neste evento, está nos mostrando diversas alternativas. A energia de biomassa soluciona um monte de problema, ela fica barata sendo bem produzida e nós, dentro do setor de cana, ainda temos aquela imagem de como vai ficar a produção da cana em si, se vamos retirar a palha, não vamos retirar, o que atrai agronomicamente de prejuízo, se o financeiro repõe o agronômico e o operacional. Tudo isso está em estudos e não sabemos ainda o certo. Esse tipo de evento vem agregar muito para que os conhecimentos em cima disso possam contribuir para que o produtor de cana tome suas decisões na hora de fazer a escolha certa do recolhimento de palha ou de uma mudança de tecnologias, com a parte nutricional da cana. A Canaoeste e a Orplana estão de parabéns por promover este evento que só vai engrandecer o produtor de cana”, afirmou o diretor agrícola da Tecnocana, Paulo Roberto Artioli.
“Esse evento é de grande valia porque traz um assunto que está em evidência, um assunto que está prometendo, que são as novas energias geradas pela biomassa. Esse foi um dia muito enriquecedor, tivemos várias versões de pensamentos, a biomassa da cana, a biomassa da madeira, a biomassa do resíduo. Tem uma infinidade de opções a serem criadas, algumas efetivamente sendo usadas, é um potencial muito grande. Eu acho que foi bem legal essa iniciativa e bem esclarecedora”, destacou o diretor da Assobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri), Ulisses Fanton.
“Esse é um momento propício para viabilizar os negócios dos fornecedores porque eles estão tendo uma vida muito sofrida em decorrência dos preços, dos custos e não só os custos de CCT (Corte, Carregamento e Transporte da cana-de-açúcar), mas os custos de plantio, enfim, de todos os demais custos. É uma nova geração de rentabilidade para amenizar os custos que a gente tem, é uma perspectiva nova e os fornecedores vão ter que se unir, vão ter que trabalhar pra que ocorra e acho que são duas vertentes: uma, nossa vertente como fornecedores de cana, para que aumente os valores, as nossas rentabilidades, os nossos lucros, que pelo menos surja um lucro. E a segunda vertente é a questão de energia limpa, não só em nível de meio ambiente, mas também o crescimento de todas as regiões”, avaliou a produtora rural, Maria Conceição Ferreira Turini.
“Todas as palestras foram ótimas e se complementaram, deixando aí uma boa mensagem para os associados da Canaoeste e Orplana, e também para o público que pôde comparecer. Como evento de difusão técnica para aproveitamento de biomassa, esse seminário foi excelente, pois, esse é um recurso que vem ganhando cada vez mais relevância na produção sucroenergética”, observou o pós-doutorando da UFSCar, Carlos Eduardo Osório Xavier.
“Eu acho que esse é o momento adequado para este tipo de evento, para essa discussão. O bagaço é nosso e está na hora de receber por ele, independente de recolher ou não a palha. A cana que já vai para a indústria tem 1/3 de bagaço que é nosso. Acho que as palestras foram interessantes e vieram de diferentes níveis, num momento muito oportuno”, disse a presidente da Assocap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari), Maria Christina Pacheco.