• Rubens L. do C. Braga Jr. (rubenscensoiac@fundag.com) é proprietário da RBJ Consult e responsável pelo Projeto Censo Varietal IAC. |
• Marcos G. de A. Landell é diretor do IAC – Instituto Agronômico de Campinas. |
O Programa Cana IAC realizou, pelo sétimo ano consecutivo, o Censo Varietal IAC. Esse trabalho visa conhecer a evolução do cultivo das variedades utilizadas no Brasil, detalhando as informações pelas principais regiões produtoras de cana-de-açúcar. Deste modo, funciona como um importante veículo de difusão de tecnologia, informando aos produtores quais são as variedades que estão em crescimento ou estão sendo abandonadas de modo que eles possam ter uma visão comparativa de seu plantel de variedades em relação ao praticado na sua e nas demais regiões produtoras. Além disso, o censo antecipa a informação das variedades que estão em rápido crescimento, permitindo aos produtores o planejamento estratégico dos seus viveiros e assim se manterem sempre atualizados em relação às novas variedades mais produtivas. Na safra 2022/23, foram levantadas informações de 225 unidades produtoras (destilarias, usinas autônomas, usinas com destilarias anexas e associações de fornecedores), totalizando uma área recenseada superior a 6,1 milhões de hectares, o que destaca esse levantamento como o maior realizado nesta região do Brasil. O Censo Varietal IAC iniciou a coleta dos dados a partir de maio/2022. Os produtores que enviam as suas informações receberam relatórios analíticos com as informações consolidadas ao final de cada mês. Desta forma, estimulamos todas as unidades a encaminhar as suas informações que enriquecerão a amostra como um todo, para que venham, em contrapartida, receber os relatórios estratégicos. A coleta de informações foi distribuída pelos principais estados produtores brasileiros, sendo dois da Bahia, três do Espírito Santo, 23 de Goiás, sete do Mato Grosso, 19 do Mato Grosso do Sul, 32 de Minas Gerais, 18 do Paraná, 120 de São Paulo e um de Tocantins. Através dessas informações foi possível calcular uma série de índices estratégicos para condução dos canaviais produtivos. Iniciamos destacando a renovação dos canaviais entre os produtores da região Centro-Sul.
Área de reforma e idade do canavial
O primeiro índice estuda a relação entre a área de renovação e a área total cultivada (RPC). O histórico de 37 safras na região Centro-Sul (Figura 1) mostra que os produtores voltaram a plantar áreas significativas na safra 2022/23, uma vez que 17,3% da área total foi renovada nessa safra. Esse valor é superior ao obtido na média histórica das safras (17,0%).
O índice anterior está muito correlacionado com a idade do canavial, medida pelo estágio médio de corte (EMC), pois quanto maior a quantidade plantada mais jovem será o canavial colhido nas próximas safras. A análise das últimas 37 safras (Figura 2) mostra que os canaviais da região Centro-Sul tiveram um significativo crescimento na sua idade média (20,6%). A média histórica para esse índice é de 3,38 cortes e na safra 2022/23 o valor foi 3,70 cortes, mostrando um canavial envelhecido. Essa informação é muito importante, pois o estágio médio de corte também está muito correlacionado com a produtividade dos canaviais, como pode-se observar pela Figura 3. A cada ano a mais no estágio médio de corte existe uma queda de 7,5 toneladas de cana por hectare. Deste modo, esse aumento de 0,64 cortes, no estágio médio de corte, provocou uma redução de 5,3 toneladas de cana por hectare, apenas pela idade dos canaviais ao longo do período de 37 anos analisados.
Uso das variedades
Além dos índices de renovação foram criados três índices para medir a qualidade das variedades utilizadas pelos produtores. O índice de atualização varietal (IAV) quantifica o uso de variedades modernas nos canaviais. Valores abaixo de 5 são considerados satisfatórios, ou seja, a região estudada está utilizando variedades novas, entre 5 e 7 intermediários e acima de 7 não recomendados (uso de variedades antigas). O índice de concentração varietal ajustado (ICVA) avalia o nível de concentração em poucas variedades que uma determinada região está adotando. Valores abaixo de 0,45 são considerados satisfatórios (baixa concentração), entre 0,45 e 0,75 intermediários e acima de 0,75 não recomentados (alta concentração). O índice de maturação varietal (IMV) estuda o uso de variedades precoces e tardias para região. Valores abaixo de 7 indicam o maior uso de variedades precoces e acima de 7 o maior uso de variedades tardias. Considerando os dados do censo varietal, os resultados obtidos na safra 2022/23 mostram que está havendo uma maior diversificação do plantel varietal entre as regiões produtoras. As figuras a seguir apresentam o market share das 15 principais variedades, considerando as áreas totais cultivadas, para os principais estados produtores da região Centro-Sul.
Bahia e Tocantins
A Figura 4 apresenta o market share da área cultivada das principais variedades nos estados da Bahia e Tocantins. Nesses estados foram coletadas informações de duas unidades produtoras da Bahia e uma de Tocantins. Estes dois estados foram agrupados em função do nosso compromisso de não divulgar informações individuais dos produtores. Nestes estados, a principal variedade permanece sendo a RB867515 e ela continua em crescimento. Considerando-se os 10 mil hectares da área de renovação, as variedades mais plantadas foram: RB867515 (45,4%), CTC9003 (8,4%), RB975033 (8,1%), RB041443 (7,0%) e RB966928 (6,6%). Entre as variedades IAC, a mais plantada foi a IACSP04-5051, com 3,5% da área de formação.
Em relação aos índices, os valores obtidos pelos estados da Bahia e Tocantins foram: RPC = 15,6% (abaixo da média da região Centro-Sul), EMC = 3,70 (igual ao da média da região Centro-Sul), IAV = 9,00 (uso intenso de variedades antigas), ICVA = 0,95 (elevada concentração em poucas variedades) e IMV = 7,07 (uso similar de variedades precoces e tardias).
Espírito Santo
O market share da área cultivada das principais variedades no estado de Espírito Santo é apresentado na Figura 5, a partir de informações enviadas por três unidades produtoras. Este estado tem suas áreas extremamente concentradas em uma única variedade (RB867515). Os produtores capixabas estão ocupando três quartos de suas áreas com essa variedade. Essa alta concentração é preocupante, pois aumenta em muito o risco biológico destes produtores, pois eles ficam muito expostos em relação ao aparecimento de uma nova doença que afete essa variedade. Vale destacar que essa variedade deve ter suas áreas reduzidas nas próximas safras em função da menor proporção nas áreas de plantio. Em relação às áreas de renovação, foram levantadas informações de 6 mil hectares plantados no Espírito Santo, sendo que as principais variedades utilizadas foram: RB867515 (42,7% da área de plantio), RB108519 (16,8%), RB966928 (8,8%), RB988082 (5,5%), RB937570 e RB975242 (ambas com 5,3% da área de formação).
Goiás
A Figura 6 apresenta o market share da área cultivada das principais variedades de 23 unidades produtoras no estado de Goiás. Neste estado já existe uma maior distribuição entre as variedades utilizadas. A variedade RB867515 permanece como a mais utilizada, mas com áreas próximas às recomendadas pelos programas de melhoramento. Segundo o Censo Varietal IAC – safra 2022/23, os produtores goianos plantaram 88 mil hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: RB867515 (17,3% da área de plantio), CTC4 (11,6%), RB966928 (8,6%), RB975242 (7,4%), CTC9003 (6,3%), CV7870 (5,6%) e IACSP95-5094 (5,1%).
Em relação aos índices, os valores obtidos pelo estado de Goiás foram: RPC = 14,9% (abaixo da região Centro-Sul), EMC = 3,81(superior ao da região Centro-Sul indicando canavial mais velho), IAV = 9,77(uso intenso de variedades antigas), ICVA = 0,53(concentração intermediária para variedades) e IMV = 6,70 (maior uso de variedades precoces).
Mato Grosso
A relação das principais variedades mais utilizadas em sete unidades produtoras recenseadas no estado de Mato Grosso é apresentada na Figura 7. Neste estado a variedade RB867515 permanece como a mais utilizada, mas está tendo suas áreas reduzidas rapidamente. Os produtores do estado do Mato Grosso foram, proporcionalmente, os que mais se utilizaram das variedades IAC na área total cultivada (15,4%), superando o estado de Goiás. Em relação às áreas de reforma, os produtores desse estado plantaram 30 mil hectares, sendo que as principais variedades foram: RB867515 (25,9% da área de plantio), CTC4 (15,3%), IACSP01-5503 (9,4%), IACSP95-5094 (6,1%), RB92579 e IACSP97-4039 (ambas com 5,6%) e RB855453 (5,1%). Os produtores do estado do Mato Grosso também foram os que, proporcionalmente, mais se utilizaram das variedades IAC nas áreas de reforma, ocupando 25,1% das áreas de plantio.
Considerando os índices de renovação e qualidade, para o e stado do Mato G rosso, a R PC = 14,5% (abaixo d a região Centro-Sul), EMC = 4,15 (superior ao da região Centro-Sul indicando canavial mais velho), IAV = 11,66 (uso intenso de variedades antigas em função da alta proporção de RB867515),ICVA = 0,96 (altamente concentrado em uma única variedade) e IMV = 7,38 (maior uso de variedades tardias).
Mato Grosso do Sul
No Estado de Mato Grosso do Sul, a relação das principais variedades utilizadas é apresentada na Figura 8. Neste estado foram levantadas informações de19 unidades produtoras. A variedade RB867515 permanece como a mais cultivada e apresentou crescimento na última safra. Separando-se os 86 mil hectares das áreas de reforma, as principais variedades foram: RB867515 (21,6% da área de plantio), RB966928 (12,1%), RB92579 (10,8%), CTC4 (8,3%) e CTC9001 (7,2%). Entre as variedades IAC a mais plantada foi a IACSP01-5503 (1,4%).
Com relação aos índices para o estado do Mato Grosso do Sul, a R PC = 16,7% (levemente abaixo da região Centro-Sul), EMC = 3,85 (superior ao da região Centro-Sul, indicando canavial mais velho), IAV = 9,61 (uso intenso de variedades antigas), ICVA = 0,61 (concentração intermediária para variedades) e IMV = 6,54 (maior uso de variedades precoces).
Minas Gerais
No Estado de Minas Gerais foram levantadas informações sobre 32 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 9. Nesse estado as variedades estão melhor distribuídas, nenhuma variedade atinge a proporção de 15% da área total cultivada. A área de renovação recenseada, na safra 2022/23, entre os produtores mineiros foi de 137 mil hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: RB867515 (13,9% da área de plantio), RB966928 (13,0%), CTC4 (5,5%), RB975242 (5,3%) e CTC9002 (5,1%). Entre as variedades IAC a mais utilizada no plantio foi, novamente, a IACSP01-5503 com 3,5%.
Considerando os índices para o estado de Minas Gerais, a RPC = 17,9% (ligeiramente acima da região Centro-Sul), EMC = 3,56 (muito próximo ao da média da região Centro-Sul), IAV = 8,64 (uso de variedades antigas), ICVA = 0,41 (baixa concentração varietal) e IMV = 6,75 (maior uso de variedades precoces).
Paraná
No recenseamento do estado do Paraná foram amostradas 18 unidades produtoras. As participações das principais variedades podem ser vistas na Figura 10. A variedade RB867515 permanece como a mais utilizada nesse estado, mas está tendo suas áreas rapidamente substituídas. Entre os produtores paranaenses a área de renovação recenseada foi de 71 mil hectares. Esse foi o estado com o maior número de variedades que atingiram proporção de plantio superior a 5% mostrando a intenção desses produtores em ampliar a diversificação de suas variedades. As mais citadas foram: RB988082 (13,7% da área de plantio), CTC4 (10,0%), RB966928 (9,1%), RB867515 (8,2%), CV7870 (7,6%), CTC9001 (7,1%), CTC9004M (7,0%), CV0470 (5,6%) e RB036152 (5,2%). Este estado foi onde houve a maior diversificação no plantio, com nove variedades com mais de 5% da área de renovação.
Entre as variedades IAC a mais utilizada foi a IACSP04-6007 com 1,4% da área de plantio. Interessante observar que nesse estado a variedade RB867515 foi apenas a quarta mais plantada.
Em relação aos índices de renovação e qualidade para os produtores paranaenses, a RPC = 15,0% (bem abaixo da média da região Centro-Sul), EMC = 3,52 (muito próximo ao da região Centro-Sul), IAV = 8,27 (uso de variedades antigas), ICVA = 0,93 (altamente concentrado em uma única variedade) e IMV = 6,90 (o uso variedades precoces foi levemente maior que o das tardias).
São Paulo
A Figura 11 detalha as informações das principais variedades no estado de São Paulo. Segundo a Conab, esse estado é responsável por 55% da área utilizada com cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil. Entre os produtores paulistas foram recenseadas 120 unidades produtoras. Esse foi o único estado da região Centro-Sul onde a variedade RB867515 não aparece como a primeira colocada, sendo superada pelas variedades RB966928 e CTC4.
Segundo o Censo Varietal IAC na safra 2022/23, os produtores paulistas plantaram aproximadamente 627 mil hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: CTC4 (com 11,2% da área de plantio), RB966928 (11,1%), RB975242 (9,5%), RB867515 (8,1%), RB975201 (5,9%) e CTC9001 (5,3%). Como no Parará a variedade RB867515 foi apenas a quarta mais plantada entre os produtores paulistas.
Comparando os índices de renovação no estado de São Paulo percebe-se que na safra 2022/23 houve um aumento nas áreas de plantio, pois a RPC = 18,2% foi muito superior ao da média da região Centro-Sul. Isso está se ref letindo na idade do canavial, com EMC = 3,40 (canavial mais jovem entre os estados analisados nesse artigo).
Em relação aos índices de qualidade, São Paulo foi o estado que utilizou as variedades mais modernas (IAV = 7,33) entre os estados analisados, mas ainda assim possui um nível acima do recomendado de variedades antigas. Já em relação à concentração varietal os produtores paulistas alcançaram a excelência, com ICVA de apenas 0,44 (nenhuma variedade atingiu mais de 15% da área total cultivada). São Paulo também foi o estado onde houve o maior uso de variedades precoces (IMV = 6,43). São Paulo por ser o maior estado produtor de cana-de-açúcar do Brasil foi dividido em seis regiões: Araçatuba, Assis, Jaú, Piracicaba, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto com a intenção de detalhar mais os resultados das variedades regionalmente.
Região de Araçatuba
Na região de Araçatuba foram levantadas informações sobre 30 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 12. Nessa região houve uma concentração na variedade CTC4, ocupando mais de um quinto da área total cultivada. A área de renovação recenseada, na safra 2022/23, entre os produtores do oeste paulista foi de 159 mil hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: CTC4 (18,3% da área de renovação), RB966928 (14,6%), RB867515 (10,8%), RB975242 (9,2%), RB975201 (8,9%) e CV7870 (5,1%). Entre as variedades IAC, a mais plantada foi a IACSP01-5503.
Considerando os índices para a região de Araçatuba, a RPC = 19,5% (superior à média do estado de São Paulo), EMC = 3,12 (cana mais jovem do estado de São Paulo), IAV = 7,65 (maior uso de variedades antigas), ICVA = 0,65 (concentração varietal intermediária) e IMV = 6,72 (maior uso de variedades precoces).
Região de Assis
Na região de Assis, foram levantadas informações sobre 11 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 13. Nessa região houve uma maior diversificação entre as variedades, sendo que a principal variedade (RB966928), ocupou apenas 15,6% da área total cultivada.
O censo varietal realizado entre os produtores do sul do estado de São Paulo levantou informações de 49 mil hectares, em áreas de renovação, sendo que sete variedades ocuparam mais de 5% dessa área: RB867515 (16,2%, da área plantada), CTC9001 e RB966928 (ambas com 11,0%), IACSP04-6007 (6,9%), RB975242 (5,4%), CTC4 (5,3%) e CTC9003 (5,1%).
Em relação aos índices de renovação, a região de Assis foi, proporcionalmente, a que menos plantou no estado de São Paulo (RPC = 14,5%) e em relação a idade média do canavial, o EMC = 3,46 foi igual ao da média do estado de São Paulo. Já para os índices de qualidade, o IAV = 7,01 indica maior uso de variedades antigas, ICVA = 0,45 (atingiu o nível de excelência na safra) e IMV = 6,45 (uso intensivo de variedades precoces).
Região de Jaú
Na região de Jaú foram levantadas informações sobre 16 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 14. Nessa região as principais variedades (RB966928 e RB867515) não atingiram 15% da área cultivada, indicando a baixa concentração varietal.
A área de plantio recenseada na região de Jaú foi de 103 mil hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: RB867515 (12,1%, da área de renovação), RB975242 (8,7%), RB966928 (7,5%), CTC9001 (6,7%) e CV7870 (6,0%). Entre as variedades IAC, a IACSP01-5503 foi novamente a mais plantada com 1,3% da área de formação. Considerando os índices para a região de Jáu, a RPC = 18,6% foi superior ao da média do estado de São Paulo, EMC = 3,42 (próximo ao do estado de São Paulo), IAV = 7,39 (maior uso de variedades antigas), ICVA = 0,42 (atingiu o nível de excelência na safra) e IMV = 6,44 (uso intensivo de variedades precoces).
Região de Piracicaba
No censo varietal da região de Piracicaba foram levantadas informações sobre 12 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 15. Nessa região, também houve baixa concentração varietal, sendo que a principal variedade (RB966928) atingiu apenas 14,6% da área total cultivada.
A área de renovação recenseada, na safra 2022/23, entre os produtores da região de Piracicaba foi de 31 mil hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: RB966928 (14,7% da área de renovação), CTC4 (9,1%), CTC1007 (6,7%), CTC9001 (6,5%) e CV6654 e CTC9003 (ambas com 5,1%). A IACSP95-5094 foi a variedade IAC mais plantada na região. Considerando os índices para a região de Piracicaba, a RPC = 17,4% (similar a média do estado de São Paulo), EMC = 3,59 (superior à média do estado de São Paulo), IAV = 7,86 (uso intensivo de variedades antigas), ICVA = 0,40 (concentração varietal muito baixa) e IMV = 6,12 (região do estado que mais usou variedades precoces na safra).
Região de Ribeirão Preto
Na região de Ribeirão Preto foram levantadas informações sobre 25 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 16. Nessa região a variedades mais utilizada foi a CTC4, com 14,3% da área cultivada, indicando baixa concentração varietal.
Em relação à área de renovação, na safra 2022/23, entre os produtores da região de Ribeirão Preto as principais variedades utilizadas foram: CTC4 (11,2% da área de plantio), RB966928 (8,7%), RB985476 (6,5%), CTC9001 (6,0%), CTC2994 (5,9%) e IACSP95-5094 (5,4%), sendo que a área de renovação foi de 125 mil hectares.
Considerando os índices para a região de Ribeirão Preto, a RPC = 17,2% (similar ao da média do estado de São Paulo) e EMC = 3,84 foi o maior do estado de São Paulo (indicando o canavial mais envelhecido), IAV = 7,82 (uso intensivo de variedades antigas), ICVA = 0,40 (concentração varietal muito baixa) e IMV = 6,25 (uso intensivo de variedades precoces).
Região de São José do Rio Preto
O censo varietal IAC na região de São José do Rio Preto foi realizado a partir de 26 unidades produtoras. As principais variedades são apresentadas na Figura 17. Nessa região duas variedades se destacaram como as mais cultivadas: CTC4 e RB966928, praticamente empatadas.
Em relação à área de renovação recenseada na região de São José do Rio Preto, oito variedades ocuparam mais de 5% da área de 160 mil hectares. As mais importantes foram: RB975242 (16,6% da área de renovação), RB966928
(11,0%), CTC4 (10,5%), RB975201 (7,5%), RB975033 (6,8%), CV7870 (6,5%), RB867515 e RB985476 (ambas com 5,2%) e CTC9003 (5,1%). Entre as variedades IAC a mais plantada foi a IACSP95-5094 com 1,9% da área de formação.
A região de São José do Rio Preto se destacou pelo uso de variedades mais novas, o IAV = 6,56 foi o menor do estado de São Paulo na safra. A RPC = 19,4% foi umas das maiores do estado de São Paulo e o EMC = 3,24 foi abaixo da média do estado de São Paulo, o ICVA = 0,52 indica concentração varietal intermediária e o IMV = 6,43 mostra o uso intensivo de variedades precoces.
Centro-Sul
Em relação à área total recenseada no Censo Varietal IAC para a região Centro-Sul na safra 2022/23, foram levantadas informações de 225 unidades produtoras. As áreas das principais variedades podem ser encontradas na Figura 18. A variedade RB867515 atingiu a primeira colocação pelo décimo sexto ano consecutivo, indicando a sua importância entre os produtores. Entre as variedades IAC, a IACSP95-5094 passou a ser a mais importante, superando a IAC91-1099.
A área de renovação recenseada, na safra 2022/23, pelo Censo Varietal IAC, na região Centro-Sul foi de mais de um milhão de hectares, sendo que as principais variedades utilizadas foram: RB867515 (11,8% da área de plantio), RB966928 (10,8%), CTC4 (10,1%), RB975242 (7,3%) e CTC9001 (5,1%). Entre as variedades IAC as que mais se destacaram foram IACSP95-5094, com 2,0% das áreas de renovação, seguida da IACSP01-5503 (1,4%).
Variação de área
Comparando-se a porcentagem de plantio com a de colheita de uma variedade podemos saber se ela está crescendo ou decrescendo em área. Na diferença entre a % Plantio - % Colheita valores positivos indicam que a variedade está crescendo e o inverso que ela está diminuindo em área.
A Figura 19 apresenta essa informação para as 15 principais variedades cultivadas na região Centro-Sul na safra 2022/23. É interessante observar que as seis variedades mais utilizadas nessa safra estão tendo suas áreas reduzidas, indicando a maior disposição dos produtores em atualizar as suas variedades.A variedade que mais cresceu na safra foi a RB975242, com uma diferença bem superior às demais.
Esses dados demonstram a crescente diversificação no uso de variedades que associada ao correto estudo do ambiente edafoclimático permite aproveitar ao máximo a interação genótipo e ambientes gerando ganhos superiores para os produtores. O Programa Cana IAC agradece a todas as empresas que confiaram no nosso trabalho e enviaram os seus dados para que pudéssemos gerar essas análises.