As usinas do Centro-Sul do Brasil devem deixar volume maior de cana-de-açúcar da safra 2015/16 para ser processada apenas na próxima temporada, a chamadacana bisada. Representantes ouvidos pelo Broadcast relatam que as chuvas entre abril e julho e a perspectiva de fortalecimento do El Niño até o fim de 2015 tendem a atrasar a colheita, acarretando maior oferta de matéria-prima para o ano que vem. Para o sócio-diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, esse volume pode ser "o dobro ou até o triplo" na comparação com as 10 milhões de toneladas registradas na virada de 2014/15 para o atual ciclo.
Caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, o El Niño provoca chuvas acima da média no Sul do Brasil e em partes de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Como a colheita de cana nessas áreas é cada vez mais mecanizada, as precipitações acabam por retardar ou mesmo interromper os trabalhos de campo, exatamente como já observado nesses primeiros meses da safra 2015/16, por causa da dificuldade de entrada das máquinas nos canaviais.
De acordo com o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, até 1º de julho as paralisações no Centro-Sul em razão das chuvas superavam em dois dias as computadas em igual intervalo do ano passado. Pode parecer pouco, mas um dia "perdido" na principal região produtora do País significa até 3 milhões de toneladas de cana que deixam de ser colhidas. Vale lembrar que essa parcial ainda não leva em conta as precipitações ocorridas no início de julho, quando usinas de São Paulo ficaram até três dias sem operar, enquanto em Mato Grosso do Sul algumas unidades passaram a primeira quinzena inteira sem processar.
Conforme Nastari, o El Niño deve se intensificar a partir de setembro e atingir seu pico no último trimestre do ano. "Mas os efeitos para o Centro-Sul permanecem incertos", ponderou o presidente da Datagro, que espera um volume de cana bisada de 14 milhões de toneladas. "Nossa projeção de moagem é de 591 milhões de toneladas. Isso indica que a disponibilidade de cana para ser moída é de 605 milhões de toneladas (no Centro-Sul)", explicou.
Pelo mais recente relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), as unidades produtoras da região processaram 200,53 milhões de toneladas de cana até a segunda quinzena de junho, queda de 1,21% na comparação anual.
Preços
Mesmo com essas previsões, o setor ainda desconsidera uma recuperação firme das cotações futuras do açúcar demerara, negociado na Bolsa de Nova York. A avaliação é de que os estoques globais continuam amplos, de modo que nem mesmo a alocação maior de cana para fabricação de etanol no Centro-Sul poderá dar algum suporte aos preços.
"A curva (de preços) piorou muito e o mercado físico está muito parado", disse ao Broadcast o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa. Pelas suas simulações, o valor da commodity pode superar os 13 centavos de dólar por libra-peso até outubro, mas não ir muito além disso. Atualmente, o mercado trabalha abaixo dos 12 centavos de dólar por libra-peso.
"Só devemos ter recuperação (de preços) a partir de 2016", disse o diretor da Archer. "No ano que vem devemos ter um ciclo de déficit (de açúcar)", acrescentou Nastari, da Datagro, referindo-se a um fator de suporte para as cotações. A Datagro prevê déficit de 1,43 milhão de toneladas na temporada global 2015/16, que se inicia em 1º de outubro, o primeiro após quatro anos de superávit.
As usinas do Centro-Sul do Brasil devem deixar volume maior de cana-de-açúcar da safra 2015/16 para ser processada apenas na próxima temporada, a chamada cana bisada. Representantes ouvidos pelo Broadcast relatam que as chuvas entre abril e julho e a perspectiva de fortalecimento do El Niño até o fim de 2015 tendem a atrasar a colheita, acarretando maior oferta de matéria-prima para o ano que vem. Para o sócio-diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, esse volume pode ser "o dobro ou até o triplo" na comparação com as 10 milhões de toneladas registradas na virada de 2014/15 para o atual ciclo.
Caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, o El Niño provoca chuvas acima da média no Sul do Brasil e em partes de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Como a colheita de cana nessas áreas é cada vez mais mecanizada, as precipitações acabam por retardar ou mesmo interromper os trabalhos de campo, exatamente como já observado nesses primeiros meses da safra 2015/16, por causa da dificuldade de entrada das máquinas nos canaviais.
De acordo com o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, até 1º de julho as paralisações no Centro-Sul em razão das chuvas superavam em dois dias as computadas em igual intervalo do ano passado. Pode parecer pouco, mas um dia "perdido" na principal região produtora do País significa até 3 milhões de toneladas de cana que deixam de ser colhidas. Vale lembrar que essa parcial ainda não leva em conta as precipitações ocorridas no início de julho, quando usinas de São Paulo ficaram até três dias sem operar, enquanto em Mato Grosso do Sul algumas unidades passaram a primeira quinzena inteira sem processar.
Conforme Nastari, o El Niño deve se intensificar a partir de setembro e atingir seu pico no último trimestre do ano. "Mas os efeitos para o Centro-Sul permanecem incertos", ponderou o presidente da Datagro, que espera um volume de cana bisada de 14 milhões de toneladas. "Nossa projeção de moagem é de 591 milhões de toneladas. Isso indica que a disponibilidade de cana para ser moída é de 605 milhões de toneladas (no Centro-Sul)", explicou.
Pelo mais recente relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), as unidades produtoras da região processaram 200,53 milhões de toneladas de cana até a segunda quinzena de junho, queda de 1,21% na comparação anual.
Preços
Mesmo com essas previsões, o setor ainda desconsidera uma recuperação firme das cotações futuras do açúcar demerara, negociado na Bolsa de Nova York. A avaliação é de que os estoques globais continuam amplos, de modo que nem mesmo a alocação maior de cana para fabricação de etanol no Centro-Sul poderá dar algum suporte aos preços.
"A curva (de preços) piorou muito e o mercado físico está muito parado", disse ao Broadcast o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa. Pelas suas simulações, o valor da commodity pode superar os 13 centavos de dólar por libra-peso até outubro, mas não ir muito além disso. Atualmente, o mercado trabalha abaixo dos 12 centavos de dólar por libra-peso.
"Só devemos ter recuperação (de preços) a partir de 2016", disse o diretor da Archer. "No ano que vem devemos ter um ciclo de déficit (de açúcar)", acrescentou Nastari, da Datagro, referindo-se a um fator de suporte para as cotações. A Datagro prevê déficit de 1,43 milhão de toneladas na temporada global 2015/16, que se inicia em 1º de outubro, o primeiro após quatro anos de superávit.