A Ceres Sementes, uma empresa de biotecnologia que desenvolve e comercializa
sementes de culturas agrícolas, tem feito experimentos com o acompanhamento
da Canaoeste para o plantio e avaliação dos principais híbridos de sorgo sacarino e de alta biomassa. Confira entrevista com o engenheiro agrônomo José Geraldo Sousa Junior, gerente de desenvolvimento e tecnologia da Ceres Sementes:
Revista Canavieiros - No que consiste este projeto?
José Geraldo Sousa Junior - O projeto consiste na parceria entre a Ceres e a Canaoeste para plantio e avaliação dos principais híbridos de sorgo sacarino e de alta biomassa da linha Blade®, visando ao desenvolvimento e identificação dos melhores produtos para o mercado (Sorgo Sacarino Blade® - produção de etanol e energia elétrica a partir do bagaço, e Sorgo Alta Biomassa Blade® - produção de energia elétrica e calor) e sua adaptação nas diversas regiões. Durante a condução da cultura, são realizadas
avaliações de resistência à doença, pragas, produtividade e todas análises tecnológicas para caracterização de seu potencial produtivo, seja ele para produção de mais etanol ou mais biomassa. A condução do campo e avaliação dos produtos foram realizadas por Jorge Henrique de Souza, agrônomo da Ceres, com acompanhamento da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan, em áreas de fornecedores de cana e usinas, elevando
o nível de conhecimento da cultura do sorgo sacarino e alta biomassa oferecidos ao mercado sob a marca Blade®.
Revista Canavieiros - Qual o seu objetivo?
JGSJ - Este projeto está sendo desenvolvido em parceria com as usinas de cana-de-açúcar e associações de fornecedores, com objetivo de aumentar a rentabilidade do setor sucroenergético e complementar a oferta de matéria-prima ao mercado. A recomendação para o sorgo Blade®, tanto sacarino quanto de alta biomassa, é para o plantio nas áreas de reforma dos canaviais, não competindo com a cana em nenhum momento. O sorgo sacarino Blade® pode ser colhido a partir de março, ou seja, com a antecipação da safra, bem como iniciar ou apenas complementar a oferta de matéria-prima na safra. O sorgo alta biomassa Blade® pode ser colhido a partir de abril, já com a umidade de 50%, ideal para consumo nas caldeiras e geração de energia. Agricultores
situados no entorno das usinas podem tornar-se fornecedores diretos para ambos
os produtos, maximizando sua terra com o plantio de outra cultura na safrinha.
Revista Canavieiros - Ele aconteceu em qual período?
JGSJ - Este trabalho é realizado anualmente no período de entressafra da cana-de-açúcar, isso é, de novembro a abril.
Revista Canavieiros - Quais foram os resultados conquistados?
JGSJ - Neste particular, os avanços também têm sido representativos. Alguns dados extraídos da última safra ajudam a explicar essa evolução. Por exemplo, a linha de híbridos de sorgo alta biomassa Blade® apresentou produtividade média de 26 a 34 toneladas/ha com 50% de umidade, dependendo da regional, chegando a até 47 toneladas por hectare com 50% de umidade (umidade similar ao bagaço de cana utilizado em caldeiras nas usinas e demais empresas consumidoras de biomassa
para geração de calor e energia). O estudo mostra ainda que o custo total de produção dos híbridos Blade® de Alta Biomassa está situado entre R$ 65 e R$ 85 por tonelada a 50% de umidade entregue na Usina (CIF), considerando distância de 20km.
No tocante aos híbridos Blade® de sorgo sacarino avaliados pela Ceres na safra 13/14, encerrada em abril último, todos registraram saltos de produtividade, a exemplo do que vinha ocorrendo nos anos anteriores. A produção de etanol por hectare plantado atingiu até 3,9 mil litros/ha, e apresentou entrega média de 2,9 aos 3,3 mil litros/ha, dependendo da regional. O que mais tem estimulado o plantio de sorgo sacarino pelas usinas, em resumo, é a possibilidade de essas empresas estenderem a produção de etanol por mais 60 dias ao ano, basicamente com emprego do mesmo maquinário
utilizado no processamento da cana-de--açúcar. Em geral, os híbridos Blade® apresentam crescimento muito rápido, em torno de 4 meses, e boa tolerância a
interpéries climáticos.
Revista Canavieiros - Há perspectivas de novos projetos similares serem executados
em parceria com a Canaoeste?
JGSJ - Sim. O intuito é de anualmente levar para Canaoeste materiais pré-comerciais vindos do nosso programa de melhoramento genético para serem testados e validados junto com a equipe Canaoeste.
Revista Canavieiros - Qual a viabilidade técnica da plantação do cultivo de sorgo na região de atuação da Canaoeste, na sua opinião?
JGSJ - A Ceres Sementes é uma empresa focada na cultura, portanto considerada
Expert em Sorgo. Esse foco nos traz a responsabilidade de oferecer os melhores produtos de acordo com as diversas regiões de cultivo de cana, principalmente no Centro-Sul do país. A fim de avaliar a viabilidade técnica nesta e demais regiões, este tipo de parceria é fundamental para afirmar nossa recomendação, bem como a realização de testes em nossa estação experimental onde são desenvolvidas e avaliadas as melhores práticas agronômicas de manejo, juntamente com o programa de melhoramento, que avalia anualmente mais de 2 mil materiais no local, repetindo experimentos em diversas áreas do Brasil. Assim, como Experts em Sorgo, temos
recomendações seguras para implementação da cultura capazes de trazer retorno econômico para o setor nas diversas regiões (Mapa), bem como dar suporte para todos os clientes interessados em seu desenvolvimento.
Revista Canavieiros - O sorgo é uma nova cultura. Quais são as necessidades para a sua produção, como tratos culturais, etc.?
JGSJ - Como Experts em Sorgo, temos desenvolvido diversos programas de suporte técnico junto às empresas e agricultores que queiram aderir à cultura. De maneira geral, os tratos culturais são muito parecidos com outras culturas anuais, demandando após o plantio apenas uma adubação de cobertura que pode ser feita a lanço ou no suco e duas aplicações de defensivos, podendo ser realizada com qualquer tipo de pulverizador.
É importante destacar que os mesmos equipamentos empregados na colheita, moagem e no processamento da cana--de-açúcar servem ao do sorgo sacarino, sem necessidade de adaptações e foram testados industrialmente. Para o sorgo alta biomassa, a colheita é feita com forrageira, aumentando a produtividade e trazendo benefícios quanto ao poder calorífico do sorgo, com 1.800 kcal/kg e baixos níveis de impurezas minerais.
Revista Canavieiros - O sorgo tem vantagem competitiva em relação à cana-de-açúcar?
JGSJ - O sorgo sacarino é uma cultura complementar à cana-de-açúcar. Em nenhum momento se pensou no desenvolvimento dos híbridos, tendo em vista a substituição da cana, mas sua complementariedade, principalmente pelo plantio ser realizado nas áreas de reforma dos canaviais. Uma projeção da consultoria DATAGRO, divulgada recentemente pela Agência de Notícias CMA, indica que a cultura do sorgo sacarino pode
adicionar 5 bilhões de litros de etanol à produção brasileira, que é da ordem 25 bilhões de litros anuais. O sorgo alta biomassa vem complementar a oferta de biomassa, no caso específico das usinas do setor sucroenergético, o bagaço proveniente da produção
de açúcar e etanol. Com o sorgo é possível complementar o volume de biomassa visando ao aumento na produção de energia elétrica e calor, produto muito bem avaliado pelas empresas que hoje exportam parte da sua energia para o grid da ANEEL, complementando sua fonte de renda.
Revista Canavieiros - A Ceres disponibiliza no mercado híbridos de sorgo sacarino e sorgo de alta biomassa da marca Blade® no Brasil. Além desses, existem outras variedades?
JGSJ – Recentemente, a Ceres anunciou o lançamento de seu primeiro híbrido de sorgo silagem, comercializado com a marca Blade® GrandSilo BD1615, destinado à produção de base para alimentação de bovinos (corte e leite). O portfólio da empresa, portanto, abrange os seguintes híbridos de alta biomassa Blade®: BD7605, Blade® BD7607 e
Blade® CB7520, também os híbridos de sorgo sacarino Blade® BD5404 e uma
variedade Embrapa, licenciada com exclusividade para a Ceres.
Revista Canavieiros - Quantas unidades aderiram à tecnologia da Ceres na última safra? E na atual?
JGSJ - Mais de 40 unidades testaram os produtos Blade® na última safra. Para a safra atual, apontamos que a expectativa é que o número seja superior ao ciclo anterior.
Revista Canavieiros - Em 2014, a Ceres foi contemplada com recursos do programa PAISS, do BNDES e da Finep, para consolidar os avanços da cultura de sorgo e pesquisar variedades de cana transgênica e cana energia. Como está este processo? Há novidades
para os próximos anos?
JGSJ - A Ceres continua com os processos de desenvolvimento de sorgo e cana transgênica, porém, neste momento, por questões estratégicas, não poderemos
dar mais informações a respeito.
A Ceres Sementes, uma empresa de biotecnologia que desenvolve e comercializa
sementes de culturas agrícolas, tem feito experimentos com o acompanhamento
da Canaoeste para o plantio e avaliação dos principais híbridos de sorgo sacarino e de alta biomassa. Confira entrevista com o engenheiro agrônomo José Geraldo Sousa Junior, gerente de desenvolvimento e tecnologia da Ceres Sementes:
Revista Canavieiros - No que consiste este projeto?
José Geraldo Sousa Junior - O projeto consiste na parceria entre a Ceres e a Canaoeste para plantio e avaliação dos principais híbridos de sorgo sacarino e de alta biomassa da linha Blade®, visando ao desenvolvimento e identificação dos melhores produtos para o mercado (Sorgo Sacarino Blade® - produção de etanol e energia elétrica a partir do bagaço, e Sorgo Alta Biomassa Blade® - produção de energia elétrica e calor) e sua adaptação nas diversas regiões. Durante a condução da cultura, são realizadas avaliações de resistência à doença, pragas, produtividade e todas análises tecnológicas para caracterização de seu potencial produtivo, seja ele para produção de mais etanol ou mais biomassa. A condução do campo e avaliação dos produtos foram realizadas por Jorge Henrique de Souza, agrônomo da Ceres, com acompanhamento da gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan, em áreas de fornecedores de cana e usinas, elevando
o nível de conhecimento da cultura do sorgo sacarino e alta biomassa oferecidos ao mercado sob a marca Blade®.
Revista Canavieiros - Qual o seu objetivo?
JGSJ - Este projeto está sendo desenvolvido em parceria com as usinas de cana-de-açúcar e associações de fornecedores, com objetivo de aumentar a rentabilidade do setor sucroenergético e complementar a oferta de matéria-prima ao mercado. A recomendação para o sorgo Blade®, tanto sacarino quanto de alta biomassa, é para o plantio nas áreas de reforma dos canaviais, não competindo com a cana em nenhum momento. O sorgo sacarino Blade® pode ser colhido a partir de março, ou seja, com a antecipação da safra, bem como iniciar ou apenas complementar a oferta de matéria-prima na safra. O sorgo alta biomassa Blade® pode ser colhido a partir de abril, já com a umidade de 50%, ideal para consumo nas caldeiras e geração de energia. Agricultores situados no entorno das usinas podem tornar-se fornecedores diretos para ambos os produtos, maximizando sua terra com o plantio de outra cultura na safrinha.
Revista Canavieiros - Ele aconteceu em qual período?
JGSJ - Este trabalho é realizado anualmente no período de entressafra da cana-de-açúcar, isso é, de novembro a abril.
Revista Canavieiros - Quais foram os resultados conquistados?
JGSJ - Neste particular, os avanços também têm sido representativos. Alguns dados extraídos da última safra ajudam a explicar essa evolução. Por exemplo, a linha de híbridos de sorgo alta biomassa Blade® apresentou produtividade média de 26 a 34 toneladas/ha com 50% de umidade, dependendo da regional, chegando a até 47 toneladas por hectare com 50% de umidade (umidade similar ao bagaço de cana utilizado em caldeiras nas usinas e demais empresas consumidoras de biomassa para geração de calor e energia). O estudo mostra ainda que o custo total de produção dos híbridos Blade® de Alta Biomassa está situado entre R$ 65 e R$ 85 por tonelada a 50% de umidade entregue na Usina (CIF), considerando distância de 20km.
No tocante aos híbridos Blade® de sorgo sacarino avaliados pela Ceres na safra 13/14, encerrada em abril último, todos registraram saltos de produtividade, a exemplo do que vinha ocorrendo nos anos anteriores. A produção de etanol por hectare plantado atingiu até 3,9 mil litros/ha, e apresentou entrega média de 2,9 aos 3,3 mil litros/ha, dependendo da regional. O que mais tem estimulado o plantio de sorgo sacarino pelas usinas, em resumo, é a possibilidade de essas empresas estenderem a produção de etanol por mais 60 dias ao ano, basicamente com emprego do mesmo maquinário utilizado no processamento da cana-de--açúcar. Em geral, os híbridos Blade® apresentam crescimento muito rápido, em torno de 4 meses, e boa tolerância a interpéries climáticos.
Revista Canavieiros - Há perspectivas de novos projetos similares serem executados em parceria com a Canaoeste?
JGSJ - Sim. O intuito é de anualmente levar para Canaoeste materiais pré-comerciais vindos do nosso programa de melhoramento genético para serem testados e validados junto com a equipe Canaoeste.
Revista Canavieiros - Qual a viabilidade técnica da plantação do cultivo de sorgo na região de atuação da Canaoeste, na sua opinião?
JGSJ - A Ceres Sementes é uma empresa focada na cultura, portanto considerada
Expert em Sorgo. Esse foco nos traz a responsabilidade de oferecer os melhores produtos de acordo com as diversas regiões de cultivo de cana, principalmente no Centro-Sul do país. A fim de avaliar a viabilidade técnica nesta e demais regiões, este tipo de parceria é fundamental para afirmar nossa recomendação, bem como a realização de testes em nossa estação experimental onde são desenvolvidas e avaliadas as melhores práticas agronômicas de manejo, juntamente com o programa de melhoramento, que avalia anualmente mais de 2 mil materiais no local, repetindo experimentos em diversas áreas do Brasil. Assim, como Experts em Sorgo, temos recomendações seguras para implementação da cultura capazes de trazer retorno econômico para o setor nas diversas regiões (Mapa), bem como dar suporte para todos os clientes interessados em seu desenvolvimento.
Revista Canavieiros - O sorgo é uma nova cultura. Quais são as necessidades para a sua produção, como tratos culturais, etc.?
JGSJ - Como Experts em Sorgo, temos desenvolvido diversos programas de suporte técnico junto às empresas e agricultores que queiram aderir à cultura. De maneira geral, os tratos culturais são muito parecidos com outras culturas anuais, demandando após o plantio apenas uma adubação de cobertura que pode ser feita a lanço ou no suco e duas aplicações de defensivos, podendo ser realizada com qualquer tipo de pulverizador.
É importante destacar que os mesmos equipamentos empregados na colheita, moagem e no processamento da cana--de-açúcar servem ao do sorgo sacarino, sem necessidade de adaptações e foram testados industrialmente. Para o sorgo alta biomassa, a colheita é feita com forrageira, aumentando a produtividade e trazendo benefícios quanto ao poder calorífico do sorgo, com 1.800 kcal/kg e baixos níveis de impurezas minerais.
Revista Canavieiros - O sorgo tem vantagem competitiva em relação à cana-de-açúcar?
JGSJ - O sorgo sacarino é uma cultura complementar à cana-de-açúcar. Em nenhum momento se pensou no desenvolvimento dos híbridos, tendo em vista a substituição da cana, mas sua complementariedade, principalmente pelo plantio ser realizado nas áreas de reforma dos canaviais. Uma projeção da consultoria DATAGRO, divulgada recentemente pela Agência de Notícias CMA, indica que a cultura do sorgo sacarino pode adicionar 5 bilhões de litros de etanol à produção brasileira, que é da ordem 25 bilhões de litros anuais. O sorgo alta biomassa vem complementar a oferta de biomassa, no caso específico das usinas do setor sucroenergético, o bagaço proveniente da produção de açúcar e etanol. Com o sorgo é possível complementar o volume de biomassa visando ao aumento na produção de energia elétrica e calor, produto muito bem avaliado pelas empresas que hoje exportam parte da sua energia para o grid da ANEEL, complementando sua fonte de renda.
Revista Canavieiros - A Ceres disponibiliza no mercado híbridos de sorgo sacarino e sorgo de alta biomassa da marca Blade® no Brasil. Além desses, existem outras variedades?
JGSJ – Recentemente, a Ceres anunciou o lançamento de seu primeiro híbrido de sorgo silagem, comercializado com a marca Blade® GrandSilo BD1615, destinado à produção de base para alimentação de bovinos (corte e leite). O portfólio da empresa, portanto, abrange os seguintes híbridos de alta biomassa Blade®: BD7605, Blade® BD7607 e Blade® CB7520, também os híbridos de sorgo sacarino Blade® BD5404 e uma variedade Embrapa, licenciada com exclusividade para a Ceres.
Revista Canavieiros - Quantas unidades aderiram à tecnologia da Ceres na última safra? E na atual?
JGSJ - Mais de 40 unidades testaram os produtos Blade® na última safra. Para a safra atual, apontamos que a expectativa é que o número seja superior ao ciclo anterior.
Revista Canavieiros - Em 2014, a Ceres foi contemplada com recursos do programa PAISS, do BNDES e da Finep, para consolidar os avanços da cultura de sorgo e pesquisar variedades de cana transgênica e cana energia. Como está este processo? Há novidades para os próximos anos?
JGSJ - A Ceres continua com os processos de desenvolvimento de sorgo e cana transgênica, porém, neste momento, por questões estratégicas, não poderemos
dar mais informações a respeito.