Várias doenças podem afetar a cultura da cana-de-açúcar, podendo causar sérios prejuízos. O fungo Colletotrichum falcatum é o responsável pela doença conhecida por podridão vermelha que ataca severamente o colmo e pode reduzir a produtividade e a qualidade da matéria-prima.
Para esclarecer os leitores sobre o que é a doença, sua forma de propagação, prejuízos dentre outros, a Revista Canavieiros entrevistou o fitopatologista, consultor na área de fotossanidade Álvaro Sanguino. Confira!
Revista Canavieiros: O que é o Colletotrichum falcatum e quais os danos causados por ele?
Álvaro Sanguino: O Colletotrichum é um fungo, velho conhecido na cultura da cana-de-açúcar. Ele causa a doença conhecida como podridão vermelha e normalmente entra pelo furo da broca. O que estamos sentindo no momento é uma nova forma de ataque sem ser pelo furo da broca. O fungo está entrando diretamente no tecido da cana e provocando o mesmo problema, porém muito mais sério do que era com o furo da broca.
Revista Canavieiros: Quando esse fungo surgiu e qual a sua origem?
Álvaro Sanguino: Talvez seja a primeira doença da cana descrita. Surgiu na Índia, foi classificado e como é um fungo que ocorre no interior da cana, deve ter vindo para o Brasil dentro de alguma variedade trazida no passado. Hoje, para nós, ele é um fungo extremamente comum em cana.
Revista Canavieiros: Que fatores levam esse fungo aos canaviais?
Álvaro Sanguino: O ambiente úmido que ocorre no verão, é o principal fator. O fungo penetra a cana através da água da chuva. Ele se alimenta da sacarose e é prejudicial porque causa perda de açúcares no colmo e provoca o apodrecimento e morte da planta.
Revista Canavieiros: Como se distingue uma mancha de Colletotrichum de uma mancha por deficiência de potássio?
Álvaro Sanguino: Descrever é difícil, mas recomendamos que se faça um corte transversal na nervura que está com a mancha vermelha, se aquela mancha for totalmente vermelha na seção toda do corte é o Colletotrichum. Se ela for vermelha apenas nas bordas e o centro for branco, é potássio.
Revista Canavieiros: O que o Colletotrichum é capaz de causar no canavial?
Álvaro Sanguino: Prejuízos. Conversando com um pessoal, alguns descreveram perdas de 35% na produtividade e 35% em teor de açúcar.
Revista Canavieiros: Por que esse fungo tem chamado tanta a atenção?
Álvaro Sanguino: Simplesmente porque ele está ocorrendo numa intensidade muito grande e crescendo em área. Enquanto a doença estava restrita em algumas regiões ou em algumas usinas, só era importante para quem tinha, mas ela está se alastrando muito rápido, atingindo regiões inteiras e todos estão em alerta porque o prejuízo é muito grande.
Revista Canavieiros: Quais as regiões com maior ocorrência do Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Temos conhecimento de infestações no Triângulo Mineiro - região de Uberaba, Iturama, no Mato Grosso do Sul, em Araçatuba-SP e, recentemente, na região de Sertãozinho-SP.
Revista Canavieiros: Quais as variedades mais suscetíveis e quais as mais resistentes ao Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Não podemos dizer qual é a mais resistente, só podemos afirmar que nas variedades mais plantadas, todas estão com grande intensidade de infestação.
Revista Canavieiros: Em termos de prejuízos para o produtor, o que o ataque
do Colletotrichum pode causar?
Álvaro Sanguino: Se ele é um produtor de cana e vai vender para usina, pode ter muita perda de peso e, perda na usina em açúcar, significa um prejuízo muito grande. Um exemplo, se ele fosse tirar 130 quilos por tonelada, com a doença, tiraria 80, 70 quilos.
Revista Canavieiros: Esse fungo pode matar a cana na brotação de soqueira?
Álvaro Sanguino: Sim, é uma doença sistêmica, que acompanha a planta desde a ponta da raiz até a folha, podendo matar a brotação de soqueira e pode também causar falha de plantio.
Revista Canavieiros: Quais as medidas para combater o Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Hoje não há medida de combate. Não se tem e não há o conhecimento de nenhum fungicida para controle. O que se sabe é que em áreas que tiveram fogo acidental a doença diminuiu drasticamente, mas como a queima é proibida, você não pode recomendar isso como assepsia. Essa doença não foi importante enquanto existiu fogo na cana, ela sempre esteve aí e hoje se tornou importante porque a cana é colhida crua e a palhada fica sobre o solo.
Revista Canavieiros: O senhor gostaria de fazer alguma consideração sobre o Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Sim, eu acho que os produtores precisam ir mais ao campo, olhar o seu canavial por dentro, não apenas nas beiradas e nos carreadores. Muitos não estão fazendo isso, a maior parte se baseia em dados de computador. É preciso começar a examinar o que está acontecendo dentro dos canaviais porque quando ele descobre o fungo pode ser tarde, o prejuízo já está instalado. Uma das medidas para minimizar o prejuízo dessa doença é colher a cana mais cedo e não deixar a cana apodrecer.
Várias doenças podem afetar a cultura da cana-de-açúcar, podendo causar sérios prejuízos. O fungo Colletotrichum falcatum é o responsável pela doença conhecida por podridão vermelha que ataca severamente o colmo e pode reduzir a produtividade e a qualidade da matéria-prima.
Para esclarecer os leitores sobre o que é a doença, sua forma de propagação, prejuízos dentre outros, a Revista Canavieiros entrevistou o fitopatologista, consultor na área de fotossanidade Álvaro Sanguino. Confira!
Revista Canavieiros: O que é o Colletotrichum falcatum e quais os danos causados por ele?
Álvaro Sanguino: O Colletotrichum é um fungo, velho conhecido na cultura da cana-de-açúcar. Ele causa a doença conhecida como podridão vermelha e normalmente entra pelo furo da broca. O que estamos sentindo no momento é uma nova forma de ataque sem ser pelo furo da broca. O fungo está entrando diretamente no tecido da cana e provocando o mesmo problema, porém muito mais sério do que era com o furo da broca.
Revista Canavieiros: Quando esse fungo surgiu e qual a sua origem?
Álvaro Sanguino: Talvez seja a primeira doença da cana descrita. Surgiu na Índia, foi classificado e como é um fungo que ocorre no interior da cana, deve ter vindo para o Brasil dentro de alguma variedade trazida no passado. Hoje, para nós, ele é um fungo extremamente comum em cana.
Revista Canavieiros: Que fatores levam esse fungo aos canaviais?
Álvaro Sanguino: O ambiente úmido que ocorre no verão, é o principal fator. O fungo penetra a cana através da água da chuva. Ele se alimenta da sacarose e é prejudicial porque causa perda de açúcares no colmo e provoca o apodrecimento e morte da planta.
Revista Canavieiros: Como se distingue uma mancha de Colletotrichum de uma mancha por deficiência de potássio?
Álvaro Sanguino: Descrever é difícil, mas recomendamos que se faça um corte transversal na nervura que está com a mancha vermelha, se aquela mancha for totalmente vermelha na seção toda do corte é o Colletotrichum. Se ela for vermelha apenas nas bordas e o centro for branco, é potássio.
Revista Canavieiros: O que o Colletotrichum é capaz de causar no canavial?
Álvaro Sanguino: Prejuízos. Conversando com um pessoal, alguns descreveram perdas de 35% na produtividade e 35% em teor de açúcar.
Revista Canavieiros: Por que esse fungo tem chamado tanta a atenção?
Álvaro Sanguino: Simplesmente porque ele está ocorrendo numa intensidade muito grande e crescendo em área. Enquanto a doença estava restrita em algumas regiões ou em algumas usinas, só era importante para quem tinha, mas ela está se alastrando muito rápido, atingindo regiões inteiras e todos estão em alerta porque o prejuízo é muito grande.
Revista Canavieiros: Quais as regiões com maior ocorrência do Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Temos conhecimento de infestações no Triângulo Mineiro - região de Uberaba, Iturama, no Mato Grosso do Sul, em Araçatuba-SP e, recentemente, na região de Sertãozinho-SP.
Revista Canavieiros: Quais as variedades mais suscetíveis e quais as mais resistentes ao Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Não podemos dizer qual é a mais resistente, só podemos afirmar que nas variedades mais plantadas, todas estão com grande intensidade de infestação.
Revista Canavieiros: Em termos de prejuízos para o produtor, o que o ataque
do Colletotrichum pode causar?
Álvaro Sanguino: Se ele é um produtor de cana e vai vender para usina, pode ter muita perda de peso e, perda na usina em açúcar, significa um prejuízo muito grande. Um exemplo, se ele fosse tirar 130 quilos por tonelada, com a doença, tiraria 80, 70 quilos.
Revista Canavieiros: Esse fungo pode matar a cana na brotação de soqueira?
Álvaro Sanguino: Sim, é uma doença sistêmica, que acompanha a planta desde a ponta da raiz até a folha, podendo matar a brotação de soqueira e pode também causar falha de plantio.
Revista Canavieiros: Quais as medidas para combater o Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Hoje não há medida de combate. Não se tem e não há o conhecimento de nenhum fungicida para controle. O que se sabe é que em áreas que tiveram fogo acidental a doença diminuiu drasticamente, mas como a queima é proibida, você não pode recomendar isso como assepsia. Essa doença não foi importante enquanto existiu fogo na cana, ela sempre esteve aí e hoje se tornou importante porque a cana é colhida crua e a palhada fica sobre o solo.
Revista Canavieiros: O senhor gostaria de fazer alguma consideração sobre o Colletotrichum?
Álvaro Sanguino: Sim, eu acho que os produtores precisam ir mais ao campo, olhar o seu canavial por dentro, não apenas nas beiradas e nos carreadores. Muitos não estão fazendo isso, a maior parte se baseia em dados de computador. É preciso começar a examinar o que está acontecendo dentro dos canaviais porque quando ele descobre o fungo pode ser tarde, o prejuízo já está instalado. Uma das medidas para minimizar o prejuízo dessa doença é colher a cana mais cedo e não deixar a cana apodrecer.