Conforme fontes da área, a estratégia da Cargill mudou após a queda de 56% em seu lucro líquido no exercício 2012, que começou em junho de 2011 e terminou em maio do ano passado. Pesaram nesse resultado negativo perdas em açúcar e algodão. Essa teria sido a razão da saída do executivo líder da área de açúcar da múlti, Jonathan Drake, que estava há 26 anos na companhia.
Com Drake, saíram quase todos os "executivos-chave" da operação. "Quase todo o comando mudou. Na Suíça, tomaram a frente os traders de grãos. No Brasil, também houve uma debandada e o líder foi para uma concorrente", afirma uma fonte. No auge, a americana chegou a movimentar globalmente 12 milhões de toneladas. Apesar de ter operações com diversas commodities em todo o mundo, a Cargill origina no Brasil cerca de 70% do açúcar que movimenta. Estima-se que 30% do volume da empresa vem de entregas na bolsa - com a liquidação física de suas posições compradas.
Outra questão que pesou é a própria mudança do mercado brasileiro de produção e comercialização de açúcar: tradings viraram usinas e usinas se fortaleceram na venda direta ao destino. Estima-se que, só com a estratégia mais agressiva das concorrentes Louis Dreyfus Commodities e Bunge na compra de usinas de cana no Brasil - entre 2009 e 2010 - a Cargill tenha perdido "usinas-clientes" que lhe vendiam 1 milhão de toneladas de açúcar.
Além disso, a empresa perdeu espaço portuário. Ficou com metade da operação que tinha no Terminal de Açúcar do Guarujá (Teag) depois que a Dreyfus comprou a Santelisa Vale e levou junto a parte da trading Crystalsev no terminal. "Quando a sociedade no Teag era com a Crystalsev, quem operava era a Cargill. Com a entrada da Dreyfus, a americana ficou só com 2 milhões de toneladas de capacidade", diz outro trader.
O apetite menor da Cargill, cuja receita global total alcança US$ 133 bilhões, coincidiu com a maior agressividade da Copersucar, que deverá faturar R$ 16 bilhões na safra 2012/13. Nas últimas três safras, a brasileira expandiu sua originação de açúcar no Brasil de 5,2 milhões de toneladas (2009/10) para 8 milhões de toneladas (2012/11), com a produção garantida de suas sócias, que respondem por mais 85% do total.
A empresa ampliou a capacidade de seu terminal portuário de 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas e criou uma companhia de afretamento marítimo com a maior refinaria do mundo, a Al Khaleej Sugar (AKS), que lhe trouxe a vantagem logística que faltava. Também abriu recentemente uma subsidiária na China para ganhar mercado na Ásia, em compras e vendas de açúcar. "Temos um modelo de negócio com foco em açúcar bruto e que integra toda a cadeia, desde a produção, a logística e o destino", diz o presidente da Copersucar Paulo Roberto de Souza.
Os concorrentes reclamam que a brasileira tem uma estratégia agressiva de descontos aos clientes, sobretudo do VVHP, um açúcar bruto de maior qualidade e que hoje responde por um terço do volume exportado pela empresa. Mas a Souza rebate dizendo que a Copersucar está crescendo sem destruir margem. "Por estarmos em toda a cadeia, temos vantagens operacionais que os concorrentes não têm", explica.
Do total de 8 milhões de toneladas originadas em 2012/13 pela Copersucar, 6 milhões de toneladas foram embarcados ao exterior e 2 milhões, foram vendidos no mercado interno. Em 2013/14, a empresa pretende elevar seu volume total de açúcar para 9 milhões de toneladas. A Copersucar vende para as 12 maiores refinarias de açúcar do mundo sendo que, em algumas, é responsável por 60% a 70% do suprimento da commodity.
Fabiana Batista
Conforme fontes da área, a estratégia da Cargill mudou após a queda de 56% em seu lucro líquido no exercício 2012, que começou em junho de 2011 e terminou em maio do ano passado. Pesaram nesse resultado negativo perdas em açúcar e algodão. Essa teria sido a razão da saída do executivo líder da área de açúcar da múlti, Jonathan Drake, que estava há 26 anos na companhia.
Com Drake, saíram quase todos os "executivos-chave" da operação. "Quase todo o comando mudou. Na Suíça, tomaram a frente os traders de grãos. No Brasil, também houve uma debandada e o líder foi para uma concorrente", afirma uma fonte. No auge, a americana chegou a movimentar globalmente 12 milhões de toneladas. Apesar de ter operações com diversas commodities em todo o mundo, a Cargill origina no Brasil cerca de 70% do açúcar que movimenta. Estima-se que 30% do volume da empresa vem de entregas na bolsa - com a liquidação física de suas posições compradas.
Outra questão que pesou é a própria mudança do mercado brasileiro de produção e comercialização de açúcar: tradings viraram usinas e usinas se fortaleceram na venda direta ao destino. Estima-se que, só com a estratégia mais agressiva das concorrentes Louis Dreyfus Commodities e Bunge na compra de usinas de cana no Brasil - entre 2009 e 2010 - a Cargill tenha perdido "usinas-clientes" que lhe vendiam 1 milhão de toneladas de açúcar.
Além disso, a empresa perdeu espaço portuário. Ficou com metade da operação que tinha no Terminal de Açúcar do Guarujá (Teag) depois que a Dreyfus comprou a Santelisa Vale e levou junto a parte da trading Crystalsev no terminal. "Quando a sociedade no Teag era com a Crystalsev, quem operava era a Cargill. Com a entrada da Dreyfus, a americana ficou só com 2 milhões de toneladas de capacidade", diz outro trader.
O apetite menor da Cargill, cuja receita global total alcança US$ 133 bilhões, coincidiu com a maior agressividade da Copersucar, que deverá faturar R$ 16 bilhões na safra 2012/13. Nas últimas três safras, a brasileira expandiu sua originação de açúcar no Brasil de 5,2 milhões de toneladas (2009/10) para 8 milhões de toneladas (2012/11), com a produção garantida de suas sócias, que respondem por mais 85% do total.
A empresa ampliou a capacidade de seu terminal portuário de 5 milhões para 7,5 milhões de toneladas e criou uma companhia de afretamento marítimo com a maior refinaria do mundo, a Al Khaleej Sugar (AKS), que lhe trouxe a vantagem logística que faltava. Também abriu recentemente uma subsidiária na China para ganhar mercado na Ásia, em compras e vendas de açúcar. "Temos um modelo de negócio com foco em açúcar bruto e que integra toda a cadeia, desde a produção, a logística e o destino", diz o presidente da Copersucar Paulo Roberto de Souza.
Os concorrentes reclamam que a brasileira tem uma estratégia agressiva de descontos aos clientes, sobretudo do VVHP, um açúcar bruto de maior qualidade e que hoje responde por um terço do volume exportado pela empresa. Mas a Souza rebate dizendo que a Copersucar está crescendo sem destruir margem. "Por estarmos em toda a cadeia, temos vantagens operacionais que os concorrentes não têm", explica.
Do total de 8 milhões de toneladas originadas em 2012/13 pela Copersucar, 6 milhões de toneladas foram embarcados ao exterior e 2 milhões, foram vendidos no mercado interno. Em 2013/14, a empresa pretende elevar seu volume total de açúcar para 9 milhões de toneladas. A Copersucar vende para as 12 maiores refinarias de açúcar do mundo sendo que, em algumas, é responsável por 60% a 70% do suprimento da commodity.
Fabiana Batista