Diretor de principal universidade do Chile vê sustentabilidade “muito bem abordada” no setor
17/09/2012
Etanol
POR: Unica
“Vocês demonstraram ser possível aproveitar de maneira sustentável seus recursos naturais, por isso temos interesse em conhecer os principais setores produtivos brasileiros, especificamente a produção de cana e etanol, produtos que não existem em nosso país.” Assim se manifestou o diretor do curso Master of Business Administration (MBA) da Universidade do Chile, Eduardo Ignacio Torres Moraga, durante visita no dia 11 de setembro à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) em São Paulo à frente de um grupo de 48 estudantes de uma das mais conceituadas instituições de ensino na América Latina.
Os alunos foram recebidos pela coordenadora de Relações Institucionais da UNICA, Luana Maia, que conduziu uma apresentação sobre a posição brasileira como maior produtor de cana do mundo e líder na utilização dos derivados da planta (etanol e bioeletricidade), que respondem por quase 16% da matriz energética nacional. O índice é maior do que o alcançado pela geração de hidroeletricidade (14,7%), um diferencial importante quando se identifica o Brasil como dono de uma das matrizes mais limpas do planeta.
Segundo Moraga, a situação brasileira é bem diferente da encontrada no Chile. “Não há programas de biocombustíveis em nosso país, pois não temos matérias-primas disponíveis para produzi-los. E por não termos reservas de petróleo e gás natural em larga escala, somos obrigados a importar,” revela. O país estuda o uso do trigo na produção do etanol, por ser uma cultura abundante no país. O etanol ajudaria na redução de emissões de gases causadores do efeito estufa (GEEs) e da dependência por combustíveis fósseis importados.
Na opinião do professor do Núcleo Permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Wilson Toshiro Nakamura, responsável pela intermediação da visita do grupo de MBA à UNICA, o maior “intercâmbio de executivos brasileiros com representantes de empresas e governo do Chile é importante para fomentar cada vez mais o desenvolvimento de novas tecnologias, fortalecendo as relações comerciais, institucionais e acadêmicas entre os dois países.” Em sua passagem de quatro dias pelo Brasil, além da UNICA os alunos chilenos também conheceram, em São Paulo, a maior instituição brasileira de intermediação para operações do mercado de capitais, a BM&FBovespa.
Etanol latino americano
Na América Latina, além do Brasil, cinco países produzem etanol. O Paraguai, que fabrica combustíveis alternativos desde a década de 1970, pratica atualmente a maior mistura da América Latina, com 24% de etanol de cana adicionado à gasolina, ou o E24. Existem 500 mil hectares (ha) de cana dedicados a este propósito.
Na Colômbia, onde são cultivados 220 mil ha de cana, 8% de etanol são mesclados diariamente à gasolina em mais de 70% do seu território desde 2005. No restante do país vigora o E10 (10% de etanol na gasolina). A Bolívia produz etanol de cana desde 2005, e possui o programa E10, com intenção de adotar o E20 em 2015. A região de Santa Cruz de La Sierra é a principal produtora de cana do país, com mais de 135 mil ha voltados para o biocombustível. Anualmente, os bolivianos moem mais de seis milhões de toneladas de cana.
A Argentina aprovou em 2006 uma lei exigindo a distribuição do combustível E5 a partir de 2010. Atualmente existem 23 usinas no país, a maioria delas (15 unidades) na província de Tucumán, que representa 62,4% da produção argentina de etanol. O último a adotar o etanol em sua matriz energética foi o Peru. Desde a primeira quinzena de julho de 2011, postos de abastecimento localizados na cidade de Lima, capital do país oferecem gasolina com adição de 7,8% do combustível renovável.