A cana-de-açúcar tem avançado sobre áreas ocupadas pela citricultura no norte e nordeste do Estado de São Paulo, principais regiões produtoras de laranja do Brasil. Em 26 anos, a área cultivada com cana-de-açúcar mais que dobrou na região, passando de 1
milhão para 2,2 milhões de hectares. Já as terras destinadas à citricultura caíram de 488,6 mil para 281,2 mil hectares.
A constatação é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), unidade de
Monitoramento por Satélite, com sede em Campinas (SP), e tem como base imagens de
satélite registradas entre 1988 e 2014.
O levantamento abrange 125 municípios e uma área aproximada de 52 mil quilômetros nas bacias dos rios Mogi-Guaçu e Pardo. São Paulo é o maior produtor mundial de citros, responde por 72,7% da produção nacional e tem aproximadamente 501,8 mil hectares dedicados à cultura, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Contudo, apenas na safra 2013, 36,7 mil hectares de laranja do Estado foram eliminados. Aproximadamente 70% dessa área foi substituída por canade-açúcar.
Nos municípios estudados, verificou-se também que as áreas produtoras se dividem essencialmente entre a cana-de-açúcar e a laranja, sem diversificação de culturas.
Em todo o estado, 5.250 propriedades deixaram de produzir citros entre o primeiro
semestre de 2012 e o fim de 2014, segundo dados da Coordenadoria de Defesa
Agropecuária do Estado (CDA). Destas, 90% são de pequeno porte, com menos de 15
mil plantas. Em Bebedouro, município que chegou a receber o título de Capital Nacional da Laranja, a área dedicada a citros passou de 40 mil hectares em 1988 para 13,2 mil hectares em 2014, segundo a Embrapa. Já a área cultivada com cana aumentou
para 39,9 mil hectares, o equivalente a 60% do território do município, de 70 mil
hectares.
Um dos principais motivos para a substituição de áreas de citros por canaviais é a baixa
lucratividade no setor. A redução da demanda internacional por suco de laranja e a
baixa remuneração ao produtor desestimularam pequenos e médios agricultores a
renovar os pomares. Problemas fitossanitários com o greening, doença que surgiu há
cerca de 10 anos e dificulta a condução normal da cultura, também vêm provocando
perdas e elevando ainda mais o custo de produção.
– A indústria ligada à citricultura também perdeu força, fechando suas portas e
encerrando as atividades no município. No caso da cana-de-açúcar, apesar da cultura
ser bastante valorizada, não há usinas instaladas em Bebedouro. Houve queda na
arrecadação de impostos, já que a produção é comercializada para usinas de outros
municípios vizinhos – diz em comunicado o pesquisador da Embrapa Monitoramento
por Satélite, Carlos Cesar Ronquim, responsável pelo estudo.
Além de Bebedouro, foram levantadas informações com produtores rurais e
representantes da indústria de suco de laranja nos municípios de Colina, Itápolis e
Olímpia. Nestas localidades, grandes áreas citrícolas também foram tomadas pelos
canaviais, que hoje ocupam 50% ou mais do seu território.
Diversificação
O estudo analisou, ainda, municípios em que a expansão da cana-de-açúcar vem
ocorrendo de forma diferente. Em Casa Branca, Conchal, Mogi Guaçu e Mogi Mirim,
microrregião mais a sudeste no Estado, a área cultivada com citros cresceu, mesmo
com as dificuldades no setor. Os produtores conseguiram manter a rentabilidade
recorrendo a outras estratégias de comercialização e à diversificação agrícola na
propriedade.
– Quando os preços se tornam inviáveis ou há queda na demanda das indústrias, estes
produtores comercializam os frutos in natura. A proximidade com grandes centros de
comercialização, como as regiões metropolitanas de Campinas e São Paulo, facilita o
transporte e possibilita menores custos – explica o pesquisador da Embrapa.
O cultivo irrigado de grãos e olerícolas e os reflorestamentos comerciais, ainda
presentes na microrregião, também permitiram aos proprietários rurais obter boa
rentabilidade na propriedade. O pesquisador da Embrapa explica, contudo, que ainda
serão necessários alguns anos para avaliar se a baixa lucratividade no setor citrícola não
provocará redução de área de citros também nesses municípios.
O mapeamento realizado pela Embrapa Monitoramento por Satélite foi feito dentro do
projeto CarbCana, que visa a avaliar a expansão da cana-de-açúcar no nordeste do
Estado de São Paulo, uma das principais regiões produtoras do país.
A cana-de-açúcar tem avançado sobre áreas ocupadas pela citricultura no norte e nordeste do Estado de São Paulo, principais regiões produtoras de laranja do Brasil. Em 26 anos, a área cultivada com cana-de-açúcar mais que dobrou na região, passando de 1 milhão para 2,2 milhões de hectares. Já as terras destinadas à citricultura caíram de 488,6 mil para 281,2 mil hectares.
A constatação é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), unidade de Monitoramento por Satélite, com sede em Campinas (SP), e tem como base imagens de satélite registradas entre 1988 e 2014.
O levantamento abrange 125 municípios e uma área aproximada de 52 mil quilômetros nas bacias dos rios Mogi-Guaçu e Pardo. São Paulo é o maior produtor mundial de citros, responde por 72,7% da produção nacional e tem aproximadamente 501,8 mil hectares dedicados à cultura, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Contudo, apenas na safra 2013, 36,7 mil hectares de laranja do Estado foram eliminados. Aproximadamente 70% dessa área foi substituída por canade-açúcar.
Nos municípios estudados, verificou-se também que as áreas produtoras se dividem essencialmente entre a cana-de-açúcar e a laranja, sem diversificação de culturas.
Em todo o estado, 5.250 propriedades deixaram de produzir citros entre o primeiro
semestre de 2012 e o fim de 2014, segundo dados da Coordenadoria de Defesa
Agropecuária do Estado (CDA). Destas, 90% são de pequeno porte, com menos de 15 mil plantas. Em Bebedouro, município que chegou a receber o título de Capital Nacional da Laranja, a área dedicada a citros passou de 40 mil hectares em 1988 para 13,2 mil hectares em 2014, segundo a Embrapa. Já a área cultivada com cana aumentou para 39,9 mil hectares, o equivalente a 60% do território do município, de 70 mil hectares.
Um dos principais motivos para a substituição de áreas de citros por canaviais é a baixa lucratividade no setor. A redução da demanda internacional por suco de laranja e a baixa remuneração ao produtor desestimularam pequenos e médios agricultores a renovar os pomares. Problemas fitossanitários com o greening, doença que surgiu há cerca de 10 anos e dificulta a condução normal da cultura, também vêm provocando perdas e elevando ainda mais o custo de produção.
– A indústria ligada à citricultura também perdeu força, fechando suas portas e
encerrando as atividades no município. No caso da cana-de-açúcar, apesar da cultura ser bastante valorizada, não há usinas instaladas em Bebedouro. Houve queda na arrecadação de impostos, já que a produção é comercializada para usinas de outros municípios vizinhos – diz em comunicado o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Carlos Cesar Ronquim, responsável pelo estudo.
Além de Bebedouro, foram levantadas informações com produtores rurais e
representantes da indústria de suco de laranja nos municípios de Colina, Itápolis e
Olímpia. Nestas localidades, grandes áreas citrícolas também foram tomadas pelos
canaviais, que hoje ocupam 50% ou mais do seu território.
Diversificação
O estudo analisou, ainda, municípios em que a expansão da cana-de-açúcar vem
ocorrendo de forma diferente. Em Casa Branca, Conchal, Mogi Guaçu e Mogi Mirim, microrregião mais a sudeste no Estado, a área cultivada com citros cresceu, mesmo com as dificuldades no setor. Os produtores conseguiram manter a rentabilidade recorrendo a outras estratégias de comercialização e à diversificação agrícola na propriedade.
– Quando os preços se tornam inviáveis ou há queda na demanda das indústrias, estes produtores comercializam os frutos in natura. A proximidade com grandes centros de comercialização, como as regiões metropolitanas de Campinas e São Paulo, facilita o transporte e possibilita menores custos – explica o pesquisador da Embrapa.
O cultivo irrigado de grãos e olerícolas e os reflorestamentos comerciais, ainda
presentes na microrregião, também permitiram aos proprietários rurais obter boa
rentabilidade na propriedade. O pesquisador da Embrapa explica, contudo, que ainda serão necessários alguns anos para avaliar se a baixa lucratividade no setor citrícola não provocará redução de área de citros também nesses municípios.
O mapeamento realizado pela Embrapa Monitoramento por Satélite foi feito dentro do projeto CarbCana, que visa a avaliar a expansão da cana-de-açúcar no nordeste do Estado de São Paulo, uma das principais regiões produtoras do país.