Experiência que faz a diferença

21/08/2024 Noticias POR: Marino Guerra

Com quase trinta anos na soja, produtores sabem atuar em anos mais complexos


Talhão de soja cultivada por José Felipe Deliberto e o pai: Mesmo com o clima totalmente desfavorável agricultores fecharam o ciclo de maneira positiva

Dizem que na agricultura 50% do resultado de uma empreitada é o suor do produtor, a outra metade é Deus. Talvez há algumas décadas, quando as estações do ano eram bem definidas, essa frase, que deixa o clima na conta da divindade, poderia fazer bastante sentido, porém em tempos de mudanças climáticas, onde cada dia é de um jeito, nem as mais fervorosas preces são capazes de evitar que o produtor tenha diversos problemas se deixar com Deus o comando do departamento agrometeorológico de sua propriedade.

Hoje o que conta é conseguir se adaptar da maneira mais veloz possível a condições específicas em espaços (de tempo e de área) cada vez menores e para isso a experiência e um processo contínuo de inovação faz toda a diferença, prova disso é o trabalho que o pai, José Deliberto e o filho, José Felipe Deliberto realizam com o cultivo de soja em rotação de cultura com a cana desde 1996.

Com a formação de uma lavoura de 650 hectares, conseguir uma produtividade de 65 sacos por hectare em sequeiro em condições extremamente desafiadoras como foram apresentadas na última temporada (23-24), com certeza não trouxeram a rentabilidade esperada, mas tornou ainda mais valioso o arsenal de manejos dos produtores.


O agrônomo da Copercana, Caio Barbosa, ao lado do cooperado, José Felipe Deliberto

Dentre as lições aprendidas, Deliberto destaca para a variedade Nidera 6446: “Na nossa experiência foi um material muito bom dentre os precoces para a época inicial de plantio, também achei ela bastante rústica em relação às doenças, não que reduza o nosso manejo (o padrão da fazenda é a realização de duas aplicações de fungicida), também, em anos secos gostei muito do ótimo vigor de semente”.

Tradicionais canavieiros da região de Jardinópolis, eles adotaram a soja como manejo de rotação pela união de benefícios nutricionais, controle de pragas e plantas daninhas, por ser uma cultura rápida, o que não atrapalha a programação do plantio de cana e demandar baixos investimentos, o que mesmo em temporadas de baixa produtividade, resulta em algum resultado financeiro positivo.

Muito de seu desempenho se dá por experimentar novas formas de operacionalizar as diversas fases da cultura, como é o caso do preparo de solo, onde testaram dois novos manejos que estão relacionados ao fato de ser muito complexo realizar o plantio direto em áreas de reforma de cana, isso porque como não dá para demorar muito para realizar o plantio do novo canavial, deixar o preparo de solo para depois da colheita da soja se torna uma prática que na maioria dos casos não se encaixa no cronograma dos trabalhos.

 “Tivemos áreas que preparamos o solo com o arado Aiveca e nelas ficou nítido um maior enraizamento de início, germinou mais rápido em comparação a outras áreas onde não executei o manejo. Um detalhe é que tivemos tempo para a execução desse preparo, cerca de 30 dias antes do plantio e neste intervalo houve chuva. Como o solo estava descompactado acredito que a água infiltrou o que influenciou de maneira positiva o plantio”, contou José Felipe.

A segunda medida foi a realização da correção do solo em taxa variável, a qual também rendeu um desempenho melhor nas áreas onde ocorreu a operação.

A história dos Delibertos na soja se confunde com a de sucesso da agricultura brasileira, que se baseia num círculo virtuoso iniciado pela persistência, que gera aprendizados, que são adquiridos através da adoção constante de nova tecnologias e processos inovadores.


Enraizamento de uma planta de soja de área onde ele preparou o solo com o arado Aiveca e também fez a correção em taxa variável