Falta incentivo para produção de etanol, diz presidente da Datagro
26/09/2012
Etanol
POR: Agência Estado
O Brasil economizou US$ 266,7 bilhões com a substituição da gasolina por etanol desde 1975, quando o Próalcool foi implementado. O volume de recursos é referente a 2,33 bilhões de litros de gasolina que foram substituídos pelo etanol combustível nesse período. A informação foi dada pelo presidente da Datagro Consultoria, Plínio Nastari, durante abertura do segundo dia do Global Agribusiness Forum, em São Paulo.
Segundo Nastari, este volume de recursos representa 75% das reservas internacionais que o Brasil possui. "Apesar de ter contribuído de forma significativa para a formação destas reservas, o setor não tem sido incentivado a realizar novos investimentos na expansão da produção", disse ele.
Nastari ressaltou que, desde 2000, a produção mundial de biocombustíveis saiu de 30 bilhões de litros para 126 bilhões de litros anuais, dos quais o Brasil e os Estados Unidos foram os principais produtores, impulsionados pelo etanol, enquanto a União Europeia avançou na produção de biodiesel. O executivo lembrou que a oferta sempre veio antes da demanda. Porém, ele ressalta que este cenário irá mudar.
Segundo Nastari, a necessidade estimada entre 900 milhões de toneladas a 1,4 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar para atender à demanda de açúcar e etanol em 2020 não será atendida. "Não vamos conseguir chegar nem ao piso desta estimativa porque não existem mudas suficientes para que isso ocorra em tempo hábil", disse.
Além da falta de investimentos que praticamente interrompeu o ciclo de expansão do setor desde 2008, mais de 40 usinas fecharam suas portas no período. "Além disso, a produtividade da cana caiu de mais de 80 toneladas por hectare para 69 toneladas", afirmou Luiz Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar.
Diante deste cenário, Nastari afirma que a partir dos próximos anos o setor irá ter que correr atrás da demanda. "A demanda virá primeiro que a oferta", disse ele. Segundo ele, este cenário fará com que os preços sigam sustentados e rentáveis no período.
Para que a oferta se equilibre com a demanda, Pogetti, da Copersucar, acredita que o governo precisa saber o que ele quer do etanol e aplicar políticas públicas e um marco regulatório que crie estabilidade para o setor no longo prazo, capaz de atrair novos investimentos.