No ano em que o setor sucroenergético começa a ver a luz no final do túnel, devido a uma temporada de preços bons para os produtos da cana, a Fenasucro & Agrocana foi apontada como o marco de uma nova fase para o segmento. A retomada foi a palavra da vez durante os discursos das lideranças que participaram da abertura oficial do evento, que está em sua 24ª edição, e aconteceu entre os dias 23 e 26 de agosto, em Sertãozinho-SP.
Com clima mais otimista do que na edição passada, o evento recebeu 35 mil visitantes - dois mil a mais do que o de 2015 - vindos de todos os estados brasileiros e de 46 países. De acordo com balanço divulgado pelos seus realizadores, o CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) e a Reed Alcantara Machado, ocorreu um crescimento de 3,5% em volume de negócios, o que equivale a R$ 2,9 bilhões, e supera a expectativa que era manter o mesmo número da edição passada (R$ 2,8 bilhões).
“Esta edição foi marcada por um clima bastante positivo e realmente acreditamos que a feira representou a ponte para a retomada do setor sucroenergético”, afirmou Paulo Gallo, presidente do CEISE Br. “Os números refletem aquilo que vimos antes e durante os dias de Fenasucro & Agrocana. Muitas empresas apostaram e vieram pela primeira vez porque acreditaram que o evento seria o ponto de partida da retomada”, comenta o gerente geral da Feira, Paulo Montabone.
Clima de otimismo na abertura oficial
Ao dar as boas-vindas na 5ª Conferência DATAGRO CEISE Br, evento oficial de abertura da feira, Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, destacou a importância do evento para promover a difusão, tecnologia, e máquinas e equipamentos desenvolvidos para o setor sucroenergético, como também falou sobre o mercado brasileiro de biocombustíveis.
A conferência abordou a conjuntura atual, as perspectivas de mercado, comércio internacional e a análise sobre as safras futuras. “O etanol continuará, no curto prazo, pressionado pela demanda no mercado doméstico”, destacou Nastari, e avisou que se deve levar em conta o potencial de mercado com a perspectiva de introdução de novas tecnologias automotivas que valorizam o etanol por sua octanagem e conteúdo de hidrogênio e aumentam a eficiência do uso de combustível.
“A produção de etanol, em 16/17, será de 30,4 bi de litros. Isso é um crescimento excelente, pois ele será basicamente absorvido pela demanda interna", disse. Sobre o mercado de açúcar, o consultor ressaltou que nunca houve na história uma sucessão de déficit acumulado como se observa agora. “É o maior déficit depois de cinco anos de superávit, e há perspectiva de déficit em dois anos seguidos, sendo que o acumulado pode chegar praticamente a 16 milhões de toneladas”, disse.
“O setor está passando por um grande lema, pois o mundo pede ao Brasil para produzir mais açúcar e, ao mesmo tempo, o país se depara com sua agenda ambiental e a previsão de déficit de combustíveis até 2030”, afirmou Mário Campos Filho, presidente do SIAMIG (Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais) ao explanar no evento. Segundo ele, o setor não tem recurso no momento para atender ao chamado do mundo e mesmo do
Brasil e aumentar sua produção. Para ter a liderança e alcançar o protagonismo é preciso união do segmento e melhorar a comunicação sobre as externalidades do setor, afirmou. “Quando se fala em energia renovável em outros eventos, citam somente outras energias, como a solar, eólica, mas a bioeletricidade não está sendo lembrada. É preciso mostrar o que temos de bom”, alertou.
Opinião compartilhada com Pedro Mizutani, presidente do Conselho da UNICA e vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen. “Comunicação é o pilar fundamental para que a gente possa atingir o nosso objetivo, o nosso sucesso. O concorrente do etanol é a gasolina, mas a gente não faz uma propaganda efetiva do etanol, mostrando que é um produto renovável, sustentável”, afirmou, ressaltando que é necessário que haja uma política de Estado para o combustível e não uma política de curto prazo. Ele disse também que o cenário mais positivo para o segmento vem incentivando algumas usinas a investirem no aumento de sua capacidade de produção. Na ocasião, Mizutani destacou ainda a tecnologia existente no setor e mostrou vídeo sobre o desenvolvimento da Raízen e sua fábrica de etanol 2G, localizada na unidade Costa Pinto, em Piracicaba-SP.
Durante seu discurso, Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, afirmou que o momento é de recuperação do setor sucroenergético. “A mudança do governo Federal é um fator de animação para nós, pois acreditamos que isso irá restabelecer a confiança e a situação declinante da economia do país pode ser invertida. Então, cria se uma conjuntura política, legislativa e econômica mais favorável”, afirmou, lembrando que é preciso a definição de políticas públicas para que o crescimento se mantenha.
O atual cenário para a cana-de-açúcar também foi destacado por Carlos Liboni, secretário de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho – SP. “Vivemos um momento muito importante no país, crítico, pois estamos resolvendo um impasse político que gera tremenda insegurança jurídica para todos nós, principalmente para os investidores internacionais que estão cheios de capital para trazer para cá e aguardam uma definição do que acontecerá”, elucidou, pontuando que é momento de se investir na infraestrutura e logística, como em treinamento para atender à demanda futura. “Precisamos começar a recuperar a perda de material humano, é preciso recompor isso, porque daqui a pouquinho vamos precisar de tudo isso outra vez”, disse ele, afirmando que o setor tem uma responsabilidade imensa na retomada do país.
Já Antonio Eduardo Tonielo, presidente de honra da Agrocana e também da Copercana e Sicoob Cocred, disse que é evidente a mudança de cenário para a agroindústria canavieira. "Certeza que o setor está mudando, com perspectivas de novos investimentos" afirmou.
De acordo com ele, as vendas de etanol no primeiro semestre aumentaram 30%. “Apesar da crise, o setor contribuiu com a geração de empregos”, ressaltou. Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, reforçou a necessidade de novos investimentos, fato que foi protelado durante um tempo em função dos anos ruins que o setor atravessou, com desempenho econômico insatisfatório. “Com isso deixamos de fazer a reforma das indústrias, dos canaviais, e a feira traz tecnologia e outras novidades necessárias para esta retomada”, disse.
André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, falou sobre a ineficiência da infraestrutura nacional e ressaltou a importância de aportes em transporte e logística, durante sua participação na conferência. Fazendo uma alusão às Olimpíadas, o executivo, disse que o setor se acostumou à corrida com obstáculos e com barreiras. “O problema é que nas Olimpíadas a corrida com barreiras tem 110 metros para se percorrer em 14 segundos e no caso do setor, ele vem há oito anos correndo e pulando barreiras, mas apesar de muito cansado, continua em pé”, avisou.
Para a presidente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar), Elizabeth Farina, é necessário ter regras estáveis e previsibilidade na política e na economia para que o setor volte a investir e trazer mais resultados positivos ao país. Ela elogiou o governo do Estado pela estabilidade das regras para o setor, reforçando que políticas mais claras no Brasil são fundamentais para um novo ciclo virtuoso de investimento, crescimento e geração de empregos. “Estamos na maior feira da indústria sucroenergética e as empresas de bens de capital, que são as primeiras a assumirem riscos na atividade produtiva, sinalizam essa vontade e confiança no setor público”, comentou.
Elizabeth mencionou que, apesar do clima otimista e do bom momento para o setor, há muita coisa ainda para ser resgatada e muitos desafios a serem enfrentados. “Já foi até identificada uma reação em pesquisas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) junto ao empresariado devido à troca do time que coordena a economia e pela ação na direção de menor intervencionismo estatal. Então, eu acho que isso trouxe para o setor empresarial, em geral, um oxigênio e o nosso setor está vivendo, de fato, com pequenos ajustes, já um ano melhor, agora é preciso ter uma sinalização de que existem estabilidade de regras e previsibilidade”, concluiu.
Fã da Cana
"Sou fã da cana, pois sou fã do emprego e da sustentabilidade", disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao participar da Fenasucro & Agrocana. Na ocasião, ele disse considerar o ano de 2016 como o de recuperação do setor sucroenergético, valorizando sua força econômica, social e ambiental. “Dificilmente temos uma cadeia produtiva tão completa que, do ponto de vista social, gera 1,1 milhão de empregos diretos, do ponto de vista econômico, produziu R$ 45 bilhões em 2015 no Estado de São Paulo e, do ponto de vista ambiental, fornece energia limpa e renovável”, constatou Alckmin.
O governador ressaltou ainda que o Estado de São Paulo é o maior consumidor e produtor de açúcar e etanol do país e que a história do Estado se confunde com a da cana-de-açúcar. “Dois terços da produção de açúcar e mais da metade do etanol produzido no Brasil são paulistas. Isso se deve aos esforços de toda cadeia produtiva”, destacou.
No ano em que o setor sucroenergético começa a ver a luz no final do túnel, devido a uma temporada de preços bons para os produtos da cana, a Fenasucro & Agrocana foi apontada como o marco de uma nova fase para o segmento. A retomada foi a palavra da vez durante os discursos das lideranças que participaram da abertura oficial do evento, que está em sua 24ª edição, e aconteceu entre os dias 23 e 26 de agosto, em Sertãozinho-SP.
Com clima mais otimista do que na edição passada, o evento recebeu 35 mil visitantes - dois mil a mais do que o de 2015 - vindos de todos os estados brasileiros e de 46 países. De acordo com balanço divulgado pelos seus realizadores, o CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) e a Reed Alcantara Machado, ocorreu um crescimento de 3,5% em volume de negócios, o que equivale a R$ 2,9 bilhões, e supera a expectativa que era manter o mesmo número da edição passada (R$ 2,8 bilhões).
“Esta edição foi marcada por um clima bastante positivo e realmente acreditamos que a feira representou a ponte para a retomada do setor sucroenergético”, afirmou Paulo Gallo, presidente do CEISE Br. “Os números refletem aquilo que vimos antes e durante os dias de Fenasucro & Agrocana. Muitas empresas apostaram e vieram pela primeira vez porque acreditaram que o evento seria o ponto de partida da retomada”, comenta o gerente geral da Feira, Paulo Montabone.
Clima de otimismo na abertura oficial
Ao dar as boas-vindas na 5ª Conferência DATAGRO CEISE Br, evento oficial de abertura da feira, Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, destacou a importância do evento para promover a difusão, tecnologia, e máquinas e equipamentos desenvolvidos para o setor sucroenergético, como também falou sobre o mercado brasileiro de biocombustíveis.
A conferência abordou a conjuntura atual, as perspectivas de mercado, comércio internacional e a análise sobre as safras futuras. “O etanol continuará, no curto prazo, pressionado pela demanda no mercado doméstico”, destacou Nastari, e avisou que se deve levar em conta o potencial de mercado com a perspectiva de introdução de novas tecnologias automotivas que valorizam o etanol por sua octanagem e conteúdo de hidrogênio e aumentam a eficiência do uso de combustível.
“A produção de etanol, em 16/17, será de 30,4 bi de litros. Isso é um crescimento excelente, pois ele será basicamente absorvido pela demanda interna", disse. Sobre o mercado de açúcar, o consultor ressaltou que nunca houve na história uma sucessão de déficit acumulado como se observa agora. “É o maior déficit depois de cinco anos de superávit, e há perspectiva de déficit em dois anos seguidos, sendo que o acumulado pode chegar praticamente a 16 milhões de toneladas”, disse.
“O setor está passando por um grande lema, pois o mundo pede ao Brasil para produzir mais açúcar e, ao mesmo tempo, o país se depara com sua agenda ambiental e a previsão de déficit de combustíveis até 2030”, afirmou Mário Campos Filho, presidente do SIAMIG (Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais) ao explanar no evento. Segundo ele, o setor não tem recurso no momento para atender ao chamado do mundo e mesmo do Brasil e aumentar sua produção. Para ter a liderança e alcançar o protagonismo é preciso união do segmento e melhorar a comunicação sobre as externalidades do setor, afirmou. “Quando se fala em energia renovável em outros eventos, citam somente outras energias, como a solar, eólica, mas a bioeletricidade não está sendo lembrada. É preciso mostrar o que temos de bom”, alertou.
Opinião compartilhada com Pedro Mizutani, presidente do Conselho da UNICA e vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen. “Comunicação é o pilar fundamental para que a gente possa atingir o nosso objetivo, o nosso sucesso. O concorrente do etanol é a gasolina, mas a gente não faz uma propaganda efetiva do etanol, mostrando que é um produto renovável, sustentável”, afirmou, ressaltando que é necessário que haja uma política de Estado para o combustível e não uma política de curto prazo. Ele disse também que o cenário mais positivo para o segmento vem incentivando algumas usinas a investirem no aumento de sua capacidade de produção. Na ocasião, Mizutani destacou ainda a tecnologia existente no setor e mostrou vídeo sobre o desenvolvimento da Raízen e sua fábrica de etanol 2G, localizada na unidade Costa Pinto, em Piracicaba-SP.
Durante seu discurso, Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, afirmou que o momento é de recuperação do setor sucroenergético. “A mudança do governo Federal é um fator de animação para nós, pois acreditamos que isso irá restabelecer a confiança e a situação declinante da economia do país pode ser invertida. Então, cria se uma conjuntura política, legislativa e econômica mais favorável”, afirmou, lembrando que é preciso a definição de políticas públicas para que o crescimento se mantenha.
O atual cenário para a cana-de-açúcar também foi destacado por Carlos Liboni, secretário de Desenvolvimento Econômico de Sertãozinho – SP. “Vivemos um momento muito importante no país, crítico, pois estamos resolvendo um impasse político que gera tremenda insegurança jurídica para todos nós, principalmente para os investidores internacionais que estão cheios de capital para trazer para cá e aguardam uma definição do que acontecerá”, elucidou, pontuando que é momento de se investir na infraestrutura e logística, como em treinamento para atender à demanda futura. “Precisamos começar a recuperar a perda de material humano, é preciso recompor isso, porque daqui a pouquinho vamos precisar de tudo isso outra vez”, disse ele, afirmando que o setor tem uma responsabilidade imensa na retomada do país.
Já Antonio Eduardo Tonielo, presidente de honra da Agrocana e também da Copercana e Sicoob Cocred, disse que é evidente a mudança de cenário para a agroindústria canavieira. "Certeza que o setor está mudando, com perspectivas de novos investimentos" afirmou.
De acordo com ele, as vendas de etanol no primeiro semestre aumentaram 30%. “Apesar da crise, o setor contribuiu com a geração de empregos”, ressaltou. Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, reforçou a necessidade de novos investimentos, fato que foi protelado durante um tempo em função dos anos ruins que o setor atravessou, com desempenho econômico insatisfatório. “Com isso deixamos de fazer a reforma das indústrias, dos canaviais, e a feira traz tecnologia e outras novidades necessárias para esta retomada”, disse.
André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, falou sobre a ineficiência da infraestrutura nacional e ressaltou a importância de aportes em transporte e logística, durante sua participação na conferência. Fazendo uma alusão às Olimpíadas, o executivo, disse que o setor se acostumou à corrida com obstáculos e com barreiras. “O problema é que nas Olimpíadas a corrida com barreiras tem 110 metros para se percorrer em 14 segundos e no caso do setor, ele vem há oito anos correndo e pulando barreiras, mas apesar de muito cansado, continua em pé”, avisou.
Para a presidente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar), Elizabeth Farina, é necessário ter regras estáveis e previsibilidade na política e na economia para que o setor volte a investir e trazer mais resultados positivos ao país. Ela elogiou o governo do Estado pela estabilidade das regras para o setor, reforçando que políticas mais claras no Brasil são fundamentais para um novo ciclo virtuoso de investimento, crescimento e geração de empregos. “Estamos na maior feira da indústria sucroenergética e as empresas de bens de capital, que são as primeiras a assumirem riscos na atividade produtiva, sinalizam essa vontade e confiança no setor público”, comentou.
Elizabeth mencionou que, apesar do clima otimista e do bom momento para o setor, há muita coisa ainda para ser resgatada e muitos desafios a serem enfrentados. “Já foi até identificada uma reação em pesquisas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) junto ao empresariado devido à troca do time que coordena a economia e pela ação na direção de menor intervencionismo estatal. Então, eu acho que isso trouxe para o setor empresarial, em geral, um oxigênio e o nosso setor está vivendo, de fato, com pequenos ajustes, já um ano melhor, agora é preciso ter uma sinalização de que existem estabilidade de regras e previsibilidade”, concluiu.
Fã da Cana
"Sou fã da cana, pois sou fã do emprego e da sustentabilidade", disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao participar da Fenasucro & Agrocana. Na ocasião, ele disse considerar o ano de 2016 como o de recuperação do setor sucroenergético, valorizando sua força econômica, social e ambiental. “Dificilmente temos uma cadeia produtiva tão completa que, do ponto de vista social, gera 1,1 milhão de empregos diretos, do ponto de vista econômico, produziu R$ 45 bilhões em 2015 no Estado de São Paulo e, do ponto de vista ambiental, fornece energia limpa e renovável”, constatou Alckmin.
O governador ressaltou ainda que o Estado de São Paulo é o maior consumidor e produtor de açúcar e etanol do país e que a história do Estado se confunde com a da cana-de-açúcar. “Dois terços da produção de açúcar e mais da metade do etanol produzido no Brasil são paulistas. Isso se deve aos esforços de toda cadeia produtiva”, destacou.
