Fenasucro&Agrocana 2024 bate recordes e reafirma liderança no setor de bioenergia

10/10/2024 Noticias POR: Fernanda Clariano

Com recorde de público, edição de 30 anos da Fenasucro & Agrocana alcança R$ 10,7 bilhões em volume de negócios

A 30ª edição da Fenasucro&Agrocana, realizada entre os dias 13 e 16 de agosto, em Sertãozinho-SP, celebrou suas três décadas confirmando o protagonismo no setor de bioenergia. Durante os quatro dias da feira, o evento foi palco de lançamentos de tecnologias, inovações, soluções e discussões sobre eficiência na produção de bioenergia, novas tendências para o aproveitamento de resíduos e políticas públicas para o setor.

A feira alcançou R$ 10,7 bilhões em negócios, um aumento de cerca de 30% em relação à edição de 2023, segundo levantamento do CEISE Br junto aos expositores. Além disso, a expectativa de público foi superada, com um recorde de visitantes, marcando um crescimento de 6% em relação ao ano anterior.

“Os 30 anos da Fenasucro&Agrocana foram realmente históricos, já que batemos recordes na geração de negócios e na qualificação do público presente. Recebemos mais de 60 países e representantes de todos os estados brasileiros, que vieram conhecer nossas inovações, tecnologias e produtos, que fazem do Brasil o precursor da transição energética global.”, afirmou o diretor da feira, Paulo Montabone.

Abertura da 30ª Fenasucro & Agrocana destacou a liderança de São Paulo na descarbonização e no agro sustentável

A 30ª edição da Fenasucro&Agrocana reuniu importantes autoridades, especialistas, empresários e lideranças do setor sucroenergético. Entre os presentes estavam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Guilherme Campos; o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Guilherme Piai; a secretária de Meio Ambiente, Estrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende; o CEO da UNICA, Evandro Gussi; o presidente de honra da feira e presidente da UNICA, Carlos Ubiratan Garms; e o presidente emérito, Antonio Eduardo Tonielo.

Freitas: “As respostas que o mundo precisa para a descarbonização estão aqui”.

Durante sua passagem pelo evento, o governador Tarcísio de Freitas destacou o papel fundamental de São Paulo na promoção de um agronegócio sustentável e na liderança mundial do processo de descarbonização. “As respostas que o mundo precisa para a descarbonização estão aqui. A solução está aqui. Temos um agro poderoso. Precisamos avançar com a produção de biogás, SAF (Combustível Sustentável de Aviação), hidrogênio verde, híbrido flex, além de deixar de queimar diesel e usar biometano. A indústria automobilística deve caminhar na direção dessa vocação”, afirmou o governador, reforçando a necessidade de investir em tecnologias que contribuam para uma matriz energética mais limpa e diversificada.

Carlos Ubiratan Garms, presidente de honra da 30ª edição da Fenasucro&Agrocana, destacou a importância do setor na solução de desafios globais, como a descarbonização. “Precisamos crescer a oferta de energia limpa em 30% para atingir as metas de descarbonização. O agro brasileiro tem capacidade de atender 90% dessa produção. Toda a cadeia de negócios está pronta. É uma conjuntura de fatores que cria um cenário realmente excepcional. Temos que nos preparar, tanto o setor privado quanto o público, para alcançarmos nosso máximo potencial”, afirmou Garms.

O presidente Emérito da Fenasucro&Agrocana, Antonio Eduardo Tonielo, expressou sua satisfação ao participar da 30ª edição do evento. “Para mim, é uma grande alegria estar aqui comemorando os 30 anos da Fenasucro, um evento de extrema importância para nossa cidade, nosso estado e para o setor como um todo. Tenho plena certeza de que quem deseja montar uma indústria deve procurar as empresas de Sertãozinho, que hoje são capazes de entregar soluções completas, oferecendo projetos prontos para operação. Com a minha idade, jamais imaginei que veria algo assim acontecer. É um privilégio testemunhar este momento e quero cumprimentar a todos que estão presentes nesta abertura, prestigiando essa feira tão significativa. Sou o presidente emérito deste evento e isso me enche de felicidade. Se Deus quiser, estaremos juntos na 31ª edição”, disse Tonielo.

O secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, ressaltou as ações do governo estadual para explorar o potencial do biometano, referindo como o ‘pré-sal caipira’. Ele mencionou a simplificação do licenciamento ambiental para usinas produzirem o biocombustível, destacando que São Paulo, maior produtor mundial de cana-de-açúcar, está na vanguarda da produção de biocombustíveis. “A geração de biocombustíveis tem enorme potencial em São Paulo, que possui o status de maior produtor mundial de cana. Dos 10 milhões de hectares cultivados no Brasil, mais de 5 milhões estão no estado”, enfatizou Piai.

O diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo Montabone, celebrou os 30 anos do evento e o protagonismo do Brasil no uso da bioenergia. “Nosso setor é feito de pessoas que se dedicam incansavelmente para protagonizar o futuro da transição energética global”, afirmou Montabone, destacando o papel crucial da Fenasucro&Agrocana no desenvolvimento e fortalecimento do setor.

Arena da Sustentabilidade destaca a estratégia coletiva para o futuro do agronegócio sustentável e o Protocolo Etanol Mais Verde

A Arena da Sustentabilidade, espaço criado em parceria com a Bonsucro e a Canaoeste para palestras e debates sobre o futuro do agronegócio sustentável, foi inaugurada na 30ª Fenasucro&Agrocana, com o painel “Estratégia coletiva para o futuro do agronegócio sustentável”.

O secretário da Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, e outras autoridades participaram da assinatura simbólica da instituição do Grupo de Trabalho para atualizar o Protocolo Etanol Mais Verde

Presente no painel, o Governo do Estado de São Paulo, por meio das Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente, aproveitou para anunciar a criação de um grupo de trabalho para atualizar o Protocolo Etanol Mais Verde, reafirmando seu compromisso com o desenvolvimento sustentável do setor sucroenergético.

O Protocolo, que conta com o apoio de entidades como a CETESB e a UNICA, terá validade de 12 meses e visa à implementação de políticas públicas que beneficiem a cadeia produtiva da cana-de-açúcar em São Paulo. A assinatura simbólica da Resolução Conjunta SAA/SEMIL nº 02/2024, que oficializa a formação do grupo de trabalho, contou com a presença do presidente da UNICA, Evandro Gussi.

Gussi ressaltou a importância do Protocolo para a preservação ambiental e o avanço socioeconômico do setor. ‘O Brasil é exemplo de que se pode produzir preservando, e ao lado dos benefícios ambientais, o Etanol Mais Verde gerou uma revolução no setor canavieiro, requalificando mais de 400 mil trabalhadores’, afirmou.

Na oportunidade, o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira, destacou o papel estratégico do Protocolo, afirmando que a produção de cana está diretamente ligada à preservação ambiental. “Desde 2017, os produtores vêm fazendo mais do que o previsto, e a certificação Bonsucro é uma realidade para cinco associações da Orplana. O combate aos incêndios e a preservação da biomassa são prioridades”, disse.

O Protocolo Etanol Mais Verde foi fundamental para a antecipação da eliminação da queima como método de colheita nas lavouras paulistas. Inicialmente, a legislação previa o fim dessa prática para 2021 em áreas mecanizáveis e 2031 em áreas não mecanizáveis, mas o setor antecipou esses prazos para 2014 e 2017, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a qualidade de vida das comunidades.

Desafios e riscos do agronegócio brasileiro: Xico Graziano fala sobre a importância da inovação, da cooperação e da sustentabilidade

Na abertura da Arena da Sustentabilidade durante a 30ª edição da Fenasucro&Agrocana, Xico Graziano, mestre em economia agrária e ex-presidente do INCRA, ministrou a palestra magna intitulada “Desafios e Riscos do Agronegócio Brasileiro”. O evento, promovido pela Canaoeste, trouxe reflexões essenciais sobre o presente e o futuro do setor, abordando desde o crescimento econômico até os desafios impostos pelas mudanças climáticas e inovações tecnológicas.

Graziano: “Precisamos mostrar o verdadeiro valor do produtor”.

Graziano iniciou destacando a transformação do agronegócio nas últimas décadas. O que antes era uma necessidade urgente de expansão se consolidou como uma realidade robusta. Ele observou que os preços internacionais dos alimentos estão significativamente mais altos do que no passado, enquanto a demanda global segue em expansão, impulsionada por fatores como o combate à desnutrição, o crescimento populacional, a urbanização e os novos hábitos de consumo.

O combate à fome, especialmente em regiões como a África, foi um dos pontos centrais de sua análise. Graziano apontou os desafios associados à falta de recursos essenciais, como energia, água e tecnologia, além da escassez de capital e terras cultiváveis. Ele também destacou a revolução proporcionada pelas energias renováveis, como a solar, que tem potencial para transformar áreas semiáridas, como o Nordeste brasileiro e o Egito, em regiões produtivas.

As mudanças climáticas, segundo ele, são uma realidade inegável que exige respostas urgentes. O palestrante alertou para a intensificação de eventos climáticos extremos, que representam um risco crescente para o agronegócio. Nesse contexto, o cooperativismo foi apontado como uma estratégia vital para garantir a prosperidade e o crescimento dos produtores rurais, reforçando a necessidade de melhorar a comunicação para valorizar o papel dos agricultores.

Por fim, Graziano destacou a importância da IA - Inteligência Artificial no setor agro. Para ele, a IA deve ser explorada de forma estratégica para enfrentar os desafios do agronegócio de maneira mais eficiente. “O mundo da inteligência artificial vai impactar todos nós. Precisamos estar preparados”, afirmou, defendendo o uso da tecnologia para decisões mais conscientes e para promover um futuro sustentável e equilibrado.

Perspectivas globais para o setor de bioenergia

Plínio Nastari, CEO da Consultoria Datagro, apresentou um panorama global das perspectivas para o setor de bioenergia. Ele destacou os impactos climáticos na safra 23/24, considerada a melhor do milênio devido às condições ideais de chuva e mobilidade. No entanto, o preço do etanol foi um ponto fraco no ano passado, mas apresentou uma recuperação significativa, com um aumento de 25% no hidratado e um crescimento expressivo no anidro em 2024.

Nastari também ressaltou o papel da cana-bis, que contribuiu para o aumento da produtividade no Centro-Sul do Brasil, com 7% da moagem de abril a junho vinda dessas áreas, um salto em relação à média histórica de 1,4%. No entanto, ele alertou que, nos próximos meses, a moagem será marcada por áreas menos nobres, agravadas pela seca.

O estoque de etanol no Brasil também foi abordado. Apesar de um aumento de 1,6% nos estoques totais, a demanda crescente levou a uma queda de 4,9% nos estoques de etanol hidratado. Em contrapartida, os estoques de etanol anidro atingiram um recorde, crescendo 12,5% em um ano.

Nastari destacou o papel do Brasil nas exportações de açúcar, que bateu um novo recorde em julho, com 3,767 milhões de toneladas exportadas. O país agora é responsável por 59,2% das exportações globais de açúcar, consolidando sua posição como líder nesse mercado.

O especialista concluiu afirmando que o Brasil continua na vanguarda, com regulamentações avançadas que promovem o uso de biocombustíveis em novos mercados e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

Liderança brasileira na descarbonização

Da esquerda para a direita, Orlando Merluzzi (MBCB), Priscilla Cortezze (Copersucar) e André Ferrarese (Tupy)

Na quinta-feira (15), o painel “A Liderança Brasileira na Transição para uma Mobilidade de Baixo Carbono” abordou os avanços e desafios no processo de descarbonização, em busca de uma mobilidade mais limpa, econômica e socialmente responsável, reforçando a relevância do Brasil no cenário internacional de descarbonização, apostando em soluções que unam inovação, sustentabilidade e crescimento econômico.

Na oportunidade, Orlando Merluzzi, gestor do Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB) que conduziu o painel enfatizou a importância da coalizão de esforços para atender à agenda global de combate às mudanças climáticas, que demanda soluções inovadoras. “Nosso objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa na mobilidade e evitar a desindustrialização do país utilizando todas as rotas tecnológicas disponíveis”, explicou.

Durante o painel, foi apresentado o estudo “Trajetórias tecnológicas mais eficientes para a descarbonização da mobilidade”, encomendado pelo MBCB e elaborado pela LCA Consultores e MTempo Capital. Os participantes do painel puderam conferir análises que mensuram os impactos econômicos de diferentes cenários de mobilidade, como o uso combinado de biocombustíveis e veículos elétricos híbridos.

“A diferença acumulada entre esse cenário e o de veículos 100% elétricos é positiva, com um impacto de R$ 2,8 trilhões no PIB e a geração de 1,6 milhão de empregos. Estamos em um momento propício para avançar, com investimentos substanciais, apoio governamental e consenso técnico e científico”, destacou Merluzzi.