Francesa InVivo compra controle da CCAB

31/01/2017 Geral POR: Valor
O grupo francês InVivo, um dos maiores de cooperativas agropecuárias da França, colocou o Brasil de vez na mira de seu processo de internacionalização. A empresa francesa anuncia hoje a compra do controle da CCAB¬Agro, Consórcio Cooperativo Agropecuário Brasileiro, de defensivos agrícolas. Com isso, marca sua estreia nesse segmento no país. A CCAB¬Agro é uma empresa de defensivos genéricos, criada em 2006 a partir da união de diversas cooperativas. Atualmente, são 18 cooperativas e dois grupos produtores reunidos, que atendem 55 mil agricultores em oito estados brasileiros. No ano¬safra encerrado em junho de 2015 (último dado disponível), a companhia teve receita líquida de R$ 331 milhões.
As companhias não divulgaram detalhes da transação. O Valor apurou que a aquisição se deu por meio de um aporte de recursos na CCAB¬Agro, por meio da qual a InVivo passou a ser majoritária. O grupo de cooperativas brasileira foi diluído, mas se mantém como acionista relevante da empresa. De acordo com fontes de mercado, a companhia francesa colocou aproximadamente R$ 220 milhões no negócio. A InVivo atua em 30 países em diversos segmentos, com um total de 220 cooperativas e 300 mil agricultores associados. As atividades do grupo vão de agricultura, nutrição e saúde animal, controle biológico de pragas, trading, pools para compras de insumos, até varejo e vinhos. No ano fiscal 2015¬2016, a receita líquida da companhia francesa totalizou € 6,4 bilhões. No Brasil, está presente em nutrição e saúde animal, com a Neovia. Após a aquisição da CCAB¬Agro, amplia o leque de atividades e, a partir dessa transação, outras oportunidades de sinergia serão avaliadas. Jones Yasuda, presidente da CCBA¬Agro, explicou, em entrevista ao Valor, que a transação é fundamental para dar escala à companhia, em especial diante do cenário de consolidação dos grandes grupos produtores das matérias¬primas para os defensivos, como Basf, Bayer, DuPont, Syngenta, entra outras. "Com o negócio, a CCAB¬Agro entra para um grupo que negocia volumes da ordem de US$ 1 bilhão com esses fornecedores. Nosso porte atual, nos permitia negociar US$ 150 milhões. É um grande salto", disse o executivo. Atualmente, a CCAB¬Agro tem autorização para comercializar 14 produtos formulados (prontos para uso pelo agricultor). A companhia tem mais 30 produtos formulados sendo avaliados para liberação. A expectativa de Yasuda é que, dentro de 18 a 24 meses, o portfólio para agricultores tenha mais do que dobrado de tamanho. O aporte de capital da InVivo, segundo ele, é importante pois dá fôlego para a companhia enfrentar esse ciclo de aprovação, em especial num segmento que vive de dar crédito ao cliente. Entre ter as condições de oferecer o produto formulado e obter a certificação necessária pelo governo, o ciclo é longo, podendo levar até dois anos. Além disso, de 60% a 70% do custo dos produtos depende de insumos importados. Em junho de 2015, a CCAB¬Agro tinha R$ 290,4 milhões de compromissos com empréstimos e financiamentos e pouco mais de R$ 9 milhões em caixa. O executivo espera que, dentro de três anos, a CCAB-Agro tenha triplicado a receita, o que significa se transformar num negócio bilionário. A busca por sinergias deve colocar os mercados de agricultura de precisão e de sementes na mira da parceria. Além da escala que a transação com o grupo francês traz em volume, há ganhos de eficiência esperados. Segundo Yasuda, juntas CCAB¬Agro e InVivo vão avaliar a oportunidade de montar uma infraestrutura para produção na China, com um time local dedicado ao acompanhamento do processo de produção e que busque as melhores condições. Em nota, Thierry Blandinières, presidente do grupo InVivo, afirmou que a aquisição é importante para atuação na economia brasileira. Segundo o executivo, o plano da InVivo para 2025 prevê que o crescimento virá principalmente de um forte processo de internacionalização. Em setembro do ano passado, a InVivo, por meio da Neovia, adquiriu uma unidade de nutrição animal em Rondônia. Agora, uma nova frente de atuação no Brasil se abre. O grupo francês e os agricultores brasileiros vão conviver na CCABAgro ambos com direito de veto em alguns temas. O sócios nacionais, por exemplo, têm direito de veto caso haja uma mudança muito significativa no escopo de atuação da companhia.
Por Graziella Valenti
O grupo francês InVivo, um dos maiores de cooperativas agropecuárias da França, colocou o Brasil de vez na mira de seu processo de internacionalização. A empresa francesa anuncia hoje a compra do controle da CCAB¬Agro, Consórcio Cooperativo Agropecuário Brasileiro, de defensivos agrícolas. Com isso, marca sua estreia nesse segmento no país. A CCAB¬Agro é uma empresa de defensivos genéricos, criada em 2006 a partir da união de diversas cooperativas. Atualmente, são 18 cooperativas e dois grupos produtores reunidos, que atendem 55 mil agricultores em oito estados brasileiros. No ano¬safra encerrado em junho de 2015 (último dado disponível), a companhia teve receita líquida de R$ 331 milhões.
As companhias não divulgaram detalhes da transação. O Valor apurou que a aquisição se deu por meio de um aporte de recursos na CCAB¬Agro, por meio da qual a InVivo passou a ser majoritária. O grupo de cooperativas brasileira foi diluído, mas se mantém como acionista relevante da empresa. De acordo com fontes de mercado, a companhia francesa colocou aproximadamente R$ 220 milhões no negócio. A InVivo atua em 30 países em diversos segmentos, com um total de 220 cooperativas e 300 mil agricultores associados. As atividades do grupo vão de agricultura, nutrição e saúde animal, controle biológico de pragas, trading, pools para compras de insumos, até varejo e vinhos. No ano fiscal 2015¬2016, a receita líquida da companhia francesa totalizou € 6,4 bilhões. No Brasil, está presente em nutrição e saúde animal, com a Neovia. Após a aquisição da CCAB¬Agro, amplia o leque de atividades e, a partir dessa transação, outras oportunidades de sinergia serão avaliadas. Jones Yasuda, presidente da CCBA¬Agro, explicou, em entrevista ao Valor, que a transação é fundamental para dar escala à companhia, em especial diante do cenário de consolidação dos grandes grupos produtores das matérias¬primas para os defensivos, como Basf, Bayer, DuPont, Syngenta, entra outras. "Com o negócio, a CCAB¬Agro entra para um grupo que negocia volumes da ordem de US$ 1 bilhão com esses fornecedores. Nosso porte atual, nos permitia negociar US$ 150 milhões. É um grande salto", disse o executivo. Atualmente, a CCAB¬Agro tem autorização para comercializar 14 produtos formulados (prontos para uso pelo agricultor). A companhia tem mais 30 produtos formulados sendo avaliados para liberação. A expectativa de Yasuda é que, dentro de 18 a 24 meses, o portfólio para agricultores tenha mais do que dobrado de tamanho. O aporte de capital da InVivo, segundo ele, é importante pois dá fôlego para a companhia enfrentar esse ciclo de aprovação, em especial num segmento que vive de dar crédito ao cliente. Entre ter as condições de oferecer o produto formulado e obter a certificação necessária pelo governo, o ciclo é longo, podendo levar até dois anos. Além disso, de 60% a 70% do custo dos produtos depende de insumos importados. Em junho de 2015, a CCAB¬Agro tinha R$ 290,4 milhões de compromissos com empréstimos e financiamentos e pouco mais de R$ 9 milhões em caixa. O executivo espera que, dentro de três anos, a CCAB-Agro tenha triplicado a receita, o que significa se transformar num negócio bilionário. A busca por sinergias deve colocar os mercados de agricultura de precisão e de sementes na mira da parceria. Além da escala que a transação com o grupo francês traz em volume, há ganhos de eficiência esperados. Segundo Yasuda, juntas CCAB¬Agro e InVivo vão avaliar a oportunidade de montar uma infraestrutura para produção na China, com um time local dedicado ao acompanhamento do processo de produção e que busque as melhores condições. Em nota, Thierry Blandinières, presidente do grupo InVivo, afirmou que a aquisição é importante para atuação na economia brasileira. Segundo o executivo, o plano da InVivo para 2025 prevê que o crescimento virá principalmente de um forte processo de internacionalização. Em setembro do ano passado, a InVivo, por meio da Neovia, adquiriu uma unidade de nutrição animal em Rondônia. Agora, uma nova frente de atuação no Brasil se abre. O grupo francês e os agricultores brasileiros vão conviver na CCABAgro ambos com direito de veto em alguns temas. O sócios nacionais, por exemplo, têm direito de veto caso haja uma mudança muito significativa no escopo de atuação da companhia.
Por Graziella Valenti