Atualmente, mudanças econômicas ocorridas em diferentes locais do planeta podem influenciar as diferentes atividades econômicas de outras partes do mundo e, por consequência, de cada estabelecimento rural. Com isso torna-se cada vez mais importante tratar a unidade rural como empresa que realmente é ou deveria ser.
Escassez de recursos para financiamento (investimentos e custeio), exigências cada vez maiores do mercado com relação à qualidade e origem dos produtos, pressão da população quanto às questões ambientais, competitividade estimulada pelo sistema capitalista e globalizado e redução das margens de lucro são algumas das razões pelas quais deve-se reforçar a necessidade da adoção de sistemas mais adequados de gestão do estabelecimento agrícola.
Você já ouviu falar do Ciclo PCDA? Ele vem lá da Administração, mais especificamente da área de Gestão da Qualidade, e tem como objetivo fazer a empresa organizar os seus processos de trabalho buscando a melhoria contínua.
Isso mesmo, você já deve estar pensando “então posso aplicar isso na minha fazenda/propriedade e buscar uma melhoria contínua também?”. É claro que sim! Afinal ele trata de melhoria e performance, aumento da eficiência e da performance do negócio, e o Agro é um negócio também!
Entendendo o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action – Planejar, Fazer, Checar e Agir)
O ciclo PDCA foi introduzido no Japão por Shewhart, na década de 20, porém, foi Deming, em 1950 quem publicou e aplicou este conceito. O ciclo de Deming tem por princípio dinamizar as atividades do processo que estão divididas em quatro categorias:
Será que no dia a dia do Agro somos capazes de executar este plano?
O nosso planejamento vai começar com o diagnóstico do solo, isso inclui o levantamento da fertilidade física, química e biológica da área. Precisamos destacar aqui duas coisas:
Podemos partir para a análise e planejamento de metas e ações para cada Zona de Manejo, nesta etapa é preciso contar com o apoio de engenheiros agrônomos que possam identificar qual o potencial de resposta de cada corretivo ou fertilizante e a viabilidade de investimento pensando no curto, médio e longo prazo. Afinal, é necessário manter um equilíbrio entre custos e possibilidade de ganhos, nosso objetivo aqui é aumentar a rentabilidade da área não só a sua produtividade, ou seja, estabelecemos nossas metas.
Sabendo disso, partimos para o plano de ação, o que deverá ser feito em cada Zona de Manejo, como as operações devem ser realizadas e, o mais importante: toda a equipe precisa estar ciente do que será feito e como deverá ser feito, isto é, precisamos estabelecer já no plano de ação a capacitação da equipe de campo para as próximas etapas.
É hora de executar o plano de ação para cada Zona de Manejo estabelecida no plano!!
Este é um momento crucial, principalmente no agro, se algo der errado agora só poderá ser corrigido na próxima safra, então devemos começar pela capacitação e treinamento.
Este treinamento dá sentido às ações, um técnico agrícola, um operador só irá fazer corretamente o que foi determinado (muitas vezes de forma diferente do que ele vinha fazendo até então) se entender por que precisa mudar a forma de trabalho.
Esse é o erro mais comum na etapa do “Fazer”, “eu sempre fiz assim e deu certo, porque tenho que mudar agora?” “todo mundo faz assim, porque agora eu tenho que fazer diferente?” é o que mais costumamos ouvir, mas é justamente por não aceitar a mudança ou fazer sempre do mesmo jeito que, em muitas propriedades, a produção e a rentabilidade se mantêm estagnadas ou em declínio.
No agro, o nosso checar é constante, principalmente porque temos uma janela bem estreita de tempo que podemos usar para olhar e agir dentro do ciclo de uma safra. Sim! Estamos falando aqui do monitoramento constante da nutrição vegetal.
Também é preciso ficar atento e observar constante os demais fatores envolvidos: clima, ervas daninhas, pragas, etc., afinal eles serão importantes no próximo ciclo de planejamento.
Quando fazemos o monitoramento nutricional podemos agir durante o processo e isso é determinante para garantir uma alta performance e uma boa produção.
Mas o agir vai além da correção imediata, ele também indica que devemos nos preparar para uma nova fase, um novo ciclo de planejamento e ações.
Aqui também se faz essencial a participação do engenheiro agrônomo, que poderá avaliar os resultados, conversar com a equipe para identificar as falhas, as dificuldades e estabelecer a influência de cada fator no resultado final.
Vamos ilustrar outra aplicação do PDCA com as principais atividades relacionadas com a cultura da soja:
Durante o planejamento de uma nova cultura, na etapa de estudo de viabilidade (planejamento) é necessário conhecer as características do solo (riqueza, textura, calcário, salinidade, presença de doenças, etc.).
No caso de a cultura ser irrigada, temos que conhecer as características da água de rega, os riscos que pode representar para a minha cultura, para os terrenos agrícolas e até para as instalações.
No exemplo das culturas anuais (cereais) ou permanentes (olivais, vinhas, etc.), se não sabemos o tipo de solo e água que temos, não podemos planear um fertilizante com todas as garantias. Por outro lado, através de uma análise foliar pode ser feito um diagnóstico (verificar) o estado da nossa cultura em termos de nutrientes.
Desta forma, podemos tomar decisões quanto ao gerenciamento da exploração, antecipar faltas e fazer um planejamento mais eficiente para a próxima campanha.
Há casos em que as mesmas fazendas produzem seus próprios fertilizantes orgânicos por meio da compostagem. Para verificar se o produto obtido é o esperado, não há outra forma que fazer uma análise da riqueza e propriedades físicas do composto obtido.
A ideia que queremos transmitir neste artigo é que a melhoria contínua é um processo cíclico e que pode ser aplicada a qualquer campo organizacional, ressaltando a importância do Planejamento e Verificação do processo, o que nos permitirá estar sempre mais eficiente, produzindo com menos custos e obtendo produtos melhores.