O conceito tradicional na agricultura requer algum parâmetro benéfico ao produto, seja pelo sabor, pela concentração de alguma substância ou então pela produtividade em que se atinge em determinada propriedade. No entanto, deve-se deslocar a atenção da qualidade para o sistema, onde abrange-se um estudo de mercado, cliente e do método de produção de determinado alimento.
Atualmente, disseminar técnicas de gestão para os agricultores é de suma importância, visto que com o auxílio de ferramentas da qualidade usadas em conjunto consegue-se um maior conhecimento do comportamento dos processos, dando um maior respaldo para a aplicação de ações que visam à melhoria contínua. A implantação de um modelo de gestão do negócio agrícola nos mostra a necessidade de deixar de dar importância apenas ao que é visível no campo como o trabalho com tratores, a aplicação de adubos e defensivos, etc, passando a valorizar a informação de como um insumo é fundamental para a tomada de decisões.
Implantar a qualidade na empresa agrícola significa o envolvimento das pessoas no processo produtivo, motivando-as para que utilizem sua criatividade e contribuam com a melhoria dos processos. Neste ponto, as ferramentas da qualidade surgem como um elemento facilitador para a implantação de sistemas de excelência.
Nesta edição vamos abordar mais uma ferramenta de gestão da qualidade.
Diagrama de Pareto
O princípio de Pareto apresenta o conceito de que, na maioria das situações, 80% das consequências são resultado de 20% das causas. Isso pode ser muito útil para tratar não conformidades, identificar pontos de melhoria e definir quais planos de ação devem ser atacados primeiro no que diz respeito à prioridade.
O Diagrama de Pareto é um recurso gráfico utilizado para estabelecer uma ordenação nas causas de perdas que devem ser sanadas, auxiliando na identificação dos problemas e priorizando-os para que sejam resolvidos de acordo com a sua importância. Isso não quer dizer que nem todos os problemas são importantes, mas sim que alguns precisam ser solucionados com maior urgência. Essa técnica faz parte das sete ferramentas da qualidade e permite uma fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais significativos, possibilitando a concentração de esforços para saná-los.
O Diagrama de Pareto apresenta um gráfico de barras que permite determinar quais problemas devem ser resolvidos primeiro. Por meio das frequências das ocorrências, da maior para a menor, é possível visualizar que na maioria das vezes há muitos problemas menores diante de outros mais graves, que representam maior índice de preocupação e perdas para a organização. Uma frase que lembra muito a lei de Pareto foi enunciada pelo 34º presidente americano, Dwigth D. Eisenhower:
“O que é importante raramente é urgente, o que é urgente raramente é importante.”
Assim, esta frase ajuda a determinar quais tarefas são mais importantes e devem ser atacadas primeiro, conceito que gerou a famosa Matriz de Eisenhower.
Deste modo, se uma coisa é urgente e importante (muito raro), faça-a primeiro. Se for apenas urgente ou importante, delegue para alguém, e se não for nenhuma das duas, esqueça-a!
Como fazer o Diagrama de Pareto
Exemplo: Uma máquina agrícola ficou 72 h parada/mês.
Passos para a construção do Diagrama de Pareto
Primeiro passo: fazer a folha de verificação, ordenando os valores por ordem decrescente de grandeza.
Segundo passo: acrescentar mais uma coluna indicando os valores acumulados. Esse cálculo é feito somando o número de ocorrências de uma razão mais as ocorrências da razão anterior.
Terceiro passo: acrescentar mais uma coluna onde serão colocados os valores percentuais referentes à cada tipo de ocorrência.
O cálculo é feito dividindo o número de ocorrências de um determinado tipo pelo total de ocorrências no período:
Quarto passo: acumulam-se estes percentuais em uma última coluna. Para isso, basta somar o percentual de ocorrência de cada razão ao percentual de ocorrência da razão anterior.
Com estes dados pode ser construído o gráfico de Pareto, apresentado a seguir:
Conforme apresentado no gráfico acima, para diminuir o tempo parado da máquina será necessário criar um programa de ação para a empresa diminuir o tempo de manutenção corretiva e troca de ferramentas. Com isso, 68% do problema serão resolvidos.
Este foi um exemplo simples, aplicado a máquinas agrícolas, para compreensão de como aplicar as ferramentas de qualidade facilmente para a gestão em sua fazenda, empresa ou negócio.
Em empresa, pense assim: segundo essa lei, 20% dos seus clientes são responsáveis por 80% de suas receitas. Não seria interessante descobrir quem são esses 20% de clientes mais efetivos e investir neles? Assim, aprenda a ter produtividade economizando o seu tempo!