O investimento na nova tecnologia faz parte dos planos da companhia de aproveitar 100% do potencial da cana-de-açúcar
Aproveitar tudo o que a cana pode proporcionar, essa é mote adotado pelo Grupo Tereos, que apresentou no mês de setembro a sua planta piloto de biogás, instalada na unidade Cruz Alta, na cidade de Olímpia-SP. O local foi estrategicamente pensando pela empresa, já que a usina Cruz Alta produz o maior volume de vinhaça e pode receber no futuro o subproduto de outras usinas. Até momento, a Tereos investiu no projeto cerca de R$ 15 milhões de reais. "A produção de biogás é uma medida importante para expandir o uso de energia limpa e potencializar nossa presença nesse mercado”, destaca o diretor comercial da Tereos, Gustavo Segantini que acrescenta “isso reforça nosso compromisso com a sustentabilidade, também estamos focados em ampliar os nossos negócios e oferecer qualidade por um preço competitivo ao consumidor final".
Na foto, da esquerda para direita: Everton Carpanezi, superintendente de operações agroindustriais; Jonas Soares Gutierres, gerente executivo de Operações Agroindustriais; Giovana Penha da Costa, trainee; Gustavo Segantini, diretor comercial; e, Samuel Custódio de Oliveira, gerente comercial de energia
Por ano, as sete usinas sucroalcooleiras da Tereos recebem cerca de 15,6 milhões de toneladas de cana, que se tornam 1,4 milhão de toneladas de açúcar e 531 milhões de litros de etanol. De acordo com a empresa, cada litro de etanol produzido resulta em 12 litros de vinhaça. O produto, fruto da destilação do etanol continua produtivo, mesmo depois de passar pelo biodigestor para a produção do biogás, e volta para o campo na forma de fertilizante. No projeto instalado, a planta piloto tem uma lagoa que recebe 25 mil litros de vinhaça por hora, que digerida por bactérias resulta no biogás. “Os setores vêm trabalhando no desenvolvimento das tecnologias de combustão, geração e também de distribuição”, aponta o superintendente de sustentabilidade Tereos, Renato Zanetti, que vê como de extrema importância o investimento da Tereos. “Os esforços estão sendo todos colocados para que possamos desenvolver mais esse combustível renovável dentro da matriz energética do país”, explica.
A planta piloto de biogás da Tereos na unidade Cruz Alta
O superintendente de sustentabilidade Tereos, Renato Zanetti
Inicialmente, o biometano produzido será usado para substituir o uso de diesel em toda a frota canavieira da unidade, o que de acordo com a empresa corresponde a 50.000 metros cúbicos por ano. Posteriormente, a ideia é elevar esse patamar de produção da planta até 1,5 milhão de m³ por ano. “Hoje importamos cerca de 40% de todo o diesel que consumimos no território nacional vem do mercado externo. Então, quando falamos de transição energética, estamos falando de substituição de combustíveis fósseis por combustível limpo. E o biometano é importante não só para a descarbonização do planeta, mas também para reduzir a dependência do Brasil com relação ao diesel no mercado externo”, explicou gerente comercial de Energia Tereos, Samuel Custódio. O terreno na Cruz Alta onde foi instalada a planta piloto também foi estratégico, já que o local tem a capacidade para receber mais 13 lagoas. De acordo com o gerente corporativo da usina Jonas Gutierres, apenas seis bastariam para gerar o biometano necessário para substituir o consumo de 50 mil m³ por ano de diesel dos caminhões da empresa. O restante será destinado à venda. A usina já tem um veículo em testes, operando com 70% de diesel e 30% de biometano. “O caminhão está rodando desde 2021 com o combustível, que tem mostrado eficiência energética”, finaliza Gutierres.
"O biometano é importante não só para a descarbonização do planeta, mas também para reduzir a dependência do Brasil com relação ao diesel no mercado externo", Samuel Custódio Oliveira
Jonas Gutierres explica que o terreno na Cruz Alta onde foi instalada a planta piloto tem a capacidade para receber mais 13 lagoas