Margem: o maior desafio dos produtores de Guaíra

09/04/2025 Noticias POR: Marino Guerra

NÃO DEPENDER DE APENAS UMA GALINHA – O produtor e presidente do Sindicato Rural de Guaíra, Mário Sergio Silvério, acredita num planejamento integrado com diversas atividades, inclusive em mercados pequenos, como o de palha de milho para cigarros, para continuar crescendo

Maior pólo graneleiro do interior paulista canavieiro, Guaíra vive a perspectiva de fechar uma boa safra em produtividade, porém com margens bastante apertadas, exigindo dos produtores muita flexibilidade para garantir a sustentabilidade financeira da operação.

Experiente e diversificado produtor, além de presidente do Sindicato Rural de Guaíra, Mário Sergio Silvério destacou que as chuvas e o fato de ter um ciclo de baixa pressão de pragas e doenças criaram um cenário promissor para a soja em termos de produtividade.

“Este ano foi totalmente diferente, o plantio ocorreu de forma organizada, as chuvas vieram no momento certo, a formação dos estandes aconteceu de maneira rápida. No que diz respeito à saúde das lavouras, tivemos poucos problemas com o percevejo e a mosca branca, a ferrugem asiática praticamente não apareceu, isso mostra que estamos no caminho certo em termos de manejo preventivo, justificando o investimento que fazemos em tecnologia de aplicação”, disse Silvério.

Com um plantio superior a mil hectares, sendo 600 deles irrigados, o produtor destacou para a importância da escolha de variedades que casem com sua capacidade operacional relacionada ao tempo de maturação, lembrando que o planejamento da safrinha e terceira safra é importante para a tomada de decisão, mas ele lembra que quem paga as contas é a soja.

Para o atual ciclo, com chuvas regulares, ele não acredita que a diferença na produtividade de soja será muito grande, contudo, em anos mais secos, a tecnologia faz grande diferença: “No ano passado, tivemos produtores colhendo apenas 20 sacos por hectare em algumas áreas”, relembrou.

Perante um manejo de soja bastante maduro, é no milho que começa a aparecer toda a versatilidade de Silvério, pois como a cultura tem, historicamente, margens mais apertadas, buscar outros mercados que o tradicional milho para grãos é um caminho a ser trilhado.

Nesse sentido, ele trabalha com a produção de silagem, milho verde e até mesmo a venda de palha, de uma variedade específica, em parceria com uma fábrica de cigarro de palha. Ele lembra que mediante aos desafios climáticos e de preço de 2024, a venda de silagem foi uma das principais fontes de renda. Até porque a silagem também é utilizada numa quarta atividade do produtor (além das três culturas que faz com os pivôs), a pecuária.

Segundo o produtor, a combinação entre agricultura e pecuária tem se tornado uma estratégia fundamental: “Eu planto o milho e uso para alimentar o gado, aproveitando melhor os espaços e insumos”.

E como o negócio de Silvério é diversificar, hoje suas 300 cabeças estão divididas entre vacas leiteiras, recria e confinadas, assim ele consegue definir qual sistema de produção adota perante a disponibilidade de áreas.

Sobre a integração, além da silagem, ele também utiliza a palha: “O milho verde é uma grande aposta, pois além da comercialização, sua palha pode ser utilizada para alimentar o gado, garantindo um melhor aproveitamento do plantio”, comentou. 

Sobre a recente ampliação de áreas de amendoim na região, Silvério não se anima em trabalhar com a cultura, isso pelo seu ciclo mais longo que o da soja e por problemas que podem impactar ainda mais a safrinha, como sua tiguera difícil de controlar.

Atento a não cair na tentação da produtividade, ele cita o controle dos custos e a integração como os maiores segredos de sucesso de uma operação rural: “O agricultor precisa estar atento, pois os custos de produção continuam altos. O segredo está no planejamento e uso eficiente dos recursos”, concluiu Silvério.