Mercado mais vulnerável acende luz de alerta

14/12/2015 Açúcar POR: Archer Consulting
O mercado de açúcar em NY pesou bastante esta semana, amargando uma expressiva queda de 90 pontos no vencimento março de 2016, que encerrou o pregão de sexta-feira a 14.58 centavos de dólar por libra-peso. Os meses seguintes de negociação na bolsa também conheceram quedas pesadas que oscilaram entre 80 pontos para os vencimentos mais curtos e 48 pontos para os mais longos. No cômputo geral o preço caiu entre 10 e 20 dólares por tonelada na semana.
A queda brusca nas cotações do açúcar preocupa pelo volume fraco negociado, isto é, o mercado caiu fortemente com pouco volume mostrando que não existem novos compradores aos níveis atuais de preço e que, como já mencionamos aqui na semana passada, os fundos podem estar no limite de sua capacidade. Os fundos devem ter liquidado entre 15 e 20 mil contratos durante a semana, mas a bolsa divulgou na sexta-feira que baseado na posição de terça-feira passada, os fundos estavam comprados 218.000 contratos. Qual será a reação do mercado na segunda-feira ao saber que mesmo 130 pontos abaixo da máxima alcançada (15.85 centavos de dólar por libra-peso dia 4 de dezembro), os fundos estão massivamente comprados?
Temos insistido veementemente aqui já há algum tempo sobre a clara dicotomia que existe entre o mercado futuro de açúcar em NY, cuja trajetória de alta tem sido alimentada pelos fundos não indexados, e o mercado físico, cujos descontos nos negócios à vista mostram que a demanda está longe de ser considerada construtiva. Poucas vezes vi no mercado de commodities situações tão paradoxais como as que estamos presenciando no açúcar. A maioria concorda que os fundamentos são construtivos, mas que também os preços em reais estão muito altos, a primeira afirmativa leva-nos a pensar em comprar enquanto a segunda nos compele a vender. Os fundos estão comprados mais de 200.000 lotes, mas o físico negocia a passos de tartaruga. Como ponderar tais pontos conflitantes?
Note que apesar dessa queda, tomando por base o fechamento de NY em centavos de dólar por libra-peso vezes a taxa de câmbio divulgada pelo Banco Central, o mercado fechou a R$ 1.299 por tonelada contra R$ 1.325 por tonelada na sexta-feira anterior e 5% abaixo do recorde de preço alcançado em 1º de dezembro de R$ 1.368 por tonelada. Os preços em reais continuam muito bons.
O petróleo bateu o preço mais baixo dos últimos sete anos (desde a crise de 2008 que culminou com a quebra do Lehman Brothers) negociando 35.67 dólares por barril. O real desvalorizou-se ainda mais em relação ao dólar fechando a 3,8740 na semana. O rompimento do nível de 40 dólares por barril de petróleo tem efeito corrosivo na formação de preço do açúcar no mercado internacional.
O que pode fazer o mercado cair mais? a) a percepção, por parte dos fundos, de que o mercado esgotou a alta e talvez seja o momento de tomar lucro e liquidar a posição; b) o petróleo continua sua trajetória de baixa sinalizando que na próxima safra mais canadeverá ser destinada à produção de açúcar uma vez que o etanol perde competitividade em relação à gasolina; c) o quadro político piora ainda mais acelerando a desvalorização do real, pressionando as cotações do açúcar em NY que voltam a se correlacionar com a moeda brasileira pela fragilidade dos fundamentos do açúcar.
O que pode fazer o mercado continuar a subir? a) o aumento da CIDE (imposto sobre o combustível), que está no orçamento, mas encontra resistência por parte da presidente Dilma; b) o impeachment da presidente Dilma deve fortalecer o real com impacto favorável nas cotações do açúcar. Infelizmente, se aprovado o processo, não se espera que a presidente seja afastada antes do final do primeiro trimestre de 2016.
Nem há o que discutir sobre o peso e a probabilidade dos argumentos acima favoráveis a uma recuperação ou queda do mercado. É fácil ver para onde o pêndulo está virando. Por isso, uma vez mais, é importante não perder a oportunidade de fixar bons preços em reais, pois estes sim ainda estão muito acima da média dos últimos cinco anos em valores nominais. Vale o mesmo para a safra 2017/2018 que mostra preços médios acima de 1.500 reais.
O preço médio dos fechamentos diários do contrato março/2016 de NY neste mês é de 15,15 centavos de dólar por libra-peso, 1.75% melhor do que os 14,89 centavos de dólar por libra-peso no mês passado.
Obrigado, Dilma. Depois de 12 anos, finalmente a inflação brasileira atingiu dois dígitos. Mais uma proeza da pior presidente da história republicana. A propósito, esqueci-me de mencionar na semana passada a declaração da digníssima mandatária sobre o setorsucroalcooleiro. Defendendo a volta da CPMF para o orçamento do ano que vem, a presidente nem quis discutir com seus assessores amestrados a volta da CIDE pois, segundo ela, o setor não tem do que reclamar.
*Artigo originalmente publicado no Portal Archer Consulting no dia 11/12/15. Comentário semanal de 7/12 à 11/12/15.
Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado de açúcar em NY pesou bastante esta semana, amargando uma expressiva queda de 90 pontos no vencimento março de 2016, que encerrou o pregão de sexta-feira a 14.58 centavos de dólar por libra-peso. Os meses seguintes de negociação na bolsa também conheceram quedas pesadas que oscilaram entre 80 pontos para os vencimentos mais curtos e 48 pontos para os mais longos. No cômputo geral o preço caiu entre 10 e 20 dólares por tonelada na semana.
A queda brusca nas cotações do açúcar preocupa pelo volume fraco negociado, isto é, o mercado caiu fortemente com pouco volume mostrando que não existem novos compradores aos níveis atuais de preço e que, como já mencionamos aqui na semana passada, os fundos podem estar no limite de sua capacidade. Os fundos devem ter liquidado entre 15 e 20 mil contratos durante a semana, mas a bolsa divulgou na sexta-feira que baseado na posição de terça-feira passada, os fundos estavam comprados 218.000 contratos. Qual será a reação do mercado na segunda-feira ao saber que mesmo 130 pontos abaixo da máxima alcançada (15.85 centavos de dólar por libra-peso dia 4 de dezembro), os fundos estão massivamente comprados?
Temos insistido veementemente aqui já há algum tempo sobre a clara dicotomia que existe entre o mercado futuro de açúcar em NY, cuja trajetória de alta tem sido alimentada pelos fundos não indexados, e o mercado físico, cujos descontos nos negócios à vista mostram que a demanda está longe de ser considerada construtiva. Poucas vezes vi no mercado de commodities situações tão paradoxais como as que estamos presenciando no açúcar. A maioria concorda que os fundamentos são construtivos, mas que também os preços em reais estão muito altos, a primeira afirmativa leva-nos a pensar em comprar enquanto a segunda nos compele a vender. Os fundos estão comprados mais de 200.000 lotes, mas o físico negocia a passos de tartaruga. Como ponderar tais pontos conflitantes?
Note que apesar dessa queda, tomando por base o fechamento de NY em centavos de dólar por libra-peso vezes a taxa de câmbio divulgada pelo Banco Central, o mercado fechou a R$ 1.299 por tonelada contra R$ 1.325 por tonelada na sexta-feira anterior e 5% abaixo do recorde de preço alcançado em 1º de dezembro de R$ 1.368 por tonelada. Os preços em reais continuam muito bons.
O petróleo bateu o preço mais baixo dos últimos sete anos (desde a crise de 2008 que culminou com a quebra do Lehman Brothers) negociando 35.67 dólares por barril. O real desvalorizou-se ainda mais em relação ao dólar fechando a 3,8740 na semana. O rompimento do nível de 40 dólares por barril de petróleo tem efeito corrosivo na formação de preço do açúcar no mercado internacional.
O que pode fazer o mercado cair mais? a) a percepção, por parte dos fundos, de que o mercado esgotou a alta e talvez seja o momento de tomar lucro e liquidar a posição; b) o petróleo continua sua trajetória de baixa sinalizando que na próxima safra mais canadeverá ser destinada à produção de açúcar uma vez que o etanol perde competitividade em relação à gasolina; c) o quadro político piora ainda mais acelerando a desvalorização do real, pressionando as cotações do açúcar em NY que voltam a se correlacionar com a moeda brasileira pela fragilidade dos fundamentos do açúcar.
O que pode fazer o mercado continuar a subir? a) o aumento da CIDE (imposto sobre o combustível), que está no orçamento, mas encontra resistência por parte da presidente Dilma; b) o impeachment da presidente Dilma deve fortalecer o real com impacto favorável nas cotações do açúcar. Infelizmente, se aprovado o processo, não se espera que a presidente seja afastada antes do final do primeiro trimestre de 2016.
Nem há o que discutir sobre o peso e a probabilidade dos argumentos acima favoráveis a uma recuperação ou queda do mercado. É fácil ver para onde o pêndulo está virando. Por isso, uma vez mais, é importante não perder a oportunidade de fixar bons preços em reais, pois estes sim ainda estão muito acima da média dos últimos cinco anos em valores nominais. Vale o mesmo para a safra 2017/2018 que mostra preços médios acima de 1.500 reais.
O preço médio dos fechamentos diários do contrato março/2016 de NY neste mês é de 15,15 centavos de dólar por libra-peso, 1.75% melhor do que os 14,89 centavos de dólar por libra-peso no mês passado.
Obrigado, Dilma. Depois de 12 anos, finalmente a inflação brasileira atingiu dois dígitos. Mais uma proeza da pior presidente da história republicana. A propósito, esqueci-me de mencionar na semana passada a declaração da digníssima mandatária sobre o setorsucroalcooleiro. Defendendo a volta da CPMF para o orçamento do ano que vem, a presidente nem quis discutir com seus assessores amestrados a volta da CIDE pois, segundo ela, o setor não tem do que reclamar.
*Artigo originalmente publicado no Portal Archer Consulting no dia 11/12/15. Comentário semanal de 7/12 à 11/12/15.
Arnaldo Luiz Corrêa