O mercado de açúcar em NY atingiu nesta semana a menor cotação dos últimos cinco anos. O contrato com vencimento julho/2015 negociou a 11,83 centavos de dólar por libra peso, o nível mais baixo desde 15 de janeiro de 2009 quando atingiu 11,52 centavos de dólar por libra peso. A desvalorização do real na semana ajudou a empurrar os preços para baixo. No fechamento desta sexta-feira, o julho encerrou a 11,98 centavos de dólar por libra peso, equivalente a 876 reais por tonelada FOB que significa um valor de R$ 36,64 por saca na usina, abaixo do custo de produção estimado pela Archer Consulting e abaixo da média dos valores FOB em reais.
A variação negativa na semana foi assustadora. Houve um declínio de mais de 20 dólares por tonelada nas duas primeiras posições negociadas na bolsa de NY. Os demais meses caíram entre 10 e 17 dólares por tonelada. O spread outubro/2015 março/2016 aqui muitas vezes apontado como uma excelente oportunidade de compra se desvalorizou ainda mais. Ou seja, o mercado está dando um desconto equivalente a 27,58% ao ano para o vencimento outubro/2015 em relação ao março/2016. É algo como um desconto de R$ 140 por tonelada para o açúcar de outubro. E nem assim o comprador se coça. Que fase.
Além da explicação óbvia do excesso de açúcar no mundo e da diminuição dos negócios de exportação no mês de maio que, segundo alguns corretores, foi de longe um dos piores meses em termos de volume de açúcar negociado para a exportação, a entrega recorde de 1.9 milhão de toneladas se apresenta como um batráquio difícil de deglutir. Disputa-se com a trading asiática os eventuais interesses de compra de açúcar no mercado internacional.
Quem ficou fora da comercialização tem que oferecer descontos mais generosos para atrair aqueles compradores ou fazer o hedge da parte que não encontrou destino pressionando as cotações do mercado futuro. Os fundos, por outro lado, estão absolutamente tranquilos nesse ambiente apocalíptico.
Mercados em carrego estimulam aos fundos a continuarem vendidos e a menos que haja alguma noticia que mude essa percepção, não há razão para tirar o pé do acelerador. Depois de terem liquidado suas posições vendidas e erroneamente ficarem comprados por breve período, os fundos voltaram a vender e agora somam mais de 55 mil lotes com natural apetite para adicionarem novas posições vendidas. Apertem os cintos.
O preço médio global da gasolina no início da semana era de US$ 1,11 por litro. No Brasil, a gasolina está sendo comercializada a US$ 1,06 por litro. Existe sim uma defasagem de aproximadamente R$ 0.16 por litro. Se a Petrobrás vai promover algum ajuste nos preços é difícil prever, principalmente pelo efeito inflacionário e político que ele embute. Seria bom que essa prática fosse adotada para se evitar a piora da situação da própria estatal do petróleo e, não menos importante, da conta já extensa que o setor sucroalcooleiro acaba tendo de pagar por essa (falta de) política.
A situação financeira crítica de muitas usinas alimenta a espiral negativa de preços que sofre o impacto de estratégias equivocadas de hedge que contemplavam trajetórias de preço que nunca se efetivaram, deixando vulnerável justamente quem não podia ficar. Pensavam em acumuladores e agora só acumulam dores (desculpem-me o péssimo trocadilho). É prudente não colocar todos os ovos numa mesma cesta. Estratégias diversificadas de hedge são saudáveis e recomendáveis, mas quando se depende de apenas uma operação que por sua vez é dependente da trajetória de preços, aí a coisa complica mesmo. Paga-se o preço do noviciado, muitas vezes.
Nos últimos quinze anos, o preço mais baixo observado durante toda a safra - tomando como base o fechamento do primeiro mês de negociação na bolsa de açúcar de NY - ocorreu, em 80% dos casos, no trimestre abril/maio/junho e jamais ocorreu no segundo semestre do ano. As altas, por outro lado, são mais esparsas com ligeira incidência nos primeiros dois meses do ano calendário.
Agora vai uma notícia que certamente vai agradar aos produtores: o preço médio praticado na safra durante os últimos 15 anos guarda estreita correlação com o preço mínimo praticado durante o mesmo período, apresentando uma aderência de quase 90%.
Na curva de preços analisada pela Archer, se assumirmos que o menor preço da safra será mesmo o de 11,83 centavos de dólar por libra peso negociado na semana passada, o valor médio da 2015/2016 é apontado pelo modelo como sendo de 15,51 centavos de dólar por libra peso. Se o menor preço, por exemplo, for de 11 centavos de dólar por libra peso, o modelo diz que o preço médio da safra é de 14,45 centavos de dólar por libra peso.
Arnaldo Luiz Corrêa / Diretor da Archer Consulting
O mercado de açúcar em NY atingiu nesta semana a menor cotação dos últimos cinco anos. O contrato com vencimento julho/2015 negociou a 11,83 centavos de dólar por libra peso, o nível mais baixo desde 15 de janeiro de 2009 quando atingiu 11,52 centavos de dólar por libra peso. A desvalorização do real na semana ajudou a empurrar os preços para baixo. No fechamento desta sexta-feira, o julho encerrou a 11,98 centavos de dólar por libra peso, equivalente a 876 reais por tonelada FOB que significa um valor de R$ 36,64 por saca na usina, abaixo do custo de produção estimado pela Archer Consulting e abaixo da média dos valores FOB em reais.
A variação negativa na semana foi assustadora. Houve um declínio de mais de 20 dólares por tonelada nas duas primeiras posições negociadas na bolsa de NY. Os demais meses caíram entre 10 e 17 dólares por tonelada. O spread outubro/2015 março/2016 aqui muitas vezes apontado como uma excelente oportunidade de compra se desvalorizou ainda mais. Ou seja, o mercado está dando um desconto equivalente a 27,58% ao ano para o vencimento outubro/2015 em relação ao março/2016. É algo como um desconto de R$ 140 por tonelada para o açúcar de outubro. E nem assim o comprador se coça. Que fase.
Além da explicação óbvia do excesso de açúcar no mundo e da diminuição dos negócios de exportação no mês de maio que, segundo alguns corretores, foi de longe um dos piores meses em termos de volume de açúcar negociado para a exportação, a entrega recorde de 1.9 milhão de toneladas se apresenta como um batráquio difícil de deglutir. Disputa-se com a trading asiática os eventuais interesses de compra de açúcar no mercado internacional.
Quem ficou fora da comercialização tem que oferecer descontos mais generosos para atrair aqueles compradores ou fazer o hedge da parte que não encontrou destino pressionando as cotações do mercado futuro. Os fundos, por outro lado, estão absolutamente tranquilos nesse ambiente apocalíptico.
Mercados em carrego estimulam aos fundos a continuarem vendidos e a menos que haja alguma noticia que mude essa percepção, não há razão para tirar o pé do acelerador. Depois de terem liquidado suas posições vendidas e erroneamente ficarem comprados por breve período, os fundos voltaram a vender e agora somam mais de 55 mil lotes com natural apetite para adicionarem novas posições vendidas. Apertem os cintos.
O preço médio global da gasolina no início da semana era de US$ 1,11 por litro. No Brasil, a gasolina está sendo comercializada a US$ 1,06 por litro. Existe sim uma defasagem de aproximadamente R$ 0.16 por litro. Se a Petrobrás vai promover algum ajuste nos preços é difícil prever, principalmente pelo efeito inflacionário e político que ele embute. Seria bom que essa prática fosse adotada para se evitar a piora da situação da própria estatal do petróleo e, não menos importante, da conta já extensa que o setor sucroalcooleiro acaba tendo de pagar por essa (falta de) política.
A situação financeira crítica de muitas usinas alimenta a espiral negativa de preços que sofre o impacto de estratégias equivocadas de hedge que contemplavam trajetórias de preço que nunca se efetivaram, deixando vulnerável justamente quem não podia ficar. Pensavam em acumuladores e agora só acumulam dores (desculpem-me o péssimo trocadilho). É prudente não colocar todos os ovos numa mesma cesta. Estratégias diversificadas de hedge são saudáveis e recomendáveis, mas quando se depende de apenas uma operação que por sua vez é dependente da trajetória de preços, aí a coisa complica mesmo. Paga-se o preço do noviciado, muitas vezes.
Nos últimos quinze anos, o preço mais baixo observado durante toda a safra - tomando como base o fechamento do primeiro mês de negociação na bolsa de açúcar de NY - ocorreu, em 80% dos casos, no trimestre abril/maio/junho e jamais ocorreu no segundo semestre do ano. As altas, por outro lado, são mais esparsas com ligeira incidência nos primeiros dois meses do ano calendário.
Agora vai uma notícia que certamente vai agradar aos produtores: o preço médio praticado na safra durante os últimos 15 anos guarda estreita correlação com o preço mínimo praticado durante o mesmo período, apresentando uma aderência de quase 90%.
Na curva de preços analisada pela Archer, se assumirmos que o menor preço da safra será mesmo o de 11,83 centavos de dólar por libra peso negociado na semana passada, o valor médio da 2015/2016 é apontado pelo modelo como sendo de 15,51 centavos de dólar por libra peso. Se o menor preço, por exemplo, for de 11 centavos de dólar por libra peso, o modelo diz que o preço médio da safra é de 14,45 centavos de dólar por libra peso.
Arnaldo Luiz Corrêa / Diretor da Archer Consulting