José Mario Paro - cooperado e produtor rural
1 – Apresentação
Há vários anos, a cada início de safra, circulo pelos canaviais da região fazendo avaliações para uso de nossa empresa. Neste ano de tantas adversidades climáticas, procurei ampliar o alcance destas avaliações e divulgar os resultados.
2 – Metodologia
Com centro em Bebedouro/SP, foi demarcado em mapa rodoviário um círculo de 50km de raio, que tangencia as cidades de Sertãozinho, Jaboticabal, Catanduva, Olímpia, Barretos e Morro Agudo.
Compreende canaviais de doze unidades industriais em uma área total de 750 mil hectares e estimados 650 mil hectares de áreas de cultivo.
Para amostragem foram definidos dez roteiros em função das informações disponíveis, percorridos de 29/04/21 a 13/05/21, tendo sidos rodados quase 1.000km de rodovias, estradas vicinais e caminhos, com veículo próprio e motorista.
Pela dimensão das amostragens, não foi possível ter rigor cientifico na coleta de dados.
3 – Avaliação geral
O impacto de tantas adversidades resultou em canaviais com muitas falhas, estressados e com produção severamente comprometida.
Questão importante na análise dos dados obtidos é não tomar a safra 20/21 como parâmetro. Esta safra excepcional foi um ponto fora da curva.
Em nossa empresa, estamos trabalhando com as médias históricas de nossos canaviais.
4 – Avaliação da safra 21/22
Somaram-se incríveis condições adversas:
* Observa-se concentração dos canaviais com produtividades de 60 a 100 ton/ha, que vêm sendo confirmadas pelos dados de áreas já colhidas.
Observações:
1 – Existem microrregiões com canas boas e muito boas, em áreas de aplicação de vinhaça; em solos com maior capacidade de retenção de água; canaviais mais novos;
2 – O trecho contínuo mais longo com canas boas e muito boas foi visto na estrada municipal que liga o Porto de Areia, em Jaborandi, à cidade de Barretos;
3 – O trecho contínuo mais longo com canas ruins e muito ruins foi visto às margens da Rodovia Washington Luiz, no trecho Catanduva a São José do Rio Preto.
5 – Plantio 20/21
Estas áreas também foram afetadas pela falta de chuvas:
- não ter mudas prontas no tempo certo;
- dificuldades no preparo dos solos, em especial nas terras vermelhas;
- plantio interrompido.
Numa visão abrangente poderão ser observadas as situações:
- 75% a 80% do plantio com canas bem brotadas;
- 10% a 15% com brotação irregular;
- 5% a 10% - áreas em que dificilmente a cana se estabelecerá.
6 – Áreas em pousio (descanso)
Neste cenário áspero chama atenção a quantidade de áreas em pousio (sem nenhum cultivo), como há muito não se via.
Estas áreas - pousio – concentram-se nos municípios de Barretos, Morro Agudo, Jaborandi, Terra Roxa, Viradouro, Pitangueiras e Jaboticabal, no círculo 50km de raio estabelecido.
7 – Tendências
Em um cenário tão desafiador é natural que os produtores se preocupem com as questões imediatas:
A decisão por eventual segundo plantio de grãos é arriscada, pois as reformas irão se acumulando e, no limite, poderão dificultar a reposição do canavial.
Chegará o momento em que os preços do amendoim e da soja não serão remuneradores.
Nesta situação, caso o produtor esteja com os canaviais desestabilizados, corre o risco de não conseguir se manter na atividade.
8 – Conclusão
Tenho plena convicção de que o melhor investimento a ser feito pelos produtores é o cultivo das soqueiras. Será investimento de curto prazo – 12 meses – e seguro, pois na safra 22/23 os preços do ATR continuarão bons.
Boa safra a todos!