Grandes grupos sucroalcooleiros pretendem dar, na próxima safra (2017/18), o pontapé inicial ao uso da "cana energia" em escala industrial em algumas de suas usinas tradicionais. A espécie, considerada por seus defensores uma tecnologia "disruptiva" para o segmento, foi desenvolvida, a princípio, para ser a matéria-prima por excelência para a produção de etanol celulósico e de energia elétrica a partir de biomassa.
Empresas como GranBio, Odebrecht Agroindustrial e Raízen Energia já vêm desenvolvendo canaviais com a nova cana nos últimos anos. Embora a espécie tenha um rendimento menor que a convencional no processo de produção de etanol ou açúcar, apresenta a vantagem de oferecer uma produtividade agrícola muito superior, concentrando o dobro de biomassa por hectare ante uma plantação "normal".
A GranBio, controlada pela família Gradin, já realizou "testes em escala industrial" de processamento de cana energia nos idos da safra 2014/15 na Usina Seresta, localizada em Teotonio Vilela, em Alagoas. Mas é a partir do próximo ciclo que a produção ganhará ritmo. E na Usina Guaxuma, situada no município alagoano de Coruripe, que foi arrendada em setembro da massa falida do grupo João Lyra.
"O objetivo é mostrar que dá para usar cana energia para ter biomassa e também para produzir etanol de primeira geração", disse Bernardo Gradin, presidente da GranBio, ao Valor. Ele estima que os investimentos para recuperar equipamentos que estavam se deteriorando na Guaxuma e iniciar a safra vão somar R$ 15 milhões.
Se a produtividade da cana energia colhida nos primeiros mil hectares próprios que já tem em Alagoas ficar dentro da média, a GranBio terá 140 mil toneladas ainda bem aquém da capacidade da Guaxuma, que chega a cerca de 1,8 milhão de toneladas por safra.
Para garantir sua viabilidade, a Guaxuma vai operar também com cana convencional nessa retomada. Mas a ideia é usar apenas a nova espécie quando houver oferta suficiente. Para isso, a GranBio plantará progressivamente, nos próximos três anos, sua cana energia na metade da área agrícola também arrendada da Guaxuma, que soma 6 mil hectares, a outra metade foi arrendada pela Usina Coruripe.
O início da adoção da cana energia em escala industrial está em grande medida associado à estratégia de crescimento de Vignis, empresa focada em melhoramento genético convencional de cana com sede em Campinas, no interior paulista, que colherá, na próxima safra, cana energia para a Odebrecht Agroindustrial e para a Raízen Energia, com as quais mantém contratos de fornecimento de longo prazo.
Segundo Celso Ferreira, vice-presidente de operações e engenharia da Odebrecht Agroindustrial, disse ao Valor que a usina da empresa em Rio Claro, Goiás, já deverá processar, no ciclo 2017/18, 250 mil toneladas de cana energia.
E isso só será possível pelo acordo feito em 2014 com a Vignis, que desde então plantou 2 mil hectares da espécie para abastecer a companhia. "Fizemos testes em 2015, ainda na fase de crescimento do canavial. Tem que fazer alguns ajustes na moenda em função do maior teor de fibra, mas nada excepcional. Com o parque industrial que temos, vamos continuar moendo perfeitamente", disse.
A meta é chegar à safra 2019/20 com um processamento de 600 mil toneladas de cana energia na usina de Rio Claro, volume que deverá ser complementado com cana convencional. Ferreira afirmou que outras usinas da Odebrecht Agroindustrial, como a Morro Vermelho, também poderão processar a nova espécie, mas a postura ainda é de cautela.
"A próxima safra é decisiva. Aí vamos ter condição de avaliar o processamento industrial, a produtividade agrícola, se faz sentido expandir a moagem de cana energia na Rio Claro e se vale a pena levar para outras usinas", disse.
A Raízen Energia, por sua vez, receberá na próxima safra 400 mil toneladas de cana energia da Vignis, a primeira colheita da espécie para ser processada em escala industrial em suas usinas. Até então, a moagem da cana energia realizada pela Raízen também foi em caráter de teste. Procurada, a empresa informou que prefere não fazer comentários sobre o projeto no momento.
No que depender da Vignis, a adoção da cana energia deverá aumentar de forma expressiva nas próximas safras. "Neste ano, colhemos 200 mil toneladas; no próximo, o volume deverá atingir 1,5 milhão de toneladas. Estamos em uma rampa de crescimento bem agressiva", disse o presidente da companhia, Luis Rubio. Ele disse estar negociando contratos de fornecimento com outros grupos. Entre os clientes que deverão levar mais uma safra para processar cana energia está a Zilor, para quem a Vignis vai começar a plantar a nova espécie no ano que vem.
Grandes grupos sucroalcooleiros pretendem dar, na próxima safra (2017/18), o pontapé inicial ao uso da "cana energia" em escala industrial em algumas de suas usinas tradicionais. A espécie, considerada por seus defensores uma tecnologia "disruptiva" para o segmento, foi desenvolvida, a princípio, para ser a matéria-prima por excelência para a produção de etanol celulósico e de energia elétrica a partir de biomassa.
Empresas como GranBio, Odebrecht Agroindustrial e Raízen Energia já vêm desenvolvendo canaviais com a nova cana nos últimos anos. Embora a espécie tenha um rendimento menor que a convencional no processo de produção de etanol ou açúcar, apresenta a vantagem de oferecer uma produtividade agrícola muito superior, concentrando o dobro de biomassa por hectare ante uma plantação "normal".
A GranBio, controlada pela família Gradin, já realizou "testes em escala industrial" de processamento de cana energia nos idos da safra 2014/15 na Usina Seresta, localizada em Teotonio Vilela, em Alagoas. Mas é a partir do próximo ciclo que a produção ganhará ritmo. E na Usina Guaxuma, situada no município alagoano de Coruripe, que foi arrendada em setembro da massa falida do grupo João Lyra.
"O objetivo é mostrar que dá para usar cana energia para ter biomassa e também para produzir etanol de primeira geração", disse Bernardo Gradin, presidente da GranBio, ao Valor. Ele estima que os investimentos para recuperar equipamentos que estavam se deteriorando na Guaxuma e iniciar a safra vão somar R$ 15 milhões.
Se a produtividade da cana energia colhida nos primeiros mil hectares próprios que já tem em Alagoas ficar dentro da média, a GranBio terá 140 mil toneladas ainda bem aquém da capacidade da Guaxuma, que chega a cerca de 1,8 milhão de toneladas por safra.
Para garantir sua viabilidade, a Guaxuma vai operar também com cana convencional nessa retomada. Mas a ideia é usar apenas a nova espécie quando houver oferta suficiente. Para isso, a GranBio plantará progressivamente, nos próximos três anos, sua cana energia na metade da área agrícola também arrendada da Guaxuma, que soma 6 mil hectares, a outra metade foi arrendada pela Usina Coruripe.
O início da adoção da cana energia em escala industrial está em grande medida associado à estratégia de crescimento de Vignis, empresa focada em melhoramento genético convencional de cana com sede em Campinas, no interior paulista, que colherá, na próxima safra, cana energia para a Odebrecht Agroindustrial e para a Raízen Energia, com as quais mantém contratos de fornecimento de longo prazo.
Segundo Celso Ferreira, vice-presidente de operações e engenharia da Odebrecht Agroindustrial, disse ao Valor que a usina da empresa em Rio Claro, Goiás, já deverá processar, no ciclo 2017/18, 250 mil toneladas de cana energia.
E isso só será possível pelo acordo feito em 2014 com a Vignis, que desde então plantou 2 mil hectares da espécie para abastecer a companhia. "Fizemos testes em 2015, ainda na fase de crescimento do canavial. Tem que fazer alguns ajustes na moenda em função do maior teor de fibra, mas nada excepcional. Com o parque industrial que temos, vamos continuar moendo perfeitamente", disse.
A meta é chegar à safra 2019/20 com um processamento de 600 mil toneladas de cana energia na usina de Rio Claro, volume que deverá ser complementado com cana convencional. Ferreira afirmou que outras usinas da Odebrecht Agroindustrial, como a Morro Vermelho, também poderão processar a nova espécie, mas a postura ainda é de cautela.
"A próxima safra é decisiva. Aí vamos ter condição de avaliar o processamento industrial, a produtividade agrícola, se faz sentido expandir a moagem de cana energia na Rio Claro e se vale a pena levar para outras usinas", disse.
A Raízen Energia, por sua vez, receberá na próxima safra 400 mil toneladas de cana energia da Vignis, a primeira colheita da espécie para ser processada em escala industrial em suas usinas. Até então, a moagem da cana energia realizada pela Raízen também foi em caráter de teste. Procurada, a empresa informou que prefere não fazer comentários sobre o projeto no momento.
No que depender da Vignis, a adoção da cana energia deverá aumentar de forma expressiva nas próximas safras. "Neste ano, colhemos 200 mil toneladas; no próximo, o volume deverá atingir 1,5 milhão de toneladas. Estamos em uma rampa de crescimento bem agressiva", disse o presidente da companhia, Luis Rubio. Ele disse estar negociando contratos de fornecimento com outros grupos. Entre os clientes que deverão levar mais uma safra para processar cana energia está a Zilor, para quem a Vignis vai começar a plantar a nova espécie no ano que vem.