Sobe e desce de demanda e preços devem durar até pelo menos o final do ano
Quando e em qual velocidade de escoamento devem ser abertas as válvulas dos tanques de etanol. Esta será com certeza a grande dúvida dos gestores das unidades industriais na segunda metade desse nebuloso ano de 2020.
Prova dessa falta de certeza está no fato de que em menos de 24 horas, a São Martinho, na conferência de resultados que aconteceu ontem, anunciou que não vai carregar estoques do biocombustível visando se aproveitar de potenciais melhores preços com o término da safra 20/21.
A mudança de estratégia se deu, segundo a empresa, pela imprevisibilidade total de como estará a conjuntura de liquidez no final do ano, aliada a uma recuperação dos preços, que, embora não estejam no patamar pré-crise, já se aproximam do que era praticado há um ano.
Os executivos do grupo com sede em Pradópolis-SP têm razão na sua tomada de decisão, tanto que ao analisar os preços do índice diário Cepea/Esalq para o biocombustível posto em Paulínia (sem calcular ICMS, Pis/Cofins), a média de junho ficou em R$ 1,69, um centavo acima que as medianas do mesmo mês de 2019 e 2018, que foram espetaculares.
A analogia dos contrários é constatada pois, cerca de seis horas antes do comunicado, o portal da Revista Globo Rural noticiou que na última semana (22-26 de junho), o hidratado recuou 2,66%, queda relacionada, segundo colaboradores do Cepea, a dois motivos: redução na demanda, que deve ter sido influenciada pelo interior do estado de São Paulo estar vivendo o pico da pandemia, diminuindo assim a circulação de carros, e o aumento da oferta do produto, principalmente vindo das unidades que precisam fazer caixa e, depois do anúncio, como estratégia de alguns grupos estruturados.
O que poderia clarear um pouco mais as coisas seria a estabilização dos preços do petróleo, e se possível, dentro de sua média dos últimos cinco anos (US$ 50,00 o barril), o que especialistas acreditam que até vai acontecer, porém somente com uma retomada firme na demanda mundial, devendo acontecer depois das tão esperadas comemorações de passagem de ano, as quais devem ser uma das mais comemoradas desde o réveillon de 1946.