Relatório da Agência Internacional de Energia mostra queda no consumo de 30% em abril
O título do texto, numa condição normal de temperatura e pressão seria a consolidação do sonho de transição do fim da “era do petróleo” para o início do reinado da energia elétrica e os biocombustíveis.
Porém, ao invés de mostrar uma evolução, esse número reflete hoje na verdade um retrocesso de toda humanidade ocasionado pela pandemia do coronavírus e nossa total incapacidade de se entender para combater o mal do modo mais eficiente e racional possível.
A informação é do relatório divulgado ontem pela IEA (Agência Internacional de Energia, em inglês) referente ao mês de abril e publicado na última quarta-feira (16).
O material aponta que 187 países vivem algum tipo de regime de quarentena (dos mais leves ao “lockdown”) e por isso a estimativa é que, ao longo de 2020, a queda na demanda fique próximo dos 10 milhões de barris por dia, queda de 10% em relação a média de consumo dos últimos anos, e, por coincidência ou não, mesmo número que a OPEP+ anunciou de corte diário de produção para os meses de maio e junho no início da semana.
E não precisa ser nenhum gênio para adivinhar como se comportaram os preços depois dessa notícia. Queda de 6,45% do brent em Londres, cotado a US$ 27,69; e recuo de 1,19% em Nova York, valendo US$ 19,87, menor preço de fechamento desde fevereiro de 2002.
Mais uma péssima notícia para o etanol e talvez tenha sido a gota d’água para que as organizações ligadas ao setor produtivo tenham formalizado, na tarde de ontem, à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, uma proposta solicitando aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina, hoje em R$ 0,10 para R$ 0,40 o litro; suspensão temporária da cobrança de PIS e Cofins sobre o etanol hidratado (R$ 0,24 por litro) e a criação de uma linha de financiamento de R$ 9 bilhões para “warrantagem” (vendo de crédito lastreado pelo produto) que garanta uma estocagem de R$ 9 bilhões de litros.
Medidas que não resolverão o problema, mas darão fôlego para o setor segurar o pesado farto da falta de liquidez do biocombustível por mais tempo.