“Olha o tomaaate!”. Esta frase pronunciada várias vezes, em alto e bom som para atrair a freguesia das feiras livres de Ribeirão Preto, no interior paulista, embalou o início profissional de um dos principais executivos do setor sucroenergético, Pedro Isamu Mizutani, vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen, o maior grupo sucroenergético do mundo, com 24 unidades produtoras, uma joint venture, criada a partir da união de parte dos negócios da Shell e da Cosan.
Filho de japoneses, Pedro nasceu em Ribeirão Preto. “A terra da cana”, salienta.
Mas sua iniciação no mundo do trabalho foi por meio das hortaliças. “Minha família sempre mexeu com comercio de tomates e verduras. Só comercializava, não plantava. Comecei a trabalhar na feira aos sete anos. Ajudava também no CEAGESP. Desde cedo lidei com a parte comercial, com custos. A feira me ajudou muito a me relacionar com os clientes, a entender a dinâmica do mercado, a formação de preços e lucro. Tudo o que aprendi no dia a dia da feira, como o marketing, acabei usando muito no meu trabalho na agroindústria canavieira, não na produção, mas na área comercial”, conta Pedro.
Sua formação educacional foi na escola pública, estudou no Sesi, depois fez cursinho no COC e entrou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, na capital paulista. “Fiz faculdade de engenharia. Meu pai achava que eu devia continuar o negócio dele. Minha mãe deu o conselho de estudar e buscar uma vida melhor”, relembra.
Logo que iniciou o curso de engenharia, Pedro diz que teve vontade de mudar para administração. “Achei que não era aquilo que eu queria, mas descobri um ramo da engenharia, a de produção, que é menos técnica e mais voltada a administração. Aí conclui o curso de engenharia de produção em 1982.” Mas o desejo de retornar a Ribeirão Preto sempre o acompanhou nos anos de faculdade. “Viver em São Paulo sem dinheiro é muito difícil, minha família era humilde, com poucos recursos. Além disso, eu sofria com o frio paulistano, meu sonho era voltar para a família e ao calor de Ribeirão.”
Um dia, em seu último ano de faculdade, já estagiando em um banco, Pedro viu em uma lousa da Politécnica um anúncio sobre uma vaga de trabalho na área financeira de uma usina de cana-de-açúcar de Piracicaba, SP, a Costa Pinto. “Na hora pensei: é a oportunidade de ir para o interior, pelo menos ficar mais próximo de Ribeirão.” Se inscreveu para a vaga, quando saiu a reposta da aprovação já estava formado e efetivado no banco. Mas, não pensou duas vezes e tomou o caminho da roça.
O início no mundo da cana-de-açúcar
E, assim, em 1983, Pedro entrava para o mundo da cana-de-açúcar. Admite que apesar de ser do interior e ter nascido na “terra da cana, Ribeirão Preto”, não conhecia nada sobre a agroindústria canavieira. Confessa que, quando viu a usina levou um choque e até mesmo duvidou se havia feito a escolha certa. “No banco, trabalhava no ar condicionado, perto de um shopping, era tudo limpo. Na Usina Costa Pinto era tudo terra, os departamentos da empresa ficam nas casas da colônia. Meu escritório era em um dos quartos de uma dessas casas e eu dividia com mais três pessoas. Pensei: ‘nossa eu decresci’.”
Nada como um dia após o outro. Apesar das dificuldades, Pedro foi tomando gosto. “De imediato, o que mais me agradou foi não estar mais em uma função burocrática como a que exercia no banco. Lá a hora não passava, já na usina, o tempo voava. Na Costa Pinto realizei o primeiro fluxo de caixa da minha vida, em 1983, era tudo manual, datilografado em máquinas elétricas e com máquina de somar. Para fazer uma simulação de preços e produções demorava um tempão. E trabalhávamos muito. O meu primeiro carnaval atuando no setor, passei dentro da usina. O carnaval era na oficina. As pessoas das colônias iam pular carnaval lá.”
Em 1988, a Costa Pinto adquiriu a usina São Francisco e Pedro foi transferido para essa unidade. “Eu era gerente financeiro na Costa Pinto, e na São Francisco eu seria gerente administrativo-financeiro. Era uma função maior em uma empresa menor.” No primeiro momento, achou que estava regredindo, pois passaria de uma usina que produzia cerca de 4 milhões de toneladas para uma que produzia um milhão e meio.
“Ter ido para a São Francisco teve um peso enorme na minha carreira. Foi quando aprendi que para dar um salto maior na vida a gente tem que abaixar um pouco. Eu estava em uma empresa maior, mas meu cargo era menor. Quando você está em uma grande empresa, você é parte dela. Quando está em uma pequena, você é o todo. Você cresce junto com a empresa”, diz. Na São Francisco, o executivo conheceu os acionistas mais de perto e eles foram reconhecendo seu trabalho. Foi lá que passou a ter maior contato com o empresário Rubens Ometto Silveira Mello, o grande desenvolvedor do Grupo Cosan.
Pedro foi crescendo junto com o grupo. “De lá para cá, fui galgando posições, na Cosan cheguei a ser presidente de açúcar e álcool, até chegar hoje na posição que estou na Raízen. Das 24 usinas que compõe o Grupo eu participei da aquisição de todas elas. Ao realizar aquisições, a empresa vai crescendo e isso dá um prazer muito grande. E fazer parte desse crescimento é emocionante, pois a aquisição dá uma adrenalina maior. E sempre crescemos nas épocas de crise, o que gera uma mais tenção. Mas estar do lado do Rubens é ótimo, pois ele tem uma visão de como e quando crescer e sabe quando arriscar. Foi o que levou o Grupo Cosan e a Raizen ser do tamanho que são hoje.”
Ajudando a fazer a história do setor
Acompanhar a evolução do segmento é uma grande satisfação para o executivo, que lembra que o setor era controlado pelo governo e apenas depois da Constituição de 1988 passou a ser liberado as exportações de açúcar. E depois de 1996 liberou-se tudo. Quando Pedro entrou na Cosan, o processo era todo manual. “Agora cada vez mais as máquinas marcam presença no canavial, é tudo otimizado, tem planejamento de plantio, plantio com drones, projeto de distribuição de caminhões. Desenvolvemos um projeto chamado Pentágono, onde de dentro de uma central em Piracicaba controlamos todos os caminhões de todas as unidades.”
Pedro também destaca a criação do Consecana - sistema que define a remuneração do produtor de cana a partir do índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) – e a evolução no conceito de sustentabilidade e nos índices de produtividade. “Quando surgiu o Proálcool em 1975, o custo de produção de etanol era o dobro do que é hoje. Produzíamos 4 mil litros por hectare, hoje são 7 mil. E com o etanol 2G (feito com a biomassa da cana) vai para 10 mil. E a evolução não para, estão no forno a cana transgênica e a tecnologia de semente artificial de cana, que permitirá plantar cana como se planta milho. Será fantástico! E eu participei e participo de toda essa história.”
As crises também marcam a história do setor. “Vivi muitas crises, e aprendi que, quem sobrevive às crises se sai muito bem lá na frente. E as crises permitem enxergarmos várias coisas que não conseguimos quando está na bonança. Crise é oportunidade para rever padrões, custos. E todas as crises são passageiras. Todas as commodities são cíclicas, e temos que estar preparados para as crises. Eu acredito que estamos entrando em um período de melhores resultados, não que justifique você investir no setor como um todo, mas que já começa a dar alivio no endividamento. Tudo isso deve mudar a percepção do setor nos próximos anos.”
Presidente do conselho da Unica
Este ano, Pedro assumiu a Presidência do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), juntamente com a presidente-executiva, Elizabeth Farina, sua função é de defender o interesse dos associados nas esferas governamentais: estadual, federal e internacional. Sempre levando aos stakeholders as externalidades positivas do setor como a geração de empregos e renda, e os benefícios da energia renovável, lutar por um marco regulatório do etanol e defender interesse do açúcar.
Outro ponto importante exercido pelo Presidente do Conselho, explica Pedro, é conciliar o interesse dos associados de forma que não haja conflito. Porque a Unica tem como associados tradings, distribuidoras, empresas puramente produtoras de açúcar e etanol, e aquelas que têm várias marcas no varejo.
Pedro fora do trabalho
Com todos esses afazeres, pode parecer incrível, mas fora do trabalho Pedro tem uma agenda intensa. Um de seus hobbies é jogar tênis, gosto que desenvolveu na época de faculdade. “Com 22 anos comecei a jogar tênis. Gosto de jogar. E é uma pratica esportiva que faz bem para a saúde.” Uma grande diversão é a pescaria e nessa atividade, Pedro também se sai muito bem, já fisgou muitos peixes e grandes.
Paixão mesmo é cantar. O canto faz parte da cultura japonesa e Pedro começou a cantar aos 15 anos, cada vez foi se aprimorando mais. Já venceu campeonatos estaduais, nacionais e internacionais de karaokê. Tem até mesmo um título de vice-campeão no Japão. E realiza muitos shows, sozinho ou com seu grupo Todos Nós. “O cantar desinibe, me ajuda nas palestras e apresentações. Na hora que eu tenho que falar num seminário.”
O melhor de tudo é que compartilha essas paixões com sua esposa Eunice, com quem está casado há 30 anos e têm dois filhos, a Érika, que é nutricionista, e o Pedro, que fez engenharia naval e hoje também trabalha no setor. “A Eunice também é de Ribeirão Preto e também trabalhava na feira. Frequentávamos o clube Nipo Brasileiro, onde cantávamos. Antes de casar, namoramos por nove anos. A Eunice se formou em odontologia na USP, após casarmos trabalhou por cinco anos na Costa Pinto, depois montou consultório em Piracicaba”, conta.
Manter viva as tradições japonesas está entre as ações do casal. Pedro é presidente do Clube Nipo de Piracicaba, onde moram, e auxilia muitas instituições da área cultural Nipo brasileira. E observa que tudo isso contribui para sua atuação como executivo. “Uma coisa é liderar uma equipe onde você é chefe e outra onde são todos voluntários. Você não manda nas pessoas, precisa conhece-las e envolve-las. Isso são habilidades que te ajudam a desenvolver o aspecto profissional.”
Para ele, é fundamental saber conciliar o trabalho com as coisas pessoais. “Senão você vira um nerd e morre louco. Dá tempo. É só planejar. Hoje com a tecnologia digital você consegue continuar trabalhando mesmo no fim de semana ou quando está em outros lugares. Então é preciso saber conciliar seu tempo, o que dá longevidade na sua vida e no trabalho. Mas também não pode só divertir. Tem que ter equilíbrio na vida.” Esse conselho, o executivo transmite aos jovens nas muitas palestras que dá. Também os adverte que, “sempre temos que ser positivos, em qualquer fase da vida. Senão a vida não tem sentido.”
Pedro é sempre questionado sobre quais os segredos para ser um profissional de sucesso, responde que é fundamental ser adaptável a qualquer tipo de mudança, conciliar a vida pessoal com a vida profissional e gostar do que faz. “Sempre tive um lema: Não importa o tipo de trabalho que a pessoa faça, o importante é fazer por opção e não por falta de opção. Quando a pessoa faz o que gosta, se dedica muito mais, não é um sacrifício. Em todas as palestras que dou, falo: Você pode ser vendedor de milho, de sorvete, mas que seja por opção e não por falta de opção. Trabalhe no que você gosta, mas antes, estude muito e se forme.”
Com essa sabedoria, o astro Pedro Mizutani é um dos responsáveis para que a agroindústria canavieira seja um show.
“Olha o tomaaate!”. Esta frase pronunciada várias vezes, em alto e bom som para atrair a freguesia das feiras livres de Ribeirão Preto, no interior paulista, embalou o início profissional de um dos principais executivos do setor sucroenergético, Pedro Isamu Mizutani, vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen, o maior grupo sucroenergético do mundo, com 24 unidades produtoras, uma joint venture, criada a partir da união de parte dos negócios da Shell e da Cosan.
Filho de japoneses, Pedro nasceu em Ribeirão Preto. “A terra da cana”, salienta.
Mas sua iniciação no mundo do trabalho foi por meio das hortaliças. “Minha família sempre mexeu com comercio de tomates e verduras. Só comercializava, não plantava. Comecei a trabalhar na feira aos sete anos. Ajudava também no CEAGESP. Desde cedo lidei com a parte comercial, com custos. A feira me ajudou muito a me relacionar com os clientes, a entender a dinâmica do mercado, a formação de preços e lucro. Tudo o que aprendi no dia a dia da feira, como o marketing, acabei usando muito no meu trabalho na agroindústria canavieira, não na produção, mas na área comercial”, conta Pedro.
Sua formação educacional foi na escola pública, estudou no Sesi, depois fez cursinho no COC e entrou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, na capital paulista. “Fiz faculdade de engenharia. Meu pai achava que eu devia continuar o negócio dele. Minha mãe deu o conselho de estudar e buscar uma vida melhor”, relembra.
Logo que iniciou o curso de engenharia, Pedro diz que teve vontade de mudar para administração. “Achei que não era aquilo que eu queria, mas descobri um ramo da engenharia, a de produção, que é menos técnica e mais voltada a administração. Aí conclui o curso de engenharia de produção em 1982.” Mas o desejo de retornar a Ribeirão Preto sempre o acompanhou nos anos de faculdade. “Viver em São Paulo sem dinheiro é muito difícil, minha família era humilde, com poucos recursos. Além disso, eu sofria com o frio paulistano, meu sonho era voltar para a família e ao calor de Ribeirão.”
Um dia, em seu último ano de faculdade, já estagiando em um banco, Pedro viu em uma lousa da Politécnica um anúncio sobre uma vaga de trabalho na área financeira de uma usina de cana-de-açúcar de Piracicaba, SP, a Costa Pinto. “Na hora pensei: é a oportunidade de ir para o interior, pelo menos ficar mais próximo de Ribeirão.” Se inscreveu para a vaga, quando saiu a reposta da aprovação já estava formado e efetivado no banco. Mas, não pensou duas vezes e tomou o caminho da roça.
O início no mundo da cana-de-açúcar
E, assim, em 1983, Pedro entrava para o mundo da cana-de-açúcar. Admite que apesar de ser do interior e ter nascido na “terra da cana, Ribeirão Preto”, não conhecia nada sobre a agroindústria canavieira. Confessa que, quando viu a usina levou um choque e até mesmo duvidou se havia feito a escolha certa. “No banco, trabalhava no ar condicionado, perto de um shopping, era tudo limpo. Na Usina Costa Pinto era tudo terra, os departamentos da empresa ficam nas casas da colônia. Meu escritório era em um dos quartos de uma dessas casas e eu dividia com mais três pessoas. Pensei: ‘nossa eu decresci’.”
Nada como um dia após o outro. Apesar das dificuldades, Pedro foi tomando gosto. “De imediato, o que mais me agradou foi não estar mais em uma função burocrática como a que exercia no banco. Lá a hora não passava, já na usina, o tempo voava. Na Costa Pinto realizei o primeiro fluxo de caixa da minha vida, em 1983, era tudo manual, datilografado em máquinas elétricas e com máquina de somar. Para fazer uma simulação de preços e produções demorava um tempão. E trabalhávamos muito. O meu primeiro carnaval atuando no setor, passei dentro da usina. O carnaval era na oficina. As pessoas das colônias iam pular carnaval lá.”
Em 1988, a Costa Pinto adquiriu a usina São Francisco e Pedro foi transferido para essa unidade. “Eu era gerente financeiro na Costa Pinto, e na São Francisco eu seria gerente administrativo-financeiro. Era uma função maior em uma empresa menor.” No primeiro momento, achou que estava regredindo, pois passaria de uma usina que produzia cerca de 4 milhões de toneladas para uma que produzia um milhão e meio.
“Ter ido para a São Francisco teve um peso enorme na minha carreira. Foi quando aprendi que para dar um salto maior na vida a gente tem que abaixar um pouco. Eu estava em uma empresa maior, mas meu cargo era menor. Quando você está em uma grande empresa, você é parte dela. Quando está em uma pequena, você é o todo. Você cresce junto com a empresa”, diz. Na São Francisco, o executivo conheceu os acionistas mais de perto e eles foram reconhecendo seu trabalho. Foi lá que passou a ter maior contato com o empresário Rubens Ometto Silveira Mello, o grande desenvolvedor do Grupo Cosan.
Pedro foi crescendo junto com o grupo. “De lá para cá, fui galgando posições, na Cosan cheguei a ser presidente de açúcar e álcool, até chegar hoje na posição que estou na Raízen. Das 24 usinas que compõe o Grupo eu participei da aquisição de todas elas. Ao realizar aquisições, a empresa vai crescendo e isso dá um prazer muito grande. E fazer parte desse crescimento é emocionante, pois a aquisição dá uma adrenalina maior. E sempre crescemos nas épocas de crise, o que gera uma mais tenção. Mas estar do lado do Rubens é ótimo, pois ele tem uma visão de como e quando crescer e sabe quando arriscar. Foi o que levou o Grupo Cosan e a Raizen ser do tamanho que são hoje.”
Ajudando a fazer a história do setor
Acompanhar a evolução do segmento é uma grande satisfação para o executivo, que lembra que o setor era controlado pelo governo e apenas depois da Constituição de 1988 passou a ser liberado as exportações de açúcar. E depois de 1996 liberou-se tudo. Quando Pedro entrou na Cosan, o processo era todo manual. “Agora cada vez mais as máquinas marcam presença no canavial, é tudo otimizado, tem planejamento de plantio, plantio com drones, projeto de distribuição de caminhões. Desenvolvemos um projeto chamado Pentágono, onde de dentro de uma central em Piracicaba controlamos todos os caminhões de todas as unidades.”
Pedro também destaca a criação do Consecana - sistema que define a remuneração do produtor de cana a partir do índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) – e a evolução no conceito de sustentabilidade e nos índices de produtividade. “Quando surgiu o Proálcool em 1975, o custo de produção de etanol era o dobro do que é hoje. Produzíamos 4 mil litros por hectare, hoje são 7 mil. E com o etanol 2G (feito com a biomassa da cana) vai para 10 mil. E a evolução não para, estão no forno a cana transgênica e a tecnologia de semente artificial de cana, que permitirá plantar cana como se planta milho. Será fantástico! E eu participei e participo de toda essa história.”
As crises também marcam a história do setor. “Vivi muitas crises, e aprendi que, quem sobrevive às crises se sai muito bem lá na frente. E as crises permitem enxergarmos várias coisas que não conseguimos quando está na bonança. Crise é oportunidade para rever padrões, custos. E todas as crises são passageiras. Todas as commodities são cíclicas, e temos que estar preparados para as crises. Eu acredito que estamos entrando em um período de melhores resultados, não que justifique você investir no setor como um todo, mas que já começa a dar alivio no endividamento. Tudo isso deve mudar a percepção do setor nos próximos anos.”
Presidente do conselho da Unica
Este ano, Pedro assumiu a Presidência do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), juntamente com a presidente-executiva, Elizabeth Farina, sua função é de defender o interesse dos associados nas esferas governamentais: estadual, federal e internacional. Sempre levando aos stakeholders as externalidades positivas do setor como a geração de empregos e renda, e os benefícios da energia renovável, lutar por um marco regulatório do etanol e defender interesse do açúcar.
Outro ponto importante exercido pelo Presidente do Conselho, explica Pedro, é conciliar o interesse dos associados de forma que não haja conflito. Porque a Unica tem como associados tradings, distribuidoras, empresas puramente produtoras de açúcar e etanol, e aquelas que têm várias marcas no varejo.
Pedro fora do trabalho
Com todos esses afazeres, pode parecer incrível, mas fora do trabalho Pedro tem uma agenda intensa. Um de seus hobbies é jogar tênis, gosto que desenvolveu na época de faculdade. “Com 22 anos comecei a jogar tênis. Gosto de jogar. E é uma pratica esportiva que faz bem para a saúde.” Uma grande diversão é a pescaria e nessa atividade, Pedro também se sai muito bem, já fisgou muitos peixes e grandes.
Paixão mesmo é cantar. O canto faz parte da cultura japonesa e Pedro começou a cantar aos 15 anos, cada vez foi se aprimorando mais. Já venceu campeonatos estaduais, nacionais e internacionais de karaokê. Tem até mesmo um título de vice-campeão no Japão. E realiza muitos shows, sozinho ou com seu grupo Todos Nós. “O cantar desinibe, me ajuda nas palestras e apresentações. Na hora que eu tenho que falar num seminário.”
O melhor de tudo é que compartilha essas paixões com sua esposa Eunice, com quem está casado há 30 anos e têm dois filhos, a Érika, que é nutricionista, e o Pedro, que fez engenharia naval e hoje também trabalha no setor. “A Eunice também é de Ribeirão Preto e também trabalhava na feira. Frequentávamos o clube Nipo Brasileiro, onde cantávamos. Antes de casar, namoramos por nove anos. A Eunice se formou em odontologia na USP, após casarmos trabalhou por cinco anos na Costa Pinto, depois montou consultório em Piracicaba”, conta.
Manter viva as tradições japonesas está entre as ações do casal. Pedro é presidente do Clube Nipo de Piracicaba, onde moram, e auxilia muitas instituições da área cultural Nipo brasileira. E observa que tudo isso contribui para sua atuação como executivo. “Uma coisa é liderar uma equipe onde você é chefe e outra onde são todos voluntários. Você não manda nas pessoas, precisa conhece-las e envolve-las. Isso são habilidades que te ajudam a desenvolver o aspecto profissional.”
Para ele, é fundamental saber conciliar o trabalho com as coisas pessoais. “Senão você vira um nerd e morre louco. Dá tempo. É só planejar. Hoje com a tecnologia digital você consegue continuar trabalhando mesmo no fim de semana ou quando está em outros lugares. Então é preciso saber conciliar seu tempo, o que dá longevidade na sua vida e no trabalho. Mas também não pode só divertir. Tem que ter equilíbrio na vida.” Esse conselho, o executivo transmite aos jovens nas muitas palestras que dá. Também os adverte que, “sempre temos que ser positivos, em qualquer fase da vida. Senão a vida não tem sentido.”
Pedro é sempre questionado sobre quais os segredos para ser um profissional de sucesso, responde que é fundamental ser adaptável a qualquer tipo de mudança, conciliar a vida pessoal com a vida profissional e gostar do que faz. “Sempre tive um lema: Não importa o tipo de trabalho que a pessoa faça, o importante é fazer por opção e não por falta de opção. Quando a pessoa faz o que gosta, se dedica muito mais, não é um sacrifício. Em todas as palestras que dou, falo: Você pode ser vendedor de milho, de sorvete, mas que seja por opção e não por falta de opção. Trabalhe no que você gosta, mas antes, estude muito e se forme.”
Com essa sabedoria, o astro Pedro Mizutani é um dos responsáveis para que a agroindústria canavieira seja um show.