O controle das principais pragas da cana-de-açúcar é discutido em Ribeirão Preto

26/09/2022 Noticias POR: FERNANDA CLARIANO

Além da troca de informações, as novidades dos principais fabricantes de produtos também foram apresentadas durante o evento

A cultura da cana-de-açúcar está sujeita ao ataque frequente de pragas, e dentre as mais importantes destaca-se a broca, que pode causar danos severos nas plantas e, consequentemente, reduzir a produtividade; o sphenophorus levis que além da redução da produtividade e longevidade dos canaviais, podem levar as plantas atacadas a morte e até mesmo a necessidade de reforma de canaviais ainda jovens, e a cigarrinha-das-raízes que tem sido constatada com maior frequência nos canaviais em que a cana é colhida crua de forma mecanizada.

Importante evento sobre o controle de pragas e referência quando se fala em adquirir conhecimento sobre o assunto foi realizado nos dias 03 e 04 de agosto em Ribeirão Preto. O 18º Insectshow – Seminário sobre o controle de pragas da cana realizado pelo Grupo IDEA reuniu usinas, grandes  especialistas em pragas e profissionais da área, que puderam se atualizar com o que há de mais moderno. Uma das grandes problemáticas enfrentadas é a preocupação crescente com os menores índices de controle alcançados atualmente com as moléculas disponíveis; o aumento do custo de produção e a falta de consenso sobre a melhor forma de aplicação de inseticidas.


Macedo: “O grande problema das armadilhas é que elas nos conduzem a um erro grande, a assertividade é pequena”

 

Monitoramento simples, seguro e de baixo custo para o controle químico de broca e cigarrinha da cana-de-açúcar – este foi o tema da apresentação do professor e consultor Newton Macedo, que na oportunidade frisou que “o controle de pragas só atinge a expectativa do profissional da usina e do produtor com base no conhecimento científico e na transparência da informação”. Macedo também destacou o uso de armadilhas no monitoramento de broca. Para ele, os produtores, usinas ou fornecedores que optarem pelo uso desta tecnologia abrindo mão do monitoramento de lagartas infestantes presentes na bainha da cana correm o risco de fazerem um maior número de aplicação de químico na cultura, como consequência de erros no timing e na localização das áreas, as quais necessariamente devem ser pulverizadas. O consultor da Global Cana, Francisco Garcia, por sua vez elencou dez passos para o manejo integrado da cigarrinha-das-raízes, os quais, segundo ele, são de grande importância para se obter o sucesso que são: o monitoramento; planejamento; indicadores secundários; manejo de palha; momento de aplicação; tecnologia de aplicação; controle químico; controle biológico; zoneamento e conscientização.  “A cigarrinha é uma praga que ainda provoca enorme  dano por falta de um manejo correto, disse Garcia.


Sanguino: “Saber o ciclo da doença que você está controlando é muito importante”

 

“As doenças causam tanto ou até mais prejuízos que as pragas. A grande diferença é que no caso das doenças, as variedades podem ter resistência e nem sempre isso acontece”, essas foram as primeiras palavras do
consultor em fitossanidade, Álvaro Sanguino, em sua apresentação sobre o tema “Controle de doenças foliares e do colletotrium spp”. Sanguino chamou a atenção para doenças importantes da cana, que segundo ele estão "desleixadas" como, por exemplo, o carvão e o raquitismo da soqueira. “O carvão está crescendo ultimamente de forma assustadora e o raquitismo da soqueira todos acham que é assunto resolvido, mas não é. Existem variedades que têm boa tolerância, mas a maioria perde muita produtividade. O raquitismo e a escaldadura são bactérias que obstruem os vasos de xilema, que é quem conduz a água e os nutrientes para fazer a fotossíntese. Não adianta adubar o canavial se a planta não está com aptidão para levar esses produtos para as folhas”, ressaltou Sanguino. O consultor ainda chamou a atenção para que deem importância para as doenças sistêmicas, pois o mosaico vem crescendo novamente no país e as variedades não estão sendo testadas adequadamente. “Vim falar sobre doenças foliares, mas peço atenção especial em cima das doenças sistêmicas, pois essas estão grandemente disseminadas em cima das variedades e poucos dão atenção a elas”.

Ao falar sobre o colletotrium spp, Sanguino enfatizou que a cana usada como muda que é atacada por esse fungo tem provocado até 30% de falhas porque ele come a sacarose que é fonte de energia para a cana brotar. E
alertou, “cuidado com cana infectada quem está fazendo muda de MPB porque pode provocar falhas enormes”. O consultor ainda ponderou que quanto mais cedo fizer a safra em áreas com o problema, menor será o
prejuízo. E que é isso que as canas precoces não têm ataque de colletotrium porque se cortou o ciclo da doença dentro da cana e lembrou também da importância em reduzir a quantidade dos resíduos da colheita por retirada ou incorporação no solo.

Lançamentos e oportunidades

A FMC lançou durante o evento o Verimark – inseticida indicado para ser usado no inicio das chuvas para controlar a primeira geração de praga. “O conceito que trazemos é o de construção de produtividade com esse produto porque o Verimark vai controlar cigarrinha, broca e sphenophorus - as três principais pragas. Esse produto traz alguns atributos - o novo modo de ação que vai combater as populações de difícil controle e a seletividade a inimigos naturais e a cotesia, trichogramma, que são agentes biológicos que controlam broca, por exemplo. Fizemos esse lançamento no Insectshow porque é um evento onde se discute muita tecnologia. E nada mais correto do que dividir esse tipo de informação num evento desse porte”, disse o gerente regional de marketing da FMC, Maurício Oliveira.

A Corteva também aproveitou para lançar o nematicida Inlayon™ ECO, sua nova solução biológica para controle de nematóides, e mostrou os resultados do inseticida Revolux. Já a UPL apresentou ao público do 18º Insectshow o SPERTO, um inseticida sistêmico de contato e ingestão, recomendado para o controle de pragas - com alta eficiência no controle simultâneo da cigarrinha e sphenophorus levis.

A BASF falou dos benefícios do Entigris®, seu inseticida para o manejo da cigarrinha-das-raízes, que oferece benefícios como maior absorção e translocação na planta; menor período de convivência da praga com a cultura; manejo de resistência com neonicotinoide de 3ª geração e mistura de ativos; maior período de controle e maior produtividade.

A IHARA, por sua vez, apresentou no evento os resultados consistentes do inseticida Maxsan, que consegue controlar todas as fases da cigarrinha-das-raízes com efeito de choque e residual.


A equipe agronômica da Canaoeste prestigiou o evento. Da esquerda para a direita, Marco Antônio Polegato, Alessandra Durigan, André Volpe e Felipe Volpe