O controle de pragas da cana-de-açúcar é discutido em Ribeirão Preto

06/08/2024 Noticias POR: Fernanda Clariano

O Grupo IDEA comemorou o 20º Insectshow – Seminário sobre Controle de Pragas da Cana, destacando os avanços e progressos do setor. O evento comemorativo aconteceu na quarta-feira (10) e na quinta-feira (11), no Multiplan Hall, em Ribeirão Preto, reunindo profissionais, empresas e produtores rurais para uma imersão no universo do controle de pragas. Embora os desafios sejam muitos, o setor possui ferramentas e tecnologias para mitigar as perdas significativas causadas pelas pragas mais ecléticas. Com um manejo integrado e uma abordagem estratégica, é possível reduzir os prejuízos e aumentar a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil.

Dib Nunes, presidente do Grupo IDEA

Olhando apenas para três dessas pragas mais ecléticas da cana-de-açúcar que são a broca, as cigarrinhas e os nematoides – estima-se que essas pragas sejam responsáveis por uma perda mínima de R$31 bilhões na receita das usinas e produtores em 2023. Dib Nunes, idealizador do evento, ao calcular essas perdas, considerou apenas as infestações mínimas que ocorrem em todas as regiões de plantio de cana no Brasil, sem mencionar as perdas causadas por outras pragas como Sphenophorus, Migdolus, cupins e pão-de-galinha, entre outras.

A pergunta que fica é: o que podemos fazer para mitigar parte dessas perdas? Cada vez mais o setor tem se preocupado com as pragas da cana, buscando formas eficazes de controle. No entanto, os desafios permanecem, especialmente no que diz respeito ao entendimento das complexas relações entre a cultura, os insetos e as ações de controle. Durante o evento, especialistas compartilharam as mais recentes pesquisas e técnicas inovadoras para o manejo integrado de pragas.

Perdas significativas

Dib Nunes apresentou um overview sobre as três pragas mais ecléticas da cana-de-açúcar, destacando que, se pegarmos a área total de plantio no Brasil, cerca de 2,5 milhões de hectares enfrentam problemas com nematoides. Com uma perda de produtividade estimada em 10%, os produtores deixam de produzir quase 3,5 bilhões de reais em cana. Essa perda reflete diretamente na produção de açúcar e etanol, resultando em um prejuízo significativo de 8,9 bilhões de reais.

Da esquerda para a direita, Newton Macedo, Leila Dinardo e Luiz Carlos de Almeida

A cigarrinha-das-raízes, por exemplo, está presente em 100% dos canaviais do Centro-Sul, Norte e Nordeste do Brasil. Elas são mais ativas no período de chuvas e podem causar uma quebra de produtividade de até 20%, resultando em uma perda de receita de 6,4 bilhões de reais. A resistência aos inseticidas é um problema crescente. O entomologista dr. Newton Macedo ressaltou a importância da rotação de inseticidas de diferentes modos de ação para evitar a seleção de gerações resistentes.

Novas tecnologias e manejo integrado

O Insectshow apresentou várias propostas para mitigar o ataque dessas pragas e de outras que afetam a produtividade. A pesquisadora científica dra. Leila Dinardo Miranda destacou a importância de uma matriz de manejo, utilizando a rotação de produtos e aplicações direcionadas para maximizar a eficácia dos tratamentos. Além disso, o consultor Enrico Arrigoni, através de uma mensagem por vídeo, alertou sobre a necessidade de manter a eficiência de controle em larga escala, enfatizando que uma redução de apenas 10% na eficiência pode dobrar a infestação de algumas pragas.

Sete regras para o MIP

O entomologista dr. Luiz Carlos de Almeida apresentou as sete regras para a implantação e manutenção do MIP (Manejo Integrado de Pragas) em lavouras de cana-de-açúcar. Essas regras incluem a identificação das pragas, avaliação de inimigos naturais, monitoramento estratégico, metodologia adequada, seleção de agentes de combate, avaliação de resultados e aproveitamento de oportunidades.

“A sétima regra é aproveitar as oportunidades. Mas como exatamente podemos fazer isso? Baseando-se no nosso conhecimento sobre a praga, cada uma tem um ciclo de vida e um desenvolvimento específico, muitos dos quais ainda precisam ser estudados. No entanto, já temos um entendimento significativo sobre várias dessas pragas, então é importante utilizar as etapas do MIP com base nesse conhecimento, garantindo que essa regra nos leve em direção à sustentabilidade”, disse Almeida.

Durante o evento, especialistas compartilharam as mais recentes pesquisas e técnicas inovadoras para o manejo integrado de pragas.