Na vanguarda do debate sobre o futuro energético do Brasil, o deputado federal José Vitor de Resende Aguiar (Zé Vitor), presidente da Frente Parlamentar do Etanol, compartilhou com a Revista Canavieiros sua visão sobre a recém-aprovada Lei do Combustível do Futuro e sobre a COP29 - Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que aconteceu de 11 a 24 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão. Em uma conversa que conecta políticas públicas, inovação tecnológica e o protagonismo do agronegócio, Zé Vitor destacou como o Brasil está se posicionando como líder global na transição energética e na promoção de soluções sustentáveis. Confira!
Revista Canavieiros: Deputado, quais aspectos da Lei do Combustível do Futuro o senhor acredita que terá o impacto mais imediato na mobilidade sustentável no Brasil?
José Vitor de Resende Aguiar: Acredito que além de minimizar o impacto ambiental, com a descarbonização do setor de transporte, os biocombustíveis irão movimentar pesquisas, gerar empregos. Estamos a caminho de uma grande e positiva transformação.
Revista Canavieiros: Como a criação de programas de diesel verde, combustível sustentável para aviação e biometano poderá contribuir para a descarbonização no setor de transportes?
José Vitor: A lei estipula programas de incentivo para o uso destes combustíveis e metas para esse processo acontecer, com prazos suficientes para que essa mudança na matriz de transportes de fato ocorra.
Revista Canavieiros: O senhor acredita que o Brasil está preparado para adotar esses novos combustíveis sustentáveis na escala nacional? Quais são os principais desafios?
José Vitor: Temos um arcabouço legal que nos permite ter clareza de como será esse processo de transição. Acredito que agora é a vez do setor produtivo mostrar o seu valor diante de uma demanda cada vez mais crescente.
Revista Canavieiros: Como presidente da Frente Parlamentar do Etanol, qual é a sua visão sobre o papel do etanol no contexto dessa nova lei e sua relação com outros combustíveis sustentáveis?
José Vitor: A lei estabelece que a mistura de etanol à gasolina, que atualmente gira em torno de 22% a 27%, pode chegar a 35%. Já somos um dos líderes globais na produção de etanol a partir da cana de açúcar e do milho. O setor vive um momento de muito otimismo com expansão, investimentos para fortalecer a indústria.
Revista Canavieiros: Quais são as principais demandas e projetos que o Brasil, em especial o setor agro, defendeu ou buscou apoio internacional durante a COP29?
José Vitor: O Combustível do Futuro, o marco das eólicas offshore, o Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética) e a proposta dos bioinssumos são iniciativas fortes que demonstram nosso comprometimento com a pauta verde.
Revista Canavieiros: Como o senhor vê o papel da agricultura e do setor de biocombustíveis na agenda global de mudanças climáticas e sustentabilidade?
José Vitor: Teremos a oportunidade de promover uma reflexão global e mostrar o quanto o agro brasileiro se desenvolve com sustentabilidade, propondo soluções práticas que servem de exemplo para outras nações na busca por um planeta equilibrado.
Revista Canavieiros: Na sua opinião, que tipo de parcerias ou incentivos internacionais poderiam ajudar a acelerar o desenvolvimento e a implementação dos biocombustíveis no Brasil?
José Vitor: Temos muitas possibilidades. O Crédito de Carbono, parceria com instituições de pesquisa nacionais e internacionais, incentivos fiscais, acordos comerciais.
Revista Canavieiros: Como o senhor vê o papel do setor privado e de investidores internacionais na expansão da infraestrutura necessária para biocombustíveis e outras tecnologias sustentáveis no Brasil?
José Vitor: O setor de biocombustíveis vive um momento de muita confiança e isso sem dúvida irá atrair investimentos. Empresas internacionais e nacionais enxergam o Brasil com um imenso potencial.
Revista Canavieiros: Quais são as expectativas de crescimento e as metas que o Brasil pretende estabelecer para o setor de biocombustíveis na próxima década?
José Vitor: A Lei do Combustível do Futuro pavimentou muito bem os próximos passos e metas daqui pra frente. O Brasil tem tudo para liderar essa mudança mundial.
Revista Canavieiros: Como o senhor imagina que essa nova legislação impactará a posição do Brasil no cenário global de energias renováveis e biocombustíveis?
José Vitor: Colocamos o Brasil, que já é líder mundial na produção de biocombustíveis, como um expoente da economia verde, tendo o agro como protagonista deste importante movimento.
Revista Canavieiros: De que maneira a Lei do Combustível do Futuro pode influenciar políticas ambientais em outros países, principalmente aqueles que possuem uma matriz energética mais dependente de combustíveis fósseis?
José Vitor: Outros países, ao verem os benefícios que teremos, os frutos desse processo, com certeza terão interesse em implementar políticas semelhantes para manter a competitividade.
Revista Canavieiros: Qual a importância de envolver as próximas gerações e promover a conscientização sobre combustíveis renováveis e mobilidade sustentável?
José Vitor: As próximas gerações precisam estar preparadas para lidar com a mudança climática. Temos que envolvê-las em uma cultura sustentável, incentivar o uso de novas tecnologias, valorizar o agro e apostar em novas profissões que possam surgir a partir desta visão de mundo. Verde é a cor do desenvolvimento.