Parceria Embrapa e CTC incrementa pesquisas para o etanol celulósico
05/09/2012
Etanol
POR: UNICA
Uma parceria anunciada no final de agosto de 2012 entre o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deve potencializar as pesquisas para a produção de etanol celulósico, também chamado de etanol de segunda geração. Para Alfred Szwarc, consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o acordo dará uma guinada estratégica na corrida pela produção desse tipo de biocombustível.
"Embora algumas tecnologias de produção de etanol celulósico estejam próximas da etapa de produção industrial, ainda há desafios a serem vencidos, especialmente em relação à produtividade e ao custo de produção, e o acordo entre o CTC e a Embrapa pode resultar em avanços importantes nesses campos. Afinal, trata-se de duas instituições de alto nível, reconhecidas internacionalmente, que somam suas competências visando o desenvolvimento de tecnologia nacional," destaca Szwarc.
Segundo o consultor da UNICA, em função da disponibilidade do bagaço de cana-de-açúcar, a matéria-prima utilizada para fabricar o etanol de segunda geração, esse tipo de tecnologia pode ampliar o rendimento médio de uma unidade produtiva de etanol convencional em 30 a 40%.
Por dentro da parceria
Segundo as duas entidades, o acordo prevê a cooperação em três linhas de pesquisa: melhoramento genético, biotecnologia agrícola e o desenvolvimento de uma enzima nacional. Segundo o CEO do CTC, Gustavo Leite, essa enzima brasileira terá como meta "quebrar" a molécula C5, de cinco carbonos contidos na celulose do bagaço da cana.
Concluída com êxito essa etapa, a quantidade de açúcares extraída do bagaço deve aumentar, crescendo as possibilidades de tornar economicamente viável o biocombustível de segunda geração. As enzimas até agora desenvolvidas conseguiram desmembrar apenas as moléculas de seis carbonos.
"A Embrapa tem um time de especialistas nessa área e um laboratório com tecnologia de ponta. Esse suporte será fundamental para o avanço que buscamos," afirma Leite. Em contrapartida, ele explica que o CTC vai colocar à disposição da parceria seu banco de germoplasma de cana, considerado o maior do mundo.
Para o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, "parcerias público-privadas são fundamentais para ajudar o Brasil a superar os atuais problemas do setor sucroenergético e a consolidar a força da energia a partir da biomassa na matriz energética brasileira." Cerca de metade da energia produzida hoje no País vem de fontes renováveis, sendo que 18% é gerada a partir da cana-de-açúcar.
Com sede em Piracicaba, o CTC é o maior centro de tecnologia de cana-de-açúcar do Brasil e um dos mais renomados do mundo, responsável por pesquisas inovadoras em todos os aspectos da cadeia produtiva da cana, do melhoramento genético convencional à transgenia e etanol de segunda geração. Já a Embrapa é um dos mais importantes órgãos de pesquisa vinculados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), atuando desde 1973 através de 42 Unidades de Pesquisa e cinco de Serviços em quase todos os Estados do Brasil.