As perspectivas de aquisições e fusões entre empresas do setor da cana-de-açúcar são pequenas neste momento, apesar de uma grande disparidade entre a saúde financeira das companhias, avaliou nesta quarta-feira o banco Itaú BBA, durante um evento em São Paulo.
"Existe um desalinhamento natural da expectativa de preço de quem poderia vender com a expectativa de preço de quem poderia comprar... O fruto disso é que quase não têm saído negócios no setor", disse Alexandre Figliolino, diretor comercial do banco, responsável pelo financiamento de grandes usinas no país.
A estimativa do Itaú BBA é de que as usinas que necessitam passar por processo de fusão ou aquisição, por estarem com problemas financeiros, representam 18 por cento da moagem de cana da região centro-sul do país.
Os compradores, em tese, poderiam ser os 12 grandes grupos com pleno acesso a capital, que processam 36 por cento da cana do centro-sul.
A análise do setor, feita pelo banco, conclui ainda que há 30 grupos nacionais com excelente performance operacional e endividamento adequado, representando 29 por cento da moagem do centro-sul e que há 26 grupos em recuperação, com elevada alavancagem financeira, respondendo por 16 por cento da moagem da principal região produtora de cana do país.
O levantamento mostra uma heterogeneidade na performance das empresas, causada muito menos pelo porte das unidades e muito mais por fatores como endividamento, eficiência operacional, qualidade da gestão e acesso a mercado de capitais, segundo Figliolino.
Na opinião do executivo, o mercado de etanol brasileiro ainda não é atrativo para uma retomada de investimentos --e uma retomada nas fusões e aquisições--, porque ainda não há um equilíbrio entre rentabilidade e custos, em grande parte devido à política de preços controlados pelo governo federal.
"O aumento da gasolina ficou aquém do que aparentemente é a necessidade da Petrobras e também do setor sucroenergético", disse.
A baixa rentabilidade está também afastando muitos investimentos estrangeiros, afirma o executivo.
"Em grupos grandes, que têm negócios em diferentes áreas da economia, em diferentes continentes do mundo... é difícil conseguir aprovar um projeto no Brasil com um nível de rentabilidade próximo a zero."
Por outro lado, o agravamento da disparidade entre as condições financeiras das empresas de açúcar e etanol pode levar a uma maior movimentação no mercado no futuro.
"Esse fosso está aumentando e isso teoricamente cria condições para um movimento maior de consolidação no futuro, na medida em que condições favoráveis aconteçam", completou.
Gustavo Bonato
As perspectivas de aquisições e fusões entre empresas do setor da cana-de-açúcar são pequenas neste momento, apesar de uma grande disparidade entre a saúde financeira das companhias, avaliou nesta quarta-feira o banco Itaú BBA, durante um evento em São Paulo.
"Existe um desalinhamento natural da expectativa de preço de quem poderia vender com a expectativa de preço de quem poderia comprar... O fruto disso é que quase não têm saído negócios no setor", disse Alexandre Figliolino, diretor comercial do banco, responsável pelo financiamento de grandes usinas no país.
A estimativa do Itaú BBA é de que as usinas que necessitam passar por processo de fusão ou aquisição, por estarem com problemas financeiros, representam 18 por cento da moagem de cana da região centro-sul do país.
Os compradores, em tese, poderiam ser os 12 grandes grupos com pleno acesso a capital, que processam 36 por cento da cana do centro-sul.
A análise do setor, feita pelo banco, conclui ainda que há 30 grupos nacionais com excelente performance operacional e endividamento adequado, representando 29 por cento da moagem do centro-sul e que há 26 grupos em recuperação, com elevada alavancagem financeira, respondendo por 16 por cento da moagem da principal região produtora de cana do país.
O levantamento mostra uma heterogeneidade na performance das empresas, causada muito menos pelo porte das unidades e muito mais por fatores como endividamento, eficiência operacional, qualidade da gestão e acesso a mercado de capitais, segundo Figliolino.
Na opinião do executivo, o mercado de etanol brasileiro ainda não é atrativo para uma retomada de investimentos --e uma retomada nas fusões e aquisições--, porque ainda não há um equilíbrio entre rentabilidade e custos, em grande parte devido à política de preços controlados pelo governo federal.
"O aumento da gasolina ficou aquém do que aparentemente é a necessidade da Petrobras e também do setor sucroenergético", disse.
A baixa rentabilidade está também afastando muitos investimentos estrangeiros, afirma o executivo.
"Em grupos grandes, que têm negócios em diferentes áreas da economia, em diferentes continentes do mundo... é difícil conseguir aprovar um projeto no Brasil com um nível de rentabilidade próximo a zero."
Por outro lado, o agravamento da disparidade entre as condições financeiras das empresas de açúcar e etanol pode levar a uma maior movimentação no mercado no futuro.
"Esse fosso está aumentando e isso teoricamente cria condições para um movimento maior de consolidação no futuro, na medida em que condições favoráveis aconteçam", completou.
Gustavo Bonato