Pesquisador do IAC ministra palestra sobre desenvolvimento e recomendações de variedades de cana do Instituto para a Região Centro-Sul do Brasil

26/09/2012 Cana-de-Açúcar POR: Assessora de Imprensa - IAC
O Brasil possui solos, climas e vegetações muito distintas de uma região para outra, por isso um sistema de produção agrícola deve ser desenvolvido especialmente para cada região, levando em consideração as variedades a serem cultivadas e o ambiente de produção. Na década de 1990, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, repensou estratégias para as mais diversas regiões do País e também em soluções para os problemas do setor sucroalcooleiro.  Ao longo desse período, o IAC desenvolveu 20 variedades de cana-de-açúcar — 19 para o setor sucroalcooleiro e uma para fins forrageiros — mas também realizou estudos para tolerância à seca na cultura, estratégia de escalação das variedades de cana-de-açúcar para a Região Centro-Sul, seleção regionalizada e manejo das variedades em condições práticas para o produtor.
Essas informações serão apresentadas pelo pesquisador do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, em 26 de setembro, às 14h30, durante palestra no 6.º Grande Encontro sobre Variedades de Cana-de-Açúcar, em Ribeirão Preto (SP).
O Centro de Cana do IAC criou métodos de escalação das variedades de cana-de-açúcar, de acordo com o perfil do cenário, para que os produtores possam trabalhar de modo mais eficiente. A técnica pode possibilitar o aumento de 15% a 40%. O IAC realizou 264 experimentos durante 15 anos e concluiu que existe uma ordem hierárquica da produção de cana-de-açúcar nas matrizes.
O procedimento consiste no desenvolvimento de uma matriz, com uma escala hierárquica entre os ambientes possíveis. A matriz é formada por nove caselas divididas pelos três períodos de colheita (outono, inverno e primavera) e pelas condições de desenvolvimento, dado pelo potencial do solo somado ao manejo a ele conferido, originando assim os ambientes divididos em: favorável, médio e desfavorável. “O estudo permitiu a avaliação das alternativas da produção de cana-de-açúcar em vários cenários pelo IAC. Após a construção da matriz, são analisadas as condições de cultivo dentro dos ambientes de desenvolvimento, com estudos de todas as características do local onde será produzida a cana. Esse método é determinante na Região Centro-Sul, pois considera o déficit hídrico da região”, afirma o pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Desta forma, os três períodos de colheita em conjunto com os três grupos de ambientes geram nove possíveis combinações com potencial produtivos distintos, expostas na forma de uma matriz. As caselas 1, 2, 3, 4 e 5 da matriz são as que proporcionam melhor desempenho produtivo quando considerado unicamente a produtividade agrícola. Os pesquisadores observaram que são nessas caselas que devem ser alocadas as variedades com perfil mais responsivo justamente para explorar melhor o potencial deste ambiente. O pesquisador do IAC afirma que qualquer propriedade possui grande diversidade de ambientes para a produção. Porém, com análise completa das características do local, o produtor poderá plantar variedades adequadas para cada área e, assim, otimizar a produção em cada combinação. “Na maioria das vezes, ocorre a mescla de ambientes favoráveis e desfavoráveis que os proprietários devem otimizar da melhor forma”, explica Landell.
O pesquisador explica que para as caselas 6, 7, 8 e 9 da matriz, utiliza-se variedades com perfil rústico que possibilitem menores perdas em um ambiente mais hostil para a produção. “Assim, procura-se definir as variedades conforme a aptidão de sua maturação, mas considerando também seu o perfil de resposta, ou seja, se são responsivas, rústicas e estáveis. A combinação do perfil responsivo da variedade com o potencial da casela ambiental é que definirá a escalação das variedades neste contexto de diversidade”, explica Landell.
A técnica vem sendo aplicada principalmente por empresas que têm produção em todo o período de safra, aproximadamente 220 dias ao longo do ano.
O déficit hídrico mais pronunciado durante todo o ciclo de produção da cana é o que diferencia Goiás e o Triângulo Mineiro das condições paulistas. Para se ter ideia da relevância dessa característica, a deficiência hídrica pode comprometer a produtividade e gerar prejuízos de até 60%, dependendo da intensidade e do estado de desenvolvimento da cultura. Daí a necessidade de a ciência desenvolver pacotes tecnológicos específicos para cada localidade. “Nos últimos 15 anos temos aprendido muito sobre estas regiões de déficit pronunciado. Percebemos que a estratégia de produção não poderia ser a mesma utilizada em São Paulo e vimos que precisaríamos selecionar variedades aperfeiçoadas para aquela região”, afirma Landell.
O pesquisador esclarece, porém, que o bom desempenho não está vinculado somente às variedades, mas ao conceito de produção, que envolve, além de variedades, ambiente de produção, época de plantio e de corte. “Trata-se de uma estratégia para produzir melhor”, completa.

Centro de Cana
 
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, iniciou seus estudos em cana-de-açúcar, em 1892. Atualmente, a sede administrativa do Centro de Cana está localizada em Ribeirão Preto, onde se concentra a maior parte da equipe técnica, e ainda conta com as participações de pesquisadores lotados em Campinas e nos Polos Regionais da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA).

Serviço:
Evento: 6.º Grande Encontro sobre Variedades de Cana-de-Açúcar
Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto
Endereço: Rua Bernardino de Campos, 999 – Ribeirão Preto (SP)
Data: 26 e 27 de setembro
Horário: 8h30 às 17h25