Ninguém é referência à toa, os bons de lábia, bonitos e até dançarinos podem se tornar grandes influenciadores, contudo para ser referência é preciso ter bagagem, conhecimento, estar sempre atualizado para direcionar os interessados em caminhos que chegarão em resultados concretos.
A necessidade de ganho de produtividade e redução do custo de produção que com o passar do tempo se tornou um gigante em termos de relevância na canavicultura fez com que diversos produtores atingissem o nível de referência.
Esse é o caso da Delarco Agrícola, que através do comando dos irmãos Renato e Ricardo tem em seu canavial de 2,5 mil hectares um verdadeiro show room de boas práticas que em conjunto refletem em cada vez mais toneladas de cana por hectare, custos menores e ainda com uma remuneração crescente através da harmonização dos manejos que geram dinheiro verde.
Os trabalhos de controle das plantas daninhas são um bom exemplo do nível atingido pelos produtores, a começar pelo sistema de catação desenvolvido com foco no colonião.
“Nas moitas de escape do colonião hoje consigo ter alta eficiência, pois desenvolvemos um sistema baseado na aplicação via drench para laranja que alteramos somente a ponteira, com isso tenho uma equipe treinada que vai a campo e aplica uma dose padrão em cada moita apertando somente uma vez o gatilho”, disse Renato Delarco.
Com esse processo, o agricultor conta que é possível controlar não somente a planta invasora, mas o custo do manejo, além de ter dados que lhe gere relatórios de inteligência como: planejado x realizado e comparativos com outras áreas e com safras anteriores conforme o banco de dados for sendo alimentado.
Outra vantagem do método é quanto evitar os excessos de herbicidas que podem ocasionar fitotoxicidade não apenas na cana, mas no estabelecimento da lavoura de soja em época de rotação.
Soja herbicida
“O primeiro passo é assumir que sua atividade é produzir cana, seu foco precisa estar concentrado na cultura, e assim planejar o momento de rotação como uma etapa do seu sistema de produção”. Perante esse conceito, o produtor optou por substituir a adubação verde pela soja tendo como um dos principais argumentos a briga com o mato.
O RTV da Copercana, Victor Vedovelli Ferreira Mattos; o produtor, Renato Delarco e o consultor, Aloisio Ravagnani Dias:
Produzir cada vez mais e melhor cana-de-açúcar é a meta da operação
“A crotalária é uma ótima opção de rotação de cultura, porém é também um ótimo hospedeiro para diversas plantas daninhas, que podem estabelecer grandes bancos de semente antes de sua dessecação, condenando o talhão a alta pressão ao longo de todo o ciclo que se iniciará”, completou Delarco.
O método do uso da lavoura de soja para limpeza do talhão é iniciado quando ainda há cana nele: “Recentemente pegamos uma área de expansão em Cajobi, antes de executar o último corte fizemos a matologia para entendermos as espécies e qual o nível de pressão da área”, conta.
A limpeza da área, no sentido de não ter nenhuma planta invasora nascida, antes do plantio do grão consiste no segundo passo, enquanto o terceiro é no uso de herbicidas seletivos à lavoura durante seus estádios de desenvolvimento, é nesse ponto que entra a tecnologia.
“Vamos pegar por exemplo as três Ms (Mucuna Mamona e Merremia) que têm grande presença nos canaviais aqui da região, elas são folhas largas igual a soja, ou seja, impede que eu utilize os herbicidas para esse tipo de planta.
Tem também a questão do Fedegoso, que para a cana é insignificante, mas se encontrado num caminhão de soja barra a entrega do produto por ser tóxico aos bovinos.
Contudo, hoje temos sementes tolerantes ao Glifosato, Glufosinato, 2,4D e Dicamba, que me permitem trabalhar o banco de sementes em paralelo com a lavoura, eliminando problemas que viria a ter no novo canavial”.
Grama seda
Dentre as gramíneas, uma das adversárias mais poderosas é a grama-seda que se caracteriza por ter alta velocidade de reprodução e ao mesmo tempo inviabilizar o uso de grande parte do paiol de armas pelo fato de que o que mata elas, mata também a cana.
Seu manejo padrão é reduzido na adoção de herbicidas de supressão ao identificar sua presença em cana soca e quando chegar a reforma, trabalhar de maneira intensiva, esquecer o estabelecimento de qualquer forma de cultura de rotação, deixando a área em pousio por pelo menos 90 dias.
Contudo, general que fica atrás da mesa traçando táticas retiradas de livros não ganha guerra, os Delarco aperfeiçoaram esse processo acrescentando duas frentes de batalha.
A primeira trabalha estrategicamente com a movimentação das tropas ao eliminar os pontos de reboleira no penúltimo corte do talhão, criando assim “buffers” que receberão todo o tratamento e virarão áreas de cantosi que se desenvolverão ao longo de 2024 para serem as mudas da área total no plantio de 2025.
Veja como a grama-seda vai infestando um canavial
Enquanto que a segunda está na tática de combate, que consiste na aplicação de Glifosato + Contain (Imazapir), passar uma grade para picar a daninha, quando ela estiver querendo rebrotar, executar mais uma vez o processo de trituração e deixar a área em pousio. Em situações mais extremas, o produtor ainda tem na manga o arado aiveca, contudo, por trabalhar numa região que predominam argisolos com horizontes “A” de 30 cm, ele procura evitar o uso da ferramenta para não mexer com o horizonte “B” que, nessa estrutura, é o responsável pela reserva de água.
“A grama-seda é algo que tira o meu sono, pois sei que ao surgir com a cana grande, no ano seguinte ela poderá formar reboleiras que sufocam as soqueiras, aliás é difícil nascer até outros tipos de mato tamanha sua agressividade. Hoje sei que nesse caso tenho que me conformar e trabalhar até o final do ciclo com supressão, que significa ter a consciência que por mais você faça, em 60 dias ela voltará a aparecer.
Por isso trabalhamos de maneira intensa na hora da reforma, inclusive adotando essas duas formas de manejo que estou ansioso para confirmar os resultados. Se não fizer nada nesse momento, pode estar certo que muitos problemas vão acontecer, porque na própria subsolagem e sulcação ela não estará sendo disseminada, mas plantada, inclusive se não limpar o implemento na hora de trabalhar em outro talhão”, finalizou Renato Delarco deixando claro que será muito alto o preço da negligência.
Introdução à Grama-seda
Muito comum em laranjais, a grama-seda geralmente invade o canavial vizinho e vai se espalhando, reparem na foto que ela já havia
chegado ao talhão de cima depois de ter dominado totalmente a área do meio
Talhão vizinho da laranja das imagens acima, antes do início do manejo e no meio dele, expectativa dos produtores é
conseguir o controle da planta daninha
Manejo constitui em após o uso do herbicida, a passagem de uma primeira grade para picar a planta já dessecada, para que ela não volte
(como a imagem acima mostra através dos pontos verdes), é preciso fazer mais uma gradagem, dependendo do solo, o uso do arado aiveca é uma opção