Queda de estoques mundiais e chuvas no Brasil, o que atrasa a colheita de cana-de-açúcar, colocaram o preço interno do açúcar no maior patamar nominal até então registrado no país.
A saca de 50 quilos de açúcar foi negociada a R$ 86,05 nesta segunda-feira (20), um valor que supera em 80% o de igual período de 2015.
Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), entidade que pesquisa preços no setor desde 2003.
Descontada a inflação, os preços atuais da saca de açúcar só perdem para os de fevereiro de 2010, quando chegaram a R$ 113 por saca.
"O mercado está nervoso e com bom componente de especulação", afirma Heloisa Lee Burnquist, professora da Esalq/USP e analista do setor sucroalcooleiro.
Os preços do açúcar começaram a subir devido à redução dos estoques mundiais, que estão próximos a 37 milhões de toneladas. A queda dos estoques afeta diretamente os preços da commodity, segundo Burnquist.
As boas perspectivas de exportação brasileira, principalmente devido ao dólar, perdem ritmo devido às chuvas, que atrasam a colheita e reduzem a oferta de produto.
Esse atraso nas exportações traz uma preocupação para o mercado porque o Brasil é praticamente o único fornecedor de açúcar no mercado mundial neste primeiro semestre, segundo avaliação da analista do Cepea.
Além do ritmo menor da oferta brasileira, devido às condições climáticas, outros países estão com capacidade limitada para colocar açúcar no mercado externo.
A Índia, por exemplo, o segundo maior produtor mundial de açúcar, está colocando barreiras às exportações para manter o produto internamente.
Com produção próxima de 27 milhões de toneladas e consumo de 25 milhões, a Índica se tornará importadora líquida na safra 2016/17.
A China também interfere no mercado. O país "queima" estoques, segundo Burnquist. Isso ocorre em um momento de alta de consumo, que deverá atingir 17 milhões de toneladas, aponta o Rabobank.
Estoques menores e aumento de consumo farão a China importar pelo menos 5 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/17.
A produção mundial deverá ser de 181 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/17, período em que o consumo mundial vai superar em 5,5 milhões de toneladas a oferta.
Com isso, os preços internacionais reagem e já apontam para as previsíveis dificuldades de abastecimento do mercado no médio prazo.
Os contratos futuros de compra atingem patamar recorde, segundo Burnquist.
O primeiro contrato do açúcar, negociado na Bolsa de commodities de Nova York, terminou o pregão em 19,69 centavos de dólar por libra-peso nesta segunda-feira (20).
Esse valor supera em 77% o de igual período do ano passado. Nos últimos 30 dias, a alta do açúcar foi de 15% na Bolsa nova-iorquina.
Mauro Zafalon
Queda de estoques mundiais e chuvas no Brasil, o que atrasa a colheita de cana-de-açúcar, colocaram o preço interno do açúcar no maior patamar nominal até então registrado no país.
A saca de 50 quilos de açúcar foi negociada a R$ 86,05 nesta segunda-feira (20), um valor que supera em 80% o de igual período de 2015.
Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), entidade que pesquisa preços no setor desde 2003.
Descontada a inflação, os preços atuais da saca de açúcar só perdem para os de fevereiro de 2010, quando chegaram a R$ 113 por saca.
"O mercado está nervoso e com bom componente de especulação", afirma Heloisa Lee Burnquist, professora da Esalq/USP e analista do setor sucroalcooleiro.
Os preços do açúcar começaram a subir devido à redução dos estoques mundiais, que estão próximos a 37 milhões de toneladas. A queda dos estoques afeta diretamente os preços da commodity, segundo Burnquist.
As boas perspectivas de exportação brasileira, principalmente devido ao dólar, perdem ritmo devido às chuvas, que atrasam a colheita e reduzem a oferta de produto.
Esse atraso nas exportações traz uma preocupação para o mercado porque o Brasil é praticamente o único fornecedor de açúcar no mercado mundial neste primeiro semestre, segundo avaliação da analista do Cepea.
Além do ritmo menor da oferta brasileira, devido às condições climáticas, outros países estão com capacidade limitada para colocar açúcar no mercado externo.
A Índia, por exemplo, o segundo maior produtor mundial de açúcar, está colocando barreiras às exportações para manter o produto internamente.
Com produção próxima de 27 milhões de toneladas e consumo de 25 milhões, a Índica se tornará importadora líquida na safra 2016/17.
A China também interfere no mercado. O país "queima" estoques, segundo Burnquist. Isso ocorre em um momento de alta de consumo, que deverá atingir 17 milhões de toneladas, aponta o Rabobank.
Estoques menores e aumento de consumo farão a China importar pelo menos 5 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/17.
A produção mundial deverá ser de 181 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/17, período em que o consumo mundial vai superar em 5,5 milhões de toneladas a oferta.
Com isso, os preços internacionais reagem e já apontam para as previsíveis dificuldades de abastecimento do mercado no médio prazo.
Os contratos futuros de compra atingem patamar recorde, segundo Burnquist.
O primeiro contrato do açúcar, negociado na Bolsa de commodities de Nova York, terminou o pregão em 19,69 centavos de dólar por libra-peso nesta segunda-feira (20).
Esse valor supera em 77% o de igual período do ano passado. Nos últimos 30 dias, a alta do açúcar foi de 15% na Bolsa nova-iorquina.
Mauro Zafalon