A declaração é de Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, a SIAMIG, e dos Sindicatos da Indústria de Fabricação do Álcool e do Açúcar no Estado de Minas Gerais. Campos é o principal representante do setor sucroenergético no Estado mineiro.
O executivo, formado em economia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com MBA pelo IBMEC, ingressou no SIAMIG em 2003, como assessor econômico, e ocupou três cargos antes de chegar à presidência da entidade, em dezembro de 2013.
Bem articulado e atuante, ele comemora a conquista de alíquota menor do ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) para o etanol hidratado no Estado, que passou a vigorar a partir de 18 de março e as externalidades geradas pela mecanização de 97% da área de canaviais, fato que tornou a cana mineira bastante ecológica.
Confira a entrevista e veja o que está acontecendo com o setor em Minas Gerais:
Mário Ferreira Campos Filho
Revista Canavieiros - A redução do ICMS do etanol, dos 19% para 14%, no
Estado mineiro provocará quais efeitos no setor sucroenergético, na sua opinião? E qual impacto terá para o consumidor?
Mário Campos: O maior impacto previsto é o aumento do consumo do etanol hidratado como consequência de uma paridade de preços pró-etanol. Nossa perspectiva é de dobrar o consumo no Estado, passando dos 750 milhões de litros anuais para cerca de 1,5 bilhão de litros, equivalente a nossa produção na safra 2014/15. Com as alterações das alíquotas, a da gasolina C passará de 27 para 29%, o preço do etanol hidratado poderá reduzir em até R$ 0,12 por litro e o da gasolina poderá aumentar cerca de R$ 0,07. Com essas alterações, em algumas regiões do Estado a relação de preço poderá ficar próxima de 66%, uma paridade muito boa e, na minha opinião, suficiente para observarmos a migração do consumidor da gasolina para o etanol.
Revista Canavieiros - O senhor acredita que as medidas implantadas pelo Governo Federal, como o retorno da CIDE, e a retomada do consumo de etanol poderão dar fôlego para a agroindústria canavieira melhorar sua situação?
MC: Acredito que as medidas adotadas fazem parte e serão muito importantes para uma recuperação futura. Juntamente com as alterações de alíquotas de
ICMS adotadas em alguns Estados, são suficientes para destravar o mercado de etanol em 2015. O setor produzirá e comercializará mais etanol neste ano, e esperamos que o preço médio seja bem superior às últimas safras. O mesmo ocorreu com o mercado de bioeletricidade que, devido a crise energética do País, voltou a ser considerada pelo planejamento energético brasileiro. Contudo, o setor continuará em 2015 em uma situação muito delicada em função do alto endividamento agravado recentemente e pela forte desvalorização do real.
Apesar de ser um tema muito polêmico no setor, acredito que o endividamento entrará na pauta de discussão setorial muito em breve.
Revista Canavieiros - Qual foi a produção de cana-de-açúcar em MG na última safra e quais são suas expectativas em relação ao ciclo 2015/16?
MC: A produção de cana mineira situou em 59,3 milhões de toneladas,3,25 milhões de ton de açúcar e 2,73bilhões de litros de etanol, somados hidratado e anidro. Foi a maior produção de etanol da história do Estado, mesmo não sendo a maior safra de cana já moída. Para 2015/16, não vemos grandes alterações na produção de cana, mas esperamos um mix ainda maior para a produção de etanol e assim mais um recorde poderá ocorrer.
Revista Canavieiros - As intempéries climáticas do último ano prejudicaram os canaviais mineiros? Qual será a consequência para a próxima safra?
MC: Até o final do mês de janeiro deste ano, estávamos muito preocupados com o efeito da seca no canavial. Contudo, as chuvas de fevereiro e março foram muito boas em diversas regiões, o que ajudou a minimizar os efeitos da estiagem de janeiro. Dessa forma, não estamos esperando grandes variações da safra para este ano. As reduções que poderão existir em algumas regiões deverão ser compensadas pela elevação da disponibilidade de cana de outras regiões.
Revista Canavieiros - Qual é o grande desafio do setor sucroenergético em Minas Gerais atualmente? E no Brasil, qual são as prioridades para o segmento?
MC: O grande desafio do setor mineiro é justamente ampliar o consumo de etanol hidratado, já que apesar de possuir a segunda maior frota de veículos leves do País, as vendas do combustível limpo e renovável são irrisórias no Estado. Neste sentido, a SIAMIG vai lançar a partir de abril uma campanha de marketing, a fim de mostrar a maior competitividade do combustível no Estado, além de seu valor ambiental e geração de empregos, renda e impostos no interior do Estado. Será uma campanha de valorização do etanol frente à gasolina. Além disso, de modo geral, as usinas têm que continuar a melhorar sua operação, com a elevação da produtividade agrícola, através da renovação do canavial, melhores tratos culturais e melhorias operacionais. Os resultados deste trabalho deverão ser suficientes para ocupar a atual capacidade ociosa de moagem, em torno de 10% nos próximos anos.
Acreditamos também que haverá uma mobilização maior no desenvolvimento de novas variedades produtivas, ampliação da produção de etanol de segunda geração e investimentos em bioeletricidade. Somente após essa fase aliada a uma necessária recuperação financeira é que acreditamos que o setor poderá contar com um novo ciclo de investimentos.
Revista Canavieiros - O que a SIAMIG tem feito para ajudar a solucionar os gargalos da cadeia produtiva canavieira?
MC: A SIAMIG tem uma atuação institucional muito forte em Minas Gerais com uma boa comunicação com a opinião pública. Nossa mais recente conquista foi a redução do ICMS do etanol hidratado no Estado. Aliás, essa foi a terceira vez que o ICMS foi reduzido nos últimos cinco anos. Temos um trabalho muito importante nas áreas ambiental, trabalhista e de formação de mão de obra, onde fomos o responsável pela viabilização do PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) dentro do setor.
Participamos de diversos conselhos estaduais e federais, sempre defendendo os interesses dos produtores.
Revista Canavieiros – Atualmente, Minas Gerais é o terceiro maior produtor de cana-de-açúcar, mas já ocupou o segundo lugar. Há alguma perspectiva para que o Estado recupere seu posicionamento no ranking nacional?
MC: Não temos mais a pretensão de ocupar um lugar mais alto no ranking de produção, mas queremos ser o Estado mais eficiente e com maior rentabilidade na venda dos produtos do setor. Para isso, temos o potencial do mercado de nosso Estado, com seus 853 municípios e mais de 18 milhões de habitantes.
Para a exportação, trabalhamos em melhorias da logística com a finalidade de chegarmos mais fácil, mais rápido e mais barato aos portos. Mas sabemos das nossas dificuldades. Infelizmente, hoje reconhecemos que o Estado é um dos mais difíceis para se empreender no Brasil. Tanto a área trabalhista, quanto a tributária e, principalmente, a ambiental, têm causado diversas dificuldades não observadas em outros Estados concorrentes.
Juntamente com outras entidades empresariais, temos debatido essas dificuldades com o Governo Estadual e com a sociedade e conseguido algum avanço nos últimos anos.
Revista Canavieiros – Conforme estabelecido pelo Protocolo Ambiental, em 2014, terminou o prazo estabelecido para a eliminação da queima na colheita em áreas mecanizáveis. Em Minas Gerais essa meta foi alcançada? Qual é o atual porcentual de mecanização das lavouras em Minas Gerais?
MC: Os produtores mineiros cumpriram o Protocolo Agroambiental assinado com o Governo em agosto de2008, com a eliminação da queimada nas áreas com declividade abaixo de12% e introdução da colheita mecânica.
Vão ficar somente cerca de 3% da área total ainda com queima em áreas com declividade acima de 12%. Nos últimos anos houve um forte investimento na compra de máquinas, equipamentos e treinamento da mão de obra para mecanização do campo.
A redução drástica da queima levou a várias externalidades positivas como a não emissão de 6,1 milhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera durante o período do protocolo (2008-2014); o solo ficou muito mais protegido com a palha que fica no terreno e não é queimada; a eliminação da lavagem de cana gerou uma grande economia de água além da utilização dos circuitos fechados, o que possibilitou uma espetacular redução no consumo industrial de cinco metros cúbicos de água por tonelada de cana processada, nos anos 90, para a quantidade atual em torno de 1 m3 / ton de cana. Além do aparecimento de um grande número de animais no canavial e, nas áreas de preservação permanente, que foram amplamente recuperadas nos últimos anos pelo setor.
Revista Canavieiros - A demanda por energia elétrica tem aumentado, Isso pode contribuir para a retomada do setor sucroenergético? Qual o potencial de cogeração desse setor no Estado mineiro?
MC: Há um grande potencial em Minas Gerais para a bioeletricidade, conforme demonstrado no relatório sobre o assunto divulgado pela SIAMIG no início deste ano. É uma área que terá investimentos por parte das empresas, com a utilização da palha e de outros combustíveis, como o cavaco de madeira. A potência instalada das usinas mineiras gira em torno de 950 MW. Em 2014, mais de1,8milhão de MWh de bioeletricidade foi comercializado no mercado.
Com investimentos previstos de R$ 200 milhões nos próximos três anos, há possibilidade de incremento na geração de cerca de 75 MW em 2015, e mais 70
MW em 2016.
Revista Canavieiros - Minas Gerais lançou recentemente o Pacto de Minas pelas Águas. O que tem a dizer sobre a iniciativa e qual impacto ela poderá ter no setor sucroenergético?
MC: O Pacto das Águas foi um compromisso público assumido entre o Governo Estadual e diversas entidades empresariais em prol da adoção de medidas de uso mais racional dos recursos hídricos. Isso ocorreu, pois em algumas regiões do Estado há fortes restrições hoje na disponibilidade de água para o atendimento ao setor produtivo e até à população.
Recentemente, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos aprovou uma deliberação normativa que possibilita o corte das outorgas de até 25% para a irrigação e 30% para a indústria. Nosso setor está muito tranquilo porque fez o dever de casa nos últimos anos, pois reutilizamos mais de 90% da água captada, além de implantar uma forte redução do consumo total nas últimas safras. Assim, acreditamos que temos argumentos suficientes para que estas medidas não atinjam o nosso setor.
A declaração é de Mário Ferreira Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, a SIAMIG, e dos Sindicatos da Indústria de Fabricação do Álcool e do Açúcar no Estado de Minas Gerais. Campos é o principal representante do setor sucroenergético no Estado mineiro.
O executivo, formado em economia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com MBA pelo IBMEC, ingressou no SIAMIG em 2003, como assessor econômico, e ocupou três cargos antes de chegar à presidência da entidade, em dezembro de 2013.
Bem articulado e atuante, ele comemora a conquista de alíquota menor do ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) para o etanol hidratado no Estado, que passou a vigorar a partir de 18 de março e as externalidades geradas pela mecanização de 97% da área de canaviais, fato que tornou a cana mineira bastante ecológica.
Confira a entrevista e veja o que está acontecendo com o setor em Minas Gerais:
Mário Ferreira Campos Filho
Revista Canavieiros - A redução do ICMS do etanol, dos 19% para 14%, no
Estado mineiro provocará quais efeitos no setor sucroenergético, na sua opinião? E qual impacto terá para o consumidor?
Mário Campos: O maior impacto previsto é o aumento do consumo do etanol hidratado como consequência de uma paridade de preços pró-etanol. Nossa perspectiva é de dobrar o consumo no Estado, passando dos 750 milhões de litros anuais para cerca de 1,5 bilhão de litros, equivalente a nossa produção na safra 2014/15. Com as alterações das alíquotas, a da gasolina C passará de 27 para 29%, o preço do etanol hidratado poderá reduzir em até R$ 0,12 por litro e o da gasolina poderá aumentar cerca de R$ 0,07. Com essas alterações, em algumas regiões do Estado a relação de preço poderá ficar próxima de 66%, uma paridade muito boa e, na minha opinião, suficiente para observarmos a migração do consumidor da gasolina para o etanol.
Revista Canavieiros - O senhor acredita que as medidas implantadas pelo Governo Federal, como o retorno da CIDE, e a retomada do consumo de etanol poderão dar fôlego para a agroindústria canavieira melhorar sua situação?
MC: Acredito que as medidas adotadas fazem parte e serão muito importantes para uma recuperação futura. Juntamente com as alterações de alíquotas de
ICMS adotadas em alguns Estados, são suficientes para destravar o mercado de etanol em 2015. O setor produzirá e comercializará mais etanol neste ano, e esperamos que o preço médio seja bem superior às últimas safras. O mesmo ocorreu com o mercado de bioeletricidade que, devido a crise energética do País, voltou a ser considerada pelo planejamento energético brasileiro. Contudo, o setor continuará em 2015 em uma situação muito delicada em função do alto endividamento agravado recentemente e pela forte desvalorização do real.
Apesar de ser um tema muito polêmico no setor, acredito que o endividamento entrará na pauta de discussão setorial muito em breve.
Revista Canavieiros - Qual foi a produção de cana-de-açúcar em MG na última safra e quais são suas expectativas em relação ao ciclo 2015/16?
MC: A produção de cana mineira situou em 59,3 milhões de toneladas,3,25 milhões de ton de açúcar e 2,73bilhões de litros de etanol, somados hidratado e anidro. Foi a maior produção de etanol da história do Estado, mesmo não sendo a maior safra de cana já moída. Para 2015/16, não vemos grandes alterações na produção de cana, mas esperamos um mix ainda maior para a produção de etanol e assim mais um recorde poderá ocorrer.
Revista Canavieiros - As intempéries climáticas do último ano prejudicaram os canaviais mineiros? Qual será a consequência para a próxima safra?
MC: Até o final do mês de janeiro deste ano, estávamos muito preocupados com o efeito da seca no canavial. Contudo, as chuvas de fevereiro e março foram muito boas em diversas regiões, o que ajudou a minimizar os efeitos da estiagem de janeiro. Dessa forma, não estamos esperando grandes variações da safra para este ano. As reduções que poderão existir em algumas regiões deverão ser compensadas pela elevação da disponibilidade de cana de outras regiões.
Revista Canavieiros - Qual é o grande desafio do setor sucroenergético em Minas Gerais atualmente? E no Brasil, qual são as prioridades para o segmento?
MC: O grande desafio do setor mineiro é justamente ampliar o consumo de etanol hidratado, já que apesar de possuir a segunda maior frota de veículos leves do País, as vendas do combustível limpo e renovável são irrisórias no Estado. Neste sentido, a SIAMIG vai lançar a partir de abril uma campanha de marketing, a fim de mostrar a maior competitividade do combustível no Estado, além de seu valor ambiental e geração de empregos, renda e impostos no interior do Estado. Será uma campanha de valorização do etanol frente à gasolina. Além disso, de modo geral, as usinas têm que continuar a melhorar sua operação, com a elevação da produtividade agrícola, através da renovação do canavial, melhores tratos culturais e melhorias operacionais. Os resultados deste trabalho deverão ser suficientes para ocupar a atual capacidade ociosa de moagem, em torno de 10% nos próximos anos.
Acreditamos também que haverá uma mobilização maior no desenvolvimento de novas variedades produtivas, ampliação da produção de etanol de segunda geração e investimentos em bioeletricidade. Somente após essa fase aliada a uma necessária recuperação financeira é que acreditamos que o setor poderá contar com um novo ciclo de investimentos.
Revista Canavieiros - O que a SIAMIG tem feito para ajudar a solucionar os gargalos da cadeia produtiva canavieira?
MC: A SIAMIG tem uma atuação institucional muito forte em Minas Gerais com uma boa comunicação com a opinião pública. Nossa mais recente conquista foi a redução do ICMS do etanol hidratado no Estado. Aliás, essa foi a terceira vez que o ICMS foi reduzido nos últimos cinco anos. Temos um trabalho muito importante nas áreas ambiental, trabalhista e de formação de mão de obra, onde fomos o responsável pela viabilização do PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) dentro do setor.
Participamos de diversos conselhos estaduais e federais, sempre defendendo os interesses dos produtores.
Revista Canavieiros – Atualmente, Minas Gerais é o terceiro maior produtor de cana-de-açúcar, mas já ocupou o segundo lugar. Há alguma perspectiva para que o Estado recupere seu posicionamento no ranking nacional?
MC: Não temos mais a pretensão de ocupar um lugar mais alto no ranking de produção, mas queremos ser o Estado mais eficiente e com maior rentabilidade na venda dos produtos do setor. Para isso, temos o potencial do mercado de nosso Estado, com seus 853 municípios e mais de 18 milhões de habitantes.
Para a exportação, trabalhamos em melhorias da logística com a finalidade de chegarmos mais fácil, mais rápido e mais barato aos portos. Mas sabemos das nossas dificuldades. Infelizmente, hoje reconhecemos que o Estado é um dos mais difíceis para se empreender no Brasil. Tanto a área trabalhista, quanto a tributária e, principalmente, a ambiental, têm causado diversas dificuldades não observadas em outros Estados concorrentes.
Juntamente com outras entidades empresariais, temos debatido essas dificuldades com o Governo Estadual e com a sociedade e conseguido algum avanço nos últimos anos.
Revista Canavieiros – Conforme estabelecido pelo Protocolo Ambiental, em 2014, terminou o prazo estabelecido para a eliminação da queima na colheita em áreas mecanizáveis. Em Minas Gerais essa meta foi alcançada? Qual é o atual porcentual de mecanização das lavouras em Minas Gerais?
MC: Os produtores mineiros cumpriram o Protocolo Agroambiental assinado com o Governo em agosto de2008, com a eliminação da queimada nas áreas com declividade abaixo de12% e introdução da colheita mecânica.
Vão ficar somente cerca de 3% da área total ainda com queima em áreas com declividade acima de 12%. Nos últimos anos houve um forte investimento na compra de máquinas, equipamentos e treinamento da mão de obra para mecanização do campo.
A redução drástica da queima levou a várias externalidades positivas como a não emissão de 6,1 milhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera durante o período do protocolo (2008-2014); o solo ficou muito mais protegido com a palha que fica no terreno e não é queimada; a eliminação da lavagem de cana gerou uma grande economia de água além da utilização dos circuitos fechados, o que possibilitou uma espetacular redução no consumo industrial de cinco metros cúbicos de água por tonelada de cana processada, nos anos 90, para a quantidade atual em torno de 1 m3 / ton de cana. Além do aparecimento de um grande número de animais no canavial e, nas áreas de preservação permanente, que foram amplamente recuperadas nos últimos anos pelo setor.
Revista Canavieiros - A demanda por energia elétrica tem aumentado, Isso pode contribuir para a retomada do setor sucroenergético? Qual o potencial de cogeração desse setor no Estado mineiro?
MC: Há um grande potencial em Minas Gerais para a bioeletricidade, conforme demonstrado no relatório sobre o assunto divulgado pela SIAMIG no início deste ano. É uma área que terá investimentos por parte das empresas, com a utilização da palha e de outros combustíveis, como o cavaco de madeira. A potência instalada das usinas mineiras gira em torno de 950 MW. Em 2014, mais de1,8milhão de MWh de bioeletricidade foi comercializado no mercado.
Com investimentos previstos de R$ 200 milhões nos próximos três anos, há possibilidade de incremento na geração de cerca de 75 MW em 2015, e mais 70
MW em 2016.
Revista Canavieiros - Minas Gerais lançou recentemente o Pacto de Minas pelas Águas. O que tem a dizer sobre a iniciativa e qual impacto ela poderá ter no setor sucroenergético?
MC: O Pacto das Águas foi um compromisso público assumido entre o Governo Estadual e diversas entidades empresariais em prol da adoção de medidas de uso mais racional dos recursos hídricos. Isso ocorreu, pois em algumas regiões do Estado há fortes restrições hoje na disponibilidade de água para o atendimento ao setor produtivo e até à população.
Recentemente, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos aprovou uma deliberação normativa que possibilita o corte das outorgas de até 25% para a irrigação e 30% para a indústria. Nosso setor está muito tranquilo porque fez o dever de casa nos últimos anos, pois reutilizamos mais de 90% da água captada, além de implantar uma forte redução do consumo total nas últimas safras. Assim, acreditamos que temos argumentos suficientes para que estas medidas não atinjam o nosso setor.