Nos dias atuais, a indústria da cana, do açúcar e do etanol brasileira vive o pior período dos seus 500 anos de existência. Desde o ano safra de 2009/2010, mais de quatro dezenas de empresas deixaram de produzir, sendo mais de vinte delas, no Estado mais pujante da Nação. 33 usinas encontram-se, atualmente, com a sua situação em exame no Judiciário e 12 unidades não irão moer na safra já em curso de 2014/15.
Com a obstinada decisão do Governo Federal de não majorar os preços da gasolina e absoluta falta de uma política governamental de combustíveis no País, o etanol está sendo vendido com prejuízos às distribuidoras. A defasagem do preço do combustível da cana em relação à gasolina automotiva é de 18%, gerando uma perda de R$ 5,4 bilhões, tão somente para o etanol anidro. O consumo, em 2014, do etanol anidro (misturado 25% à gasolina) está estimado em mais de 23 bilhões e terá de subir, conforme os especialistas, para 32 bilhões a 40 bilhões de litros, nos próximos oito anos, até 2022, desde que 20 a 30% do etanol seja usado na frota de veículos do País. O endividamento do setor sucroalcooleiro já supera R$ 60 bilhões.
As usinas de açúcar e as destilarias estão vendendo o etanol hidratado ao preço de R$ 1,20/litro, enquanto o valor da fabricação já supera R$ 1,25. Nos postos de abastecimento paulistas, o etanol está sendo oferecido, em média a R$ 1,90/litro e a gasolina a R$ 2,90/litro. Conforme o setor bancário, o endividamento da atividade econômica já evoluiu perto de 20 vezes, nos últimos dez anos e a produção pouco mais que dobrou.
No primeiro trimestre do ano em curso, o Brasil importou perto de 30% das suas necessidades de gasolina, o que poderia ser substituído pelo etanol. Para isto, não haveria a necessidade do dispêndio de preciosas divisas, tecnologia externa, máquinas importadas ou recursos humanos de outros países. Em 2009, não importava gasolina. É sempre bom recordarmos, quando se tenta colocar em dúvida, com discussões bizantinas, a eficiência do etanol combustível, alguns fatos marcantes. Entre nós, o álcool já era utilizado como combustível, desde o início da década de 20. Os foguetes alemães, as famosas bombas voadoras da Segunda Guerra Mundial, usavam, também, o álcool produzido a partir das batatas ou resíduos alimentares, assim como os primeiros foguetes, lançados pelos americanos no Cabo Kennedy. Os japoneses adaptaram no último conflito mundial os seus tanques de guerra para rodarem a álcool.
É imprescindível e urgente a adoção de um amplo programa de refinanciamento das enormes dividas da indústria da cana, a fim de resolver a gravidade da questão. Há dois anos, o segmento sucroenergético investiu mais de R$ 4 bilhões na renovação das lavouras canavieiras, com o escopo de recuperar a produtividade e aumentar a oferta do vegetal. O atual governo, definitivamente, se desinteressou pela agroenergia, por razões ignoradas.
Com a intenção de reduzir a inflação, o CIDE foi suprimido da gasolina, perdendo o etanol a sua competitividade com o derivado do petróleo. Outra antiga reinvindicação do setor, seria o maior envolvimento da indústria automobilística com o desenvolvimento de um motor especialmente construído para a queima do etanol, mais econômico e eficiente.
Consoante as informações da Unica, nos próximos 10 anos, o universo irá consumir 26 milhões de toneladas do açúcar, a cada ano e necessitará de 60% a mais de álcool combustível. Desta forma, o País terá que elevar a sua moagem em 200 milhões de toneladas de cana anuais, o que será inexequível diante da atual conjuntura da atividade econômica. Para o professor Plínio Nastari, presidente da Datagro, o futuro da indústria da cana, açúcar e álcool, nos próximos dez anos, estará ligado, intrinsicamente, à política governamental dos derivados do petróleo, o que é uma incógnita.
*Luiz Gonzaga Bertelli é vice-presidente da Associação Comercial de SP e diretor e conselheiro da Fiesp-Ciesp
Nos dias atuais, a indústria da cana, do açúcar e do etanol brasileira vive o pior período dos seus 500 anos de existência. Desde o ano safra de 2009/2010, mais de quatro dezenas de empresas deixaram de produzir, sendo mais de vinte delas, no Estado mais pujante da Nação. 33 usinas encontram-se, atualmente, com a sua situação em exame no Judiciário e 12 unidades não irão moer na safra já em curso de 2014/15.
Com a obstinada decisão do Governo Federal de não majorar os preços da gasolina e absoluta falta de uma política governamental de combustíveis no País, o etanol está sendo vendido com prejuízos às distribuidoras. A defasagem do preço do combustível da cana em relação à gasolina automotiva é de 18%, gerando uma perda de R$ 5,4 bilhões, tão somente para o etanol anidro. O consumo, em 2014, do etanol anidro (misturado 25% à gasolina) está estimado em mais de 23 bilhões e terá de subir, conforme os especialistas, para 32 bilhões a 40 bilhões de litros, nos próximos oito anos, até 2022, desde que 20 a 30% do etanol seja usado na frota de veículos do País. O endividamento do setor sucroalcooleiro já supera R$ 60 bilhões.
As usinas de açúcar e as destilarias estão vendendo o etanol hidratado ao preço de R$ 1,20/litro, enquanto o valor da fabricação já supera R$ 1,25. Nos postos de abastecimento paulistas, o etanol está sendo oferecido, em média a R$ 1,90/litro e a gasolina a R$ 2,90/litro. Conforme o setor bancário, o endividamento da atividade econômica já evoluiu perto de 20 vezes, nos últimos dez anos e a produção pouco mais que dobrou.
No primeiro trimestre do ano em curso, o Brasil importou perto de 30% das suas necessidades de gasolina, o que poderia ser substituído pelo etanol. Para isto, não haveria a necessidade do dispêndio de preciosas divisas, tecnologia externa, máquinas importadas ou recursos humanos de outros países. Em 2009, não importava gasolina. É sempre bom recordarmos, quando se tenta colocar em dúvida, com discussões bizantinas, a eficiência do etanol combustível, alguns fatos marcantes. Entre nós, o álcool já era utilizado como combustível, desde o início da década de 20. Os foguetes alemães, as famosas bombas voadoras da Segunda Guerra Mundial, usavam, também, o álcool produzido a partir das batatas ou resíduos alimentares, assim como os primeiros foguetes, lançados pelos americanos no Cabo Kennedy. Os japoneses adaptaram no último conflito mundial os seus tanques de guerra para rodarem a álcool.
É imprescindível e urgente a adoção de um amplo programa de refinanciamento das enormes dividas da indústria da cana, a fim de resolver a gravidade da questão. Há dois anos, o segmento sucroenergético investiu mais de R$ 4 bilhões na renovação das lavouras canavieiras, com o escopo de recuperar a produtividade e aumentar a oferta do vegetal. O atual governo, definitivamente, se desinteressou pela agroenergia, por razões ignoradas.
Com a intenção de reduzir a inflação, o CIDE foi suprimido da gasolina, perdendo o etanol a sua competitividade com o derivado do petróleo. Outra antiga reinvindicação do setor, seria o maior envolvimento da indústria automobilística com o desenvolvimento de um motor especialmente construído para a queima do etanol, mais econômico e eficiente.
Consoante as informações da Unica, nos próximos 10 anos, o universo irá consumir 26 milhões de toneladas do açúcar, a cada ano e necessitará de 60% a mais de álcool combustível. Desta forma, o País terá que elevar a sua moagem em 200 milhões de toneladas de cana anuais, o que será inexequível diante da atual conjuntura da atividade econômica. Para o professor Plínio Nastari, presidente da Datagro, o futuro da indústria da cana, açúcar e álcool, nos próximos dez anos, estará ligado, intrinsicamente, à política governamental dos derivados do petróleo, o que é uma incógnita.
*Luiz Gonzaga Bertelli é vice-presidente da Associação Comercial de SP e diretor e conselheiro da Fiesp-Ciesp