Resiliência. Uma palavra muito utilizada nos tempos atuais por aqueles que buscam ensinar através de uma técnica padrão ‘o caminho para o sucesso’, mesmo diante de ‘paus e pedras pelo caminho’ que podem ser diferentes para cada um. Saindo do campo metafórico e entrando no campo físico, a resiliência “é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica”. Se trocarmos as palavras ‘alguns corpos’ por ‘os agricultores’, ‘forma original’ por ‘confiança’ e ‘deformação elástica’ por ‘uma perda na lavoura’, temos a real noção da força de adaptação, aprendizado e recuperação do nosso homenageado do mês, o diretor-presidente executivo da Copercana, Francisco César Urenha.
Quem é Francisco César Urenha?
Francisco César Urenha, carinhosamente chamado de Chico Urenha, é produtor rural, nasceu em Serrana-SP. Filho de Luiz Urenha e Gessy Urenha, é o terceiro filho de uma família de quatro irmãos: Luiz Carlos Urenha (in memoriam), Tiago Urenha, ele Francisco e Izabel Cristina Urenha. "Éramos quatro irmãos. O Luiz, o Tiago, eu Francisco e a Cristina, que é a caçula, cinco anos mais nova que eu. Meu irmão Luiz partiu ainda muito jovem, deixando esposa e filhos, mas todos estão bem graças a Deus", explica.
O zelo e o cuidado com os pais, hoje ambos com 92 anos, permanecem os mesmos. Chico Urenha fez questão de destacar a importância dos ensinamentos que recebe de cada um deles, os exemplos e as experiências que a vida trouxe. “É um privilégio ter pais com 92 anos. Ambos estão bem, na medida do possível pela idade que possuem. Converso muito com eles e até hoje recebo conselhos que levo sempre em consideração”, destaca.
Casamento
Francisco César Urenha e Maria José Sangali Urenha (Zezé Urenha) estão juntos há quase 50 anos, destes, sete são de namoro e 42 de casados. Os frutos desse relacionamento são os filhos Francisco César Urenha Júnior (Juninho Urenha) e Lívia Sangali Urenha Torres. "Estou com a Zezé entre casamento e namoro há quase 50 anos. Caminhando com percalços onde pude contar com ela em todos os momentos. Ela me ajuda bastante", declara Francisco Urenha.
Os filhos Juninho e Lívia lhe proporcionaram outras quatro preciosidades: os netos João Francisco, Sophia, Luísa e Augusto. “O João Francisco e a Sophia são os filhos da Lívia e do Gustavo; a Luísa e o Augusto são os filhos do Juninho e da Taciana", comenta e acrescenta que "neto é bom, é alegria na hora que chega e alegria quando vai embora (risos), mas é muito bom. Você se vê renovado".
Principais hobbies
Apreciador de vinho, Francisco César Urenha não deixa de degustar a bebida. "O vinho é minha bebida favorita. Gosto de vinho, sem exageros, mas uma taça, duas, todo dia tomo", comenta.
Outra paixão é o Palmeiras. Urenha não perde um jogo do Verdão, seja na televisão ou no estádio Allianz Parque. "Sou uma pessoa bem sossegada e quando sento na televisão é pra ver o jogo do Palmeiras. Eu não sou um assíduo frequentador de estádio, mas vou sempre que posso, porque aquele ambiente me agrada muito”, revela. “Em casa, gosto de estar com a minha família e às vezes assistir a um bom filme. Não leio tanto assim, gosto de acompanhar algumas coisas, mas sou uma pessoa bem simples, bem pacata, discreta e gosto de manter sempre a discrição".
Trajetória na Copercana
Como diz o nosso homenageado, o caminho da agricultura e a entrada na Copercana foi um acidente de percurso, já que Chico morava em São Paulo e estudava economia. Um problema financeiro da família fez o jovem voltar para ajudar. “Vim, tranquei minha matrícula por um ano para tentar ajudar minha família no que fosse possível e voltar, me formar e seguir minha vida em São Paulo, mas não consegui. Fui aprender a mexer com cana e estou até hoje trabalhando com meus familiares, sobretudo, com meu primo Antônio Carlos Urenha, o Taio, que foi fundamental em toda luta que tivemos para que conseguíssemos enfrentar e superar todos nossos problemas", explica.
Antes de entrar no ramo agrícola, a família de Urenha dedicava parte dos negócios em postos de combustíveis, oficina mecânica e parte societária em uma pequena indústria de implementos agrícolas, que segundo Chico Urenha foi a causa do problema financeiro. “Tínhamos o sítio, mas não sabíamos nada de cana. Começamos do zero aprendendo um pouco de cana, amendoim, piscicultura, o amendoim já não trabalhamos mais", comenta.
Nesse caminho de aprendizado, Francisco César Urenha conheceu a Copercana. A cooperativa teve papel fundamental para que ele pudesse obter o conhecimento sobre a produção de cana-de-açúcar e dar início ao trabalho no campo. “Aprendemos com os agrônomos, mas também sofremos, em muitas vezes foi tentativa e erro, porque você pode ter toda a assistência, toda a orientação, mas pode chover, pode não chover. Tive todo o suporte necessário, tive crédito, assistência, acertei, errei, e isso foi fundamental pra mim e pra história da minha família”, destaca e frisa: “Trabalhando na agricultura, a Copercana foi tudo que pudemos ter em todos os sentidos, então sou muito grato. Crescemos muito na área de cana, sempre trabalhando sério e foi fundamental, como eu disse, a Copercana na nossa história".
Com todo esse carinho e respeito pela Copercana, Francisco César Urenha foi buscando conhecer de perto os bastidores da cooperativa e participando ativamente das assembleias e reuniões. O frequente interesse rendeu um convite para ser um membros do Conselho Fiscal da Copercana. Em 2014, Francisco César Urenha assumiu um dos cargos do Conselho de Administração da Copercana, onde ficou até 2017. Em 2018 assumiu o cargo de diretor- administrativo e, com o falecimento de Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, foi escolhido pelo Conselho de Administração como novo diretor-presidente executivo da Copercana, cargo que ocupa até hoje. “Fui me familiarizando com a cooperativa, participando de reuniões, fiz amizade com toda diretoria, fui convidado para o conselho, para a diretoria, e hoje estou como presidente da diretoria", explica e declara: “Para mim é um orgulho muito grande participar dessa história como cooperado, como diretor e, sobretudo, nesses 60 anos. É uma data redonda. Vim na festa de 50 anos, tô na de 60 anos, e espero continuar nas próximas, se Deus me der saúde".
Experiências internacionais
Urenha gosta de viajar e conhecer outras culturas. Em uma dessas viagens, levando o nome da Copercana, o diretor-presidente pode conhecer outras cooperativas nacionais e internacionais. “Conheci alguns países viajando pela Copercana. Geralmente nesses grupos de viagem participam presidentes de cooperativas e você vê que o nome da Copercana, que foi construído ao longo de sua história é muito forte e passa muita credibilidade", frisa e acrescenta: “isso traz uma responsabilidade muito grande porque sei que temos que manter em alto nível o nome da Copercana. Você sobe a régua, então é fazer cada vez melhor. É um desafio, mas uma satisfação ao mesmo tempo".
Balanço de 2022 e novos desafios em 2023
"2022 foi um ano bem difícil não só porque estava saindo da pandemia, mas começou uma guerra, e uma parte do nosso negócio é o amendoim, ele é exportado, temos contratos a cumprir e esse custo, principalmente do frete marítimo, aumentou muito, a taxa de juros também, então, nossos resultados foram expressivos, até acima do que planejávamos, mas os custos também. Porém, o resultado foi positivo e tivemos um faturamento alto, com uma margem de lucro um pouco apertada, mas acredito que diante das incertezas da vida, do mundo, da guerra, da pandemia que vai e volta, os resultados foram satisfatórios".
Em agora em 2023?
"Existe sim a incerteza de uma mudança de governo. Hoje estamos no comecinho do ano e o que vai ser do país? Eu não sei. Sinceramente, não sei. O agro era muito ligado ao governo anterior e não sei qual vai ser a aceitação de ambos os lados. Vejo com bastante dúvida o que vai acontecer, não daria para dizer. Hoje o que sinaliza não me parece bom. O que eu ouvi até agora não me agradou, mas claro, somos brasileiros e houve quase que um empate técnico. Mas o outro lado ganhou a eleição e nós, como brasileiros, torcemos para dar certo, é óbvio. Vamos continuar trabalhando, é o que sabemos fazer e fazemos bem. Não podemos parar. Tem que pensar adiante, trabalhar e superar as dificuldades que porventura ocorrerem", explica e acrescenta: "A Copercana é uma cooperativa sólida, estável. Temos um perfil um tanto conservador, isso é bom. Temos quase 2000 colaboradores e estamos em franca expansão e a ideia é continuar. O nosso planejamento estratégico é o mesmo que a gente já havia traçado, que é crescer e vamos nessa cadência. O que ocorrer vai ocorrer para todo mundo, mas penso que o país é grande, o povo é bom, trabalhador e acredito muito no povo, no potencial do brasileiro e tomara que o governo aja também nessa direção. Sei que as ideologias são um tanto contrastantes, mas as visões de mundo têm que ser respeitadas. Então torço para que dê certo e torço muito".