Análises apontam para uma pouco provável, mas existente, mudança no mix
O carreador mostra para um mix forte açucareiro em 21/22, mas pode ser que várias coisas aconteçam e que a estrada seja interditada e o caminho ciga pelo etanol
Prever o que vai acontecer no segundo semestres de 2021 em tempos de pandemia, que inunda o Brasil em uma segunda onda e já atinge os europeus numa terceira, é algo muito complexo. Contudo, alguns indícios começam a apontar para possíveis tendência de mudança de rumo na produção sucroenergética da safra 21/22.
Lógico que a temporada vai começar produzindo de forma robusta o açúcar, até porque a demanda está alta e muita usina no Brasil já travou suas vendas no ano passado. Outro ponto é a volta das medidas restritivas, que derruba as vendas do etanol.
Porém na sexta-feira, em seu artigo semanal, Arnaldo Luiz Corrêa (Archer Consulting), escreveu: “Um atento leitor e conhecido executivo do mercado chamou à minha atenção de um fato realmente pertinente, após tomar conhecimento do volume significativo de açúcares fixados para a exportação nessa safra que se inicia. Se 85% do açúcar a ser exportado na safra 21/22 está fixado na média a R$ 1,640 por tonelada FOB, “a suposição de um mix máximo de açúcar pode ser uma falácia”, disse ele. “A curva de preços para o etanol hidratado, esperada por grande parcela dos analistas, está acima desse valor, o que pode fomentar o aparecimento de operações de washout [acordo entre as partes para o rompimento de contrato] ao longo da safra”. CLIQUE AQUI E LEIA O ARTIGO NA ÍNTEGRA
Mas para isso ocorrer é preciso que os motores voltem a funcionar.
Hoje o Rabobank colocou um pouco mais de pólvora nesse barril, apontando para um déficit global de 2,8 milhões de toneladas para a safra mundial (outubro-setembro), mas um superávit de 1,5 milhão no período seguinte. E utilizou como argumento a retomada de produção em players como: Tailândia, Austrália e União Europeia, além de aumento na produção na Índia, China e Paquistão.
Importante ressaltar que para esse cenário se confirmar é preciso combinar primeiro com o clima, culturas concorrentes e os políticos de cada região e o superávit de 1,5 milhão de tonelada é facilmente controlado pelo Brasil, sendo que o montante representa metade do que foi produzido pelo Centro-Sul no primeiro mês da safra que se encerra em março.
Então em resumo, pode até ser que no segundo semestre o etanol passe a estar mais valorizado que o açúcar, mas para isso acontecer a conjuntura precisa ser espetacular, pois as usinas terão que romper os seus contratos em decorrência que a demanda interna pelo biocombustível está enorme pelo fim da pandemia e os preços internacionais do adoçante passaram a cair, pois o mundo inteiro está conseguindo altos números de produção.
Mas cabe o alerta. Se um desses fatores não andar, ou então simplesmente o câmbio achatar um pouco mais o valor do real, o açúcar será o protagonista da temporada.