A minivan e-NV200, primeiro protótipo de veículo movido por eletricidade gerada a partir da combinação de hidrogênio e etanol em todo o mundo, foi uma das principais atrações da 16ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada em outubro, na Capital paulista.
Considerado o principal encontro do setor sucroenergético, o evento reuniu grandes líderes do segmento e teve como tema "O novo mundo à frente", mostrando que, após um longo período de crise, se propõe a repensar o segmento canavieiro, buscando desenvolvimento econômico descentralizado.
Projetado pela Nissan, o carro possui a tecnologia batizada de E-Bio-Fuel-Cell e através de um gerador de potência movido por meio de uma SOFC (Célula de Combustível de Óxido Sólido), utiliza a reação de diversos combustíveis com oxigênio, incluindo etanol e gás natural, para produzir eletricidade altamente eficiente e alimentar o motor.
O protótipo com Célula de Combustível e-Bio é abastecido 100% com etanol para carregar uma bateria de 24kWh que permite uma autonomia de mais de 600 km. A pesquisa e o desenvolvimento desse sistema, onde as emissões de carbono-neutro são limpas, foram anunciados pela Nissan em junho, em Yokohama, no Japão, e o primeiro protótipo com o sistema foi revelado mundialmente no Rio de Janeiro, em agosto, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 – que foi patrocinado pela multinacional.
De acordo com Haruhito Mori, diretor do Laboratório do Sistema de EV da Nissan Nissan Motor Corporation, que participou da conferência, explanando no painel Etanol e o futuro da mobilidade, os testes de campo do veículo estão sendo feitos no Brasil, principalmente pela grande produção de etanol no país. “É de grande importância o desenvolvimento por uma montadora japonesa da célula a combustível movida a etanol, que segundo a montadora resolve o problema de infraestrutura do hidrogênio. O etanol é valorizado pelo elevado teor de hidrogênio em sua molécula.
Isso significa que o Brasil, ao dispor de um sistema de distribuição de etanol já instalado num país de dimensão continental, resolveu o desafio de distribuir hidrogênio de forma econômica e segura”, avaliou o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, ao destacar os benefícios do novo sistema. De acordo com o consultor, a combinação de etanol com a nova tecnologia automotiva, é a resposta definitiva que “mata no ninho” as preocupações ligadas ao combustível, mobilidade e meio ambiente. “Porque ela gera só CO2 e vapor de água e o CO2 que é absorvido pela cana, então não tem material particular, as emissões de outros poluentes, causadores de poluição nas cidades, são praticamente zero. Existem só dois veículos como este no mundo, um está no Japão e este exposto aqui, e é por tudo que eu estou dizendo para vocês que a gente acha que o futuro começou hoje.
É um futuro revolucionário em que vai se valorizar nosso combustível líquido, o etanol em particular, pelo seu conteúdo de hidrogênio e pela sua eficiência energética”, afirmou.
Autoridades marcam presença no evento
"São Paulo é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e álcool", disse o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, enfatizando as iniciativas do Governo paulista em prol do setor sucroenergético, na abertura da conferência. “Retiramos o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do lastro do etanol hidratado e em ação com os Estados de Goiás e Paraná, reabrimos, em janeiro, um trecho da Hidrovia Tietê-Paraná, o que contribui na redução de custos logísticos para o setor.
Ao retomar o crescimento, a demanda do segmento energético no país crescerá e o etanol será um grande caminho para proporcionar energia limpa e renovável.
Por meio da utilização deste combustível, podemos preservar a saúde da população”, disse Alckmin.
O governador ressaltou ainda a relevância do segmento canavieiro para o Brasil. "A energia limpa é uma energia verde e superimportante do ponto de vista social, porque gera muito emprego. Também é importante dos pontos de vista econômico e ambiental, ou seja, preservação da planta e diminuição de emissão de gases do efeito estufa", avaliou, destacando o desenvolvimento de novas cultivares de cana-de-açúcar pelo IAC (Instituto Agronômico) e o sistema de MPB (Mudas Pré-Brotadas), que possibilitam ampliar a produtividade e reduzir os custos para os produtores de cana-de-açúcar.
Depoimento reforçado pelo seu secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim. “Para que a retomada do setor não seja um alívio momentâneo, mas sim algo consistente, é necessário fazer a lição de casa, do ponto de vista do avanço da produtividade agrícola e de buscar uma conjuntura de logística mais afinada para que o etanol seja mais competitivo que a gasolina, aliado a políticas públicas eficientes”, afirmou.
Já o governador de Goiás, Marconi Perillo, parabenizou os produtores de cana-de-açúcar pela resistência ao longo de tantas crises e políticas equivocadas proporcionando mesmo assim, desenvolvimento ao setor sucroenergético. “Assumimos o compromisso em Paris de reduzir nossas emissões em 43% até 2030, mas gastamos US$ 70 bilhões importando combustível fóssil que aquece o planeta e libera enormes quantidades de material particulado”, analisou ele, lançando na ocasião, um desafio.
“Vou propor à Organização Mundial da Saú- de medidas severas em relação àqueles que colaboram com a contaminação do planeta com a emissão de gases tóxicos, taxando ou sobretaxando o uso de combustíveis dessa natureza”, afirmou. A cerimônia de abertura contou ainda com outras autoridades, entre elas, o deputado federal Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar do Setor Sucroalcooleiro e André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético.
ANFAVEA: setor automotivo em queda
"Somente 40% da nossa capacidade instalada está sendo usada devido à crise econômica", afirmou o vice-presidente da ANFAVEA, Henry Joseph Jr., durante sua participação no painel que debatia o etanol e o futuro da mobilidade, e que contou com representante da Nissan e mediação de Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul. Segundo Joseph Jr., o setor automotivo também sentiu a recessão econômica do país.
“Tivemos uma queda significativa nos últimos quatro anos, que ainda não terminou, infelizmente, e nossa expectativa é que devemos ter uma redução de cerca de 19%, ainda este ano em comparação a 2015, ou seja, vamos ter de 2012, que foi o auge da nossa venda no mercado local, até o final de 2016, uma redução em torno de 40 a 45% de vendas, o que significa a perda de metade do mercado”, avaliou. De acordo com o executivo, com o mercado interno parado, o jeito foi apostar nas exportações, que apresentou crescimento, conseguindo assim, uma pequena compensação da perda do mercado local.
“A redução de 40% da nossa capacidade de produção prevista para este ano, é sem dúvida gravíssima, porque tem todo um custo fixo por trás. Investimentos feitos na expectativa do mercado que demandaria os tão esperados cinco milhões de unidades infelizmente não aconteceu, e a nossa situação é bastante ruim”, afirma, concluindo “Isso se traduz em menor capacidade de investimentos e menor capacidade de desenvolvimento das tecnologias”, concluiu
Painéis debateram questões de mercado e estratégia setorial
Durante os dois dias da conferência mais de 60 palestrantes especialistas em diversas áreas participaram de 14 painéis, discutindo assuntos ligados à cadeia canavieira, entre eles, a avaliação da safra 16/17 e perspectivas para o futuro: açúcar, etanol, bioeletricidade e a economia; o ciclo de preços; promoção comercial, inovação no cultivo e futuro da mobilidade. “É preciso refletir sobre a importância de regras claras para a relação de competição entre o etanol e a gasolina”, disse Nastari, oferecendo dados sobre a movimentação dos produtos da cana, como no caso das exportações de açúcar, de janeiro a setembro, somaram 21.569 milhões de toneladas ante 16.256 milhões de toneladas no ano passado. Já no caso do etanol ocorreu uma desaceleração no ritmo das exportações, um aumento de 32, 7%.
"Em setembro foram exportados 61, 10 milhões de litros de etanol contra 295, 69 milhões de litros em setembro de 2015", disse. Paulo Pedrosa, ministro interino de Minas e Energia, na ocasião, afirmou que o Brasil precisa aproveitar sua experiência no segmento de biocombustíveis e avisou que o diálogo e a abertura para receber propostas do setor produtivo da cana já está em curso no ministério. “As demandas desse setor são parecidas com as do setor elétrico.
O investidor quer confiança, previsibilidade, é isso que queremos construir a frente do MME”, disse Pedrosa, que destacou a iniciativa BioBrasil2030 ao discursar na conferência.
Com moderação de Mário Campos Filho, presidente da SIAMG, participaram também deste debate Aurélio César Nogueira Amaral, diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo), e Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do CBIE. “Pelas projeções da ANP em 2030 haverá um déficit de combustíveis para Ciclo Otto de cerca de 410 mil barris/dia de gasolina equivalente.
Já o déficit de todos os combustíveis em 2030, será de 1,1 milhão barris/dia, caso não fizermos nada, por isso o Governo está muito preocupado”, elucidou o representante da ANP. Enquanto Pires alegou que o país vive uma espécie de travessia e que o segmento está diante de uma grande oportunidade. “O que me deixa otimista é que pelo menos agora este Governo quer ouvir o setor, além disso, tem um posicionamento pró-mercado”, disse, destacando a transparência da Petrobras, mas reforçou que em relação à CIDE continua míope.
Coordenado pela presidente da UNICA, Elizabeth Farina, o painel "Açúcar, etanol, bioeletricida e a economia", contou com explanação do ex-ministro Mailson da Nóbrega, do presidente do Grupo Coruripe, Jucelino Souza, e do presidente da Biosev, Rui Chammas. Ao falar sobre as perspectivas da economia brasileira, o ex-ministro disse que depois da devastadora passagem do PT pelo Governo resultando em efeitos desorganizadores em alguns segmentos, como o energético, as conquistas do Brasil foram colocadas de lado, mas muitas oportunidades continuam no país, que já demonstra sinais de recuperação.
“O Brasil tem conquistas muito importantes que não foram abaladas e existem investidores interessados e esperando para fazer negócio aqui”, avisou. O presidente do Grupo Coruripe afirmou que os últimos anos não foram fá- ceis. “Números e gráficos não espelham as dificuldades que no dia a dia vários empresários, executivos, gestores, tiveram que enfrentar”, disse ele, analisando que embora o cenário de preços seja melhor, apenas preços não serão o suficiente para a recuperação do segmento. “Para se usufruir dessa nova realidade é preciso antes de tudo ter produção, e para isso é preciso ter matéria-prima, ter um canavial bem cuidado, é preciso também ter uma indústria em condições de operação, é preciso acima de tudo ter um mínimo de capital de giro.
Sem isso, infelizmente, muitas empresas irão apenas observar a onda passar”, constatou ele, prevendo "Produtividade e eficiência definirão o ganhador deste jogo". O executivo pontuou ainda os desafios a serem enfrentados, citando a PL encaminhada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no dia 4 de outubro, e visa aumentar o ICMS do seu etanol. Na sequência, Chammas, da Biosev, lembrou que Brasil é o único país que exporta açúcar sem qualquer tipo de subsídio. “O setor de açúcar e etanol trouxe ganhos fundamentais para o Brasil até aqui, mas eu vejo um vazio, pois não há nenhuma política de estado que nos permita olhar para a frente e avançar na produção”, avaliou. Investimento também fez parte do debate entre presidentes de associações ligadas à indústria e produtores de cana-de-açúcar, que discutiram o cenário do setor sucroenergético apontando caminhos para a agroindústria canavieira voltar a ter competitividade e a investir.
Outro tema abordado na ocasião foi sobre o mercado de capitais e cré- dito. Tendo como mediador o diretor da DATAGRO, Guilherme Nastari, o palestrante Pedro Mesquita, da XP Investimentos, ressaltou que a desintermediação (se aproximar do cliente sem intermediários) financeira está acontecendo no Brasil e a evolução de governança das empresas do setor é essencial para o agronegócio se beneficiar dessa mudança. Enquanto Guilherme Pessini Carvalho, do Itaú BBA, analisou que a retomada ainda não veio, nem em expansão, nem em aquisição, embora a geração de caixa do setor sucroenergético seja melhor. "O principal uso desse caixa ainda é pagar despesas financeiras e baixar dívidas com o que sobra", disse. Carvalho afirmou ainda que o dinheiro ficou mais caro e as linhas serão mais curtas e/ ou com estrutura mais "pesada" de garantias. "O mercado de capitais passa a ser uma alternativa a se considerar, mas é limitado ainda", concluiu. “O evento foi muito positivo em todos os aspectos.
Nós tivemos recorde de inscrição, com mais de 750 pessoas participantes vindas de 30 países, da produção, das empresas de equipamentos e maquinários, empresas de defensivos, bancos, trades e fundos de investimentos. Houve muito envolvimento do setor público em linha de compreensão com o setor privado e conseguimos fazer essa relação se estreitar ainda mais durante a conferência, que serviu como uma plataforma de relacionamento”, analisou Luiz Felipe Nastari, diretor da DATAGRO, avisando que a 17ª edição da conferência já tem data marcada para os dias 6 e 7 de novembro de 2017, na Capital paulista, ocorrendo em sintonia com Sugar Dinner Brasil
A minivan e-NV200, primeiro protótipo de veículo movido por eletricidade gerada a partir da combinação de hidrogênio e etanol em todo o mundo, foi uma das principais atrações da 16ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada em outubro, na Capital paulista.
Considerado o principal encontro do setor sucroenergético, o evento reuniu grandes líderes do segmento e teve como tema "O novo mundo à frente", mostrando que, após um longo período de crise, se propõe a repensar o segmento canavieiro, buscando desenvolvimento econômico descentralizado.
Projetado pela Nissan, o carro possui a tecnologia batizada de E-Bio-Fuel-Cell e através de um gerador de potência movido por meio de uma SOFC (Célula de Combustível de Óxido Sólido), utiliza a reação de diversos combustíveis com oxigênio, incluindo etanol e gás natural, para produzir eletricidade altamente eficiente e alimentar o motor.
O protótipo com Célula de Combustível e-Bio é abastecido 100% com etanol para carregar uma bateria de 24kWh que permite uma autonomia de mais de 600 km. A pesquisa e o desenvolvimento desse sistema, onde as emissões de carbono-neutro são limpas, foram anunciados pela Nissan em junho, em Yokohama, no Japão, e o primeiro protótipo com o sistema foi revelado mundialmente no Rio de Janeiro, em agosto, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 – que foi patrocinado pela multinacional.
De acordo com Haruhito Mori, diretor do Laboratório do Sistema de EV da Nissan Nissan Motor Corporation, que participou da conferência, explanando no painel Etanol e o futuro da mobilidade, os testes de campo do veículo estão sendo feitos no Brasil, principalmente pela grande produção de etanol no país. “É de grande importância o desenvolvimento por uma montadora japonesa da célula a combustível movida a etanol, que segundo a montadora resolve o problema de infraestrutura do hidrogênio. O etanol é valorizado pelo elevado teor de hidrogênio em sua molécula.
Isso significa que o Brasil, ao dispor de um sistema de distribuição de etanol já instalado num país de dimensão continental, resolveu o desafio de distribuir hidrogênio de forma econômica e segura”, avaliou o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari, ao destacar os benefícios do novo sistema. De acordo com o consultor, a combinação de etanol com a nova tecnologia automotiva, é a resposta definitiva que “mata no ninho” as preocupações ligadas ao combustível, mobilidade e meio ambiente. “Porque ela gera só CO2 e vapor de água e o CO2 que é absorvido pela cana, então não tem material particular, as emissões de outros poluentes, causadores de poluição nas cidades, são praticamente zero. Existem só dois veículos como este no mundo, um está no Japão e este exposto aqui, e é por tudo que eu estou dizendo para vocês que a gente acha que o futuro começou hoje.
É um futuro revolucionário em que vai se valorizar nosso combustível líquido, o etanol em particular, pelo seu conteúdo de hidrogênio e pela sua eficiência energética”, afirmou.
Autoridades marcam presença no evento
"São Paulo é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e álcool", disse o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, enfatizando as iniciativas do Governo paulista em prol do setor sucroenergético, na abertura da conferência. “Retiramos o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do lastro do etanol hidratado e em ação com os Estados de Goiás e Paraná, reabrimos, em janeiro, um trecho da Hidrovia Tietê-Paraná, o que contribui na redução de custos logísticos para o setor.
Ao retomar o crescimento, a demanda do segmento energético no país crescerá e o etanol será um grande caminho para proporcionar energia limpa e renovável.
Por meio da utilização deste combustível, podemos preservar a saúde da população”, disse Alckmin.
O governador ressaltou ainda a relevância do segmento canavieiro para o Brasil. "A energia limpa é uma energia verde e superimportante do ponto de vista social, porque gera muito emprego. Também é importante dos pontos de vista econômico e ambiental, ou seja, preservação da planta e diminuição de emissão de gases do efeito estufa", avaliou, destacando o desenvolvimento de novas cultivares de cana-de-açúcar pelo IAC (Instituto Agronômico) e o sistema de MPB (Mudas Pré-Brotadas), que possibilitam ampliar a produtividade e reduzir os custos para os produtores de cana-de-açúcar.
Depoimento reforçado pelo seu secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim. “Para que a retomada do setor não seja um alívio momentâneo, mas sim algo consistente, é necessário fazer a lição de casa, do ponto de vista do avanço da produtividade agrícola e de buscar uma conjuntura de logística mais afinada para que o etanol seja mais competitivo que a gasolina, aliado a políticas públicas eficientes”, afirmou.
Já o governador de Goiás, Marconi Perillo, parabenizou os produtores de cana-de-açúcar pela resistência ao longo de tantas crises e políticas equivocadas proporcionando mesmo assim, desenvolvimento ao setor sucroenergético. “Assumimos o compromisso em Paris de reduzir nossas emissões em 43% até 2030, mas gastamos US$ 70 bilhões importando combustível fóssil que aquece o planeta e libera enormes quantidades de material particulado”, analisou ele, lançando na ocasião, um desafio.
“Vou propor à Organização Mundial da Saú- de medidas severas em relação àqueles que colaboram com a contaminação do planeta com a emissão de gases tóxicos, taxando ou sobretaxando o uso de combustíveis dessa natureza”, afirmou. A cerimônia de abertura contou ainda com outras autoridades, entre elas, o deputado federal Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar do Setor Sucroalcooleiro e André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético.
ANFAVEA: setor automotivo em queda
"Somente 40% da nossa capacidade instalada está sendo usada devido à crise econômica", afirmou o vice-presidente da ANFAVEA, Henry Joseph Jr., durante sua participação no painel que debatia o etanol e o futuro da mobilidade, e que contou com representante da Nissan e mediação de Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul. Segundo Joseph Jr., o setor automotivo também sentiu a recessão econômica do país.
“Tivemos uma queda significativa nos últimos quatro anos, que ainda não terminou, infelizmente, e nossa expectativa é que devemos ter uma redução de cerca de 19%, ainda este ano em comparação a 2015, ou seja, vamos ter de 2012, que foi o auge da nossa venda no mercado local, até o final de 2016, uma redução em torno de 40 a 45% de vendas, o que significa a perda de metade do mercado”, avaliou. De acordo com o executivo, com o mercado interno parado, o jeito foi apostar nas exportações, que apresentou crescimento, conseguindo assim, uma pequena compensação da perda do mercado local.
“A redução de 40% da nossa capacidade de produção prevista para este ano, é sem dúvida gravíssima, porque tem todo um custo fixo por trás. Investimentos feitos na expectativa do mercado que demandaria os tão esperados cinco milhões de unidades infelizmente não aconteceu, e a nossa situação é bastante ruim”, afirma, concluindo “Isso se traduz em menor capacidade de investimentos e menor capacidade de desenvolvimento das tecnologias”, concluiu
Painéis debateram questões de mercado e estratégia setorial
Durante os dois dias da conferência mais de 60 palestrantes especialistas em diversas áreas participaram de 14 painéis, discutindo assuntos ligados à cadeia canavieira, entre eles, a avaliação da safra 16/17 e perspectivas para o futuro: açúcar, etanol, bioeletricidade e a economia; o ciclo de preços; promoção comercial, inovação no cultivo e futuro da mobilidade. “É preciso refletir sobre a importância de regras claras para a relação de competição entre o etanol e a gasolina”, disse Nastari, oferecendo dados sobre a movimentação dos produtos da cana, como no caso das exportações de açúcar, de janeiro a setembro, somaram 21.569 milhões de toneladas ante 16.256 milhões de toneladas no ano passado. Já no caso do etanol ocorreu uma desaceleração no ritmo das exportações, um aumento de 32, 7%.
"Em setembro foram exportados 61, 10 milhões de litros de etanol contra 295, 69 milhões de litros em setembro de 2015", disse. Paulo Pedrosa, ministro interino de Minas e Energia, na ocasião, afirmou que o Brasil precisa aproveitar sua experiência no segmento de biocombustíveis e avisou que o diálogo e a abertura para receber propostas do setor produtivo da cana já está em curso no ministério. “As demandas desse setor são parecidas com as do setor elétrico.
O investidor quer confiança, previsibilidade, é isso que queremos construir a frente do MME”, disse Pedrosa, que destacou a iniciativa BioBrasil2030 ao discursar na conferência.
Com moderação de Mário Campos Filho, presidente da SIAMG, participaram também deste debate Aurélio César Nogueira Amaral, diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo), e Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do CBIE. “Pelas projeções da ANP em 2030 haverá um déficit de combustíveis para Ciclo Otto de cerca de 410 mil barris/dia de gasolina equivalente.
Já o déficit de todos os combustíveis em 2030, será de 1,1 milhão barris/dia, caso não fizermos nada, por isso o Governo está muito preocupado”, elucidou o representante da ANP. Enquanto Pires alegou que o país vive uma espécie de travessia e que o segmento está diante de uma grande oportunidade. “O que me deixa otimista é que pelo menos agora este Governo quer ouvir o setor, além disso, tem um posicionamento pró-mercado”, disse, destacando a transparência da Petrobras, mas reforçou que em relação à CIDE continua míope.
Coordenado pela presidente da UNICA, Elizabeth Farina, o painel "Açúcar, etanol, bioeletricida e a economia", contou com explanação do ex-ministro Mailson da Nóbrega, do presidente do Grupo Coruripe, Jucelino Souza, e do presidente da Biosev, Rui Chammas. Ao falar sobre as perspectivas da economia brasileira, o ex-ministro disse que depois da devastadora passagem do PT pelo Governo resultando em efeitos desorganizadores em alguns segmentos, como o energético, as conquistas do Brasil foram colocadas de lado, mas muitas oportunidades continuam no país, que já demonstra sinais de recuperação.
“O Brasil tem conquistas muito importantes que não foram abaladas e existem investidores interessados e esperando para fazer negócio aqui”, avisou. O presidente do Grupo Coruripe afirmou que os últimos anos não foram fá- ceis. “Números e gráficos não espelham as dificuldades que no dia a dia vários empresários, executivos, gestores, tiveram que enfrentar”, disse ele, analisando que embora o cenário de preços seja melhor, apenas preços não serão o suficiente para a recuperação do segmento. “Para se usufruir dessa nova realidade é preciso antes de tudo ter produção, e para isso é preciso ter matéria-prima, ter um canavial bem cuidado, é preciso também ter uma indústria em condições de operação, é preciso acima de tudo ter um mínimo de capital de giro.
Sem isso, infelizmente, muitas empresas irão apenas observar a onda passar”, constatou ele, prevendo "Produtividade e eficiência definirão o ganhador deste jogo". O executivo pontuou ainda os desafios a serem enfrentados, citando a PL encaminhada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no dia 4 de outubro, e visa aumentar o ICMS do seu etanol. Na sequência, Chammas, da Biosev, lembrou que Brasil é o único país que exporta açúcar sem qualquer tipo de subsídio. “O setor de açúcar e etanol trouxe ganhos fundamentais para o Brasil até aqui, mas eu vejo um vazio, pois não há nenhuma política de estado que nos permita olhar para a frente e avançar na produção”, avaliou. Investimento também fez parte do debate entre presidentes de associações ligadas à indústria e produtores de cana-de-açúcar, que discutiram o cenário do setor sucroenergético apontando caminhos para a agroindústria canavieira voltar a ter competitividade e a investir.
Outro tema abordado na ocasião foi sobre o mercado de capitais e cré- dito. Tendo como mediador o diretor da DATAGRO, Guilherme Nastari, o palestrante Pedro Mesquita, da XP Investimentos, ressaltou que a desintermediação (se aproximar do cliente sem intermediários) financeira está acontecendo no Brasil e a evolução de governança das empresas do setor é essencial para o agronegócio se beneficiar dessa mudança. Enquanto Guilherme Pessini Carvalho, do Itaú BBA, analisou que a retomada ainda não veio, nem em expansão, nem em aquisição, embora a geração de caixa do setor sucroenergético seja melhor. "O principal uso desse caixa ainda é pagar despesas financeiras e baixar dívidas com o que sobra", disse. Carvalho afirmou ainda que o dinheiro ficou mais caro e as linhas serão mais curtas e/ ou com estrutura mais "pesada" de garantias. "O mercado de capitais passa a ser uma alternativa a se considerar, mas é limitado ainda", concluiu. “O evento foi muito positivo em todos os aspectos.
Nós tivemos recorde de inscrição, com mais de 750 pessoas participantes vindas de 30 países, da produção, das empresas de equipamentos e maquinários, empresas de defensivos, bancos, trades e fundos de investimentos. Houve muito envolvimento do setor público em linha de compreensão com o setor privado e conseguimos fazer essa relação se estreitar ainda mais durante a conferência, que serviu como uma plataforma de relacionamento”, analisou Luiz Felipe Nastari, diretor da DATAGRO, avisando que a 17ª edição da conferência já tem data marcada para os dias 6 e 7 de novembro de 2017, na Capital paulista, ocorrendo em sintonia com Sugar Dinner Brasil.