Utilizar o que tem

04/04/2025 Noticias POR: Marino Guerra

PRODUÇÃO SEM VAIDADE – Técnicos da operação que tem como sede a Fazenda Milho Vermelho em Morro Agudo, Nivaldo Rocha e Lucas de Oliveira, buscam sempre altas produtividades aproveitando o que o ambiente oferece

Lembra daqueles seguidos veranicos do verão passado? Eram dias sem a ameaça de uma mísera chuva de manga e ainda para completar um calor intenso. Para muitos produtores que plantaram soja, esse período dificilmente sairá da memória.

Agora, se chega um peão ao lado de um desses produtores e fala que produziu mais de 90 sacos por hectare, em sequeiro, numa área de reforma de cana, pode ser que dê até briga, tamanha a indignação perante não apenas a suposta mentira, mas o sofrimento do agricultor que levou fumo em sua lavoura.

O incrível é que o fato aconteceu, no município de Morro Agudo, na operação que tem como sede a Fazenda Milho Vermelho, do produtor Eduardo Junqueira Santos Pereira, que contou com o conhecimento do agrônomo da Copercana na região, Augusto Segatto Strini Paixão, e os técnicos da fazenda, Nivaldo Rocha e Lucas Donizeti Pelizari de Oliveira.

E antes de pensar que foi sorte, o resultado veio perante alguns detalhes, um dos principais apontados pelos profissionais é com certeza o histórico de vinhaça e torta de filtro que a área que obteve essa produtividade tem.

Sendo a torta uma grande protagonista, principalmente na tabela de custos, como explicou Nivaldo: “A torta de filtro que colocamos para a soja vai servir para a cana por ter uma baixa liberação, não precisamos fazer adubação do plantio do novo canavial, pois se utilizarmos a nutrição química, teríamos que fazer no plantio da soja e da cana”.

Que completou a lógica do manejo da seguinte maneira: “Na soqueira aplicamos um composto que contém esterco bovino, cama de frango, gesso, dunito e a adubação fosfatada, mas a base é a torta e ainda ela recebe a vinhaça. Pra reforma são 60 toneladas somente da torta, assim conseguimos manter o solo equilibrado com as quantidades de nutrientes necessárias para o plantio da cana, o restante do nitrogênio completamos com a fixação da soja”.

Assim, o trabalho de solo no plantio da soja consiste em jogar a torta, três toneladas de calcário e uma de gesso de maneira fixa e incorporar. Depois do plantio é ainda distribuída mais uma tonelada de calcário na cobertura.

A história se torna mais incrível quando é revelado que era apenas a segunda safra executada pela equipe da fazenda, antes eles arrendavam as áreas de reforma, e que nos 450 hectares plantados, conseguiram uma produtividade média de 80 sacos por hectare.

Contudo não se pode considerar que os grãos da torta são mágicos, há outras condutas que explicam o sucesso, como a escolha da variedade.

“Esse resultado mostra muito o desempenho do uso de uma variedade correta para o ambiente. Antes deles começarem o plantio da soja, em quase toda área era utilizada a M6410. Quando eles assumiram, fizemos um lado a lado com ela, a NEO610 e a HO Iguaçu, isso porque falei para o Nivaldo que havia visto ela e tinha certeza de que ela explodiria na região de Morro Agudo.

Nossa conclusão é que a M6410 e a HO Iguaçu são materiais excelentes, só que elas chegam em 74 sacos por hectare em áreas boas, aqui são áreas que há muitos anos são tratadas com vinhaça e torta, aí a NEO610 entregou 90 sacos, se destacando em solos mais fortes”, disse Augusto.

Com um manejo pés no chão, sem fazer loucuras no consumo de insumos, até porque as lavouras de grãos estão no meio de mais de 2,5 mil hectares de cana, o que já é uma barreira natural que impede a propagação de pragas e doenças, Nivaldo e Lucas apontam para o tempo operacional como o grande desafio dessa época do ano.

“Temos muita cana para cuidar junto com a soja, então às vezes alguma coisa sai do planejamento e temos que trabalhar para encaixar o agronômico junto com o operacional, assim sempre procuramos desenvolver manejos que não exijam, por exemplo, uma quarta entrada na soja pelo estouro de alguma praga ou doença, sendo a solução muitas vezes algo simples, como por exemplo elevar para 200 litros por hectare a vazão na terceira aplicação e com isso fazer com que chegue uma quantidade maior de defensivo no baixeiro, o que pode impedir muita surpresa”, disse Lucas.

Assim, de uma forma segura, mas acompanhando de perto, e aproveitando o que tem, especialmente o conhecimento, é possível ter uma cultura de rotação que lhes dragam retornos agronômicos e financeiros.

TROCA DE IDEIAS – Um dos fatores que levaram a produção de 90 sacos por hectare em áreas de solo forte, porém no rigor climático do ano passado, foram os testes feitos com a NEO610 no ano retrasado, variedade indicada pelos técnicos da Copercana