Você já ouviu falar em zonas de manejo?

23/04/2021 Carla Paixão POR: Edição 177 Abril e Maio 2021

No artigo passado começamos a aprender sobre NDVI, e entender como esta ferramenta pode nos auxiliar como uma estratégia de gestão. Nesta edição vamos conhecer uma ferramenta que também utiliza os mapas de NDVI para o gerenciamento na hora da tomada de decisão. – ZONAS DE MANEJO (ZM)

As zonas de manejo, também conhecidas por Unidades de Gestão Diferenciadas (UGDs), são sub-regiões definidas dentro de uma mesma área, sendo possível enxergar através delas aquelas com maior e menor potencial produtivo do talhão, possibilitando manejos mais assertivos conforme as características de cada uma.

É uma ferramenta importante para maximizar o uso da agricultura de precisão nas propriedades agrícolas, uma vez que a ideia central consiste em agrupar mais de um fator que pode ser usado para compor áreas ou zonas com maior potencial de produtividade, gerando um único mapa, com vários fatores, para tornar as decisões gerenciais com maior probabilidade de acertos, uma vez que quantos mais fatores utilizarmos para composição das ZM melhor será a margem de erro.

Um exemplo de aplicação pode ser quando associamos o uso de imagens de NDVI, mapas de produtividade, condutividade elétrica do solo, textura do solo, dentre outros fatores, no qual a sobreposição destes gera informações detalhadas do nosso talhão, para assim termos mais assertividade no momento de planejar os ciclos das culturas agrícolas.

Por que utilizar zonas de manejo?

A maior vantagem dos métodos que utilizam zonas de manejo em relação aos demais é o fato de serem capazes de agregar dados históricos da área em diferentes camadas e traduzi-los em uma informação relevante à tomada de decisão ou distribuição de coletas de amostras como solo, plantas, raízes, etc.

Imagine que você necessita aplicar fertilizantes em taxa variável e precisa entender as variabilidades da área para gerar recomendações direcionadas. Uma das metodologias pode ser aplicar uma grade regular que coloca um ponto de coleta de solo a cada três hectares, mas essa metodologia não leva em consideração as variabilidades de produtividade, biomassa, relevo e outras características da região, podendo ter menos assertividade e maior custos com coletas se comparado com áreas onde as UGDs já estão bem estabelecidas.

Existe um risco considerável ao utilizar apenas um fator para a elaboração de zonas de manejo e deste planejar todo o ciclo de operações para uma cultura agrícola. Porém, quando se deseja implementar a agricultura de precisão em propriedades agrícolas e não existem mais opções para compor as ZM’s, é recomendado maior cuidado e atenção no momento da prescrição das atividades agrícolas a serem realizadas a campo.

Como principais benefícios das zonas de anejo, tem-se:

  1. Amostragem de solo (relevância e sub-amostras): a amostragem de solo quando realizada após zonas de manejo préestabelecidas torna a amostragem mais simples e econômica de ser feita;
  2. Amostragem de pragas: pragas de solo com baixa mobilidade principalmente, como nematóides e fungos de solo;
  3. Semeadura em taxa variável: entender os ambientes diferentes permite colocar a população de plantas de maneira mais adequada;
  4. Alocação de cultivares: cada cultivar possui diferentes níveis de exigência quanto à fertilidade, disponibilidade hídrica e outras características que podem ser definidas através das UGDs para uma escolha mais assertiva da variedade a se plantar.
  5. Aplicações de fertilizantes em taxa variável: com as zonas de manejo estabelecidas, é possível gerar uma prescrições rápidas e simplificadas de fertilizantes e corretivos na quantidade e locais corretos.


Definição de pontos de coleta para amostragem de solo a partir de zonas pré-estabelecidas

 

Como gerar as zonas de manejo?

Existem diversos softwares de SIG (Sistema de Informação Geográfica) que podem auxiliar na geração destas zonas, como o plugin gratuito Smart-Map para QGis e uma série de plataformas e softwares pagos com foco em agricultura de precisão.

A elaboração, análise e interpretação das zonas de manejos nem sempre são fáceis de serem realizadas e interpretadas pelos profissionais e produtores, e quando existe um número grande de fatores, o nível de dificuldade aumenta ainda mais, pois existe um patamar complexo de informações que se agrupam, para assim, dar uma possível indicação de áreas com maior ou menor potencial produtivo dentro do talhão.

Ao utilizarmos as ZM podemos elaborar cultivo após cultivo à distribuição espacial do comportamento da produtividade no talhão e se fizermos isso ao longo dos anos agrícolas, teremos uma poderosa ferramenta para análise de informações, baseadas em fatores espaciais e temporais e com isso conseguiremos tratar ás áreas como UGD’s ou Unidade de Gestão Diferenciada dentro do talhão que retrataram as áreas com maior e menor potencial de produção para cada talhão dentro da propriedade.

Considerações finais:

As UGD’s são um dos melhores resultados que o ciclo de agricultura de precisão pode entregar as propriedades agrícolas, porque é a forma mais assertiva de se tomar decisões visando entender cada local do talhão, sabendo onde pode ser colocado mais ou menos sementes/metro, onde teremos maior ou menor produtividade, área que necessitam de maior quantidade de adubo, dentre outros.

 O mais interessante é que a partir da ZM, a busca pelos fatores limitantes a produção podem possuir mais sucesso, o que não livra o profissional de ir a campo e fazer o acompanhamento da lavoura. Lembrem- se de nada adianta investir em equipamentos de agricultura de precisão para ter todas as informações dentro de uma propriedade rural ou partes delas, e não utilizá-las da maneira correta. A busca de profissionais capacitados ainda se faz necessário para poder incrementar a produtividade ou trabalhar com uma gestão metro a metro.

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